Aracaju mia por socorro!
Blogs e Colunas | Clarisse de Almeida 30/09/2019 21h32 - Atualizado em 30/09/2019 21h46Diariamente deslizando os dedos pelos aplicativos viciantes, instalados no celular, me deparo com inúmeros “posts” de amantes de animais, incluindo os gatos. Fotos e mais fotos, e relatos de histórias de adoção e amor estão na rede para quem tiver curiosidade, mas eu pergunto: Essas pessoas maravilhosas existem de verdade? Onde podem ser encontradas? Porque aqui em nossa cidade vejo, a cada dia que passa, outro retrato.
Sempre tive cães, os garbosos e leais cães! Fora uma experiência como “gateira” há uns 30 anos, convivi por toda a vida com as mais variadas raças caninas. Adaptada e resolvida. Porém a vida é mesmo cheia de surpresas, e dia desses, eis que dois apartamentos vizinhos à minha casa são ocupados por amantes de gatos, cada qual com dois ou mais bichanos de estimação. Até aí, tudo certo. Mas o que veio a reboque é definitivamente um novo ponto de vista.
Com a chegada dos novos moradores, outros tantos gatos, movidos pelos feromônios, vieram habitar em nossa garagem comum. A princípio rejeitei. Depois dia-a -dia fui me afeiçoando aos “danados”. Cheguei mesmo a adotar um, que hoje dorme tranquilamente ao meu lado.
Mas o final feliz está longe de acontecer.
Nessa garagem, contei hoje onze gatos famintos, entre eles duas fêmeas prenhes. Ninguém os deseja adotar e nem têm eles para onde ir e se abrigar. Dez dias atrás um elegante automóvel, com película escura nos vidros, parou e abrindo-se a porta foi jogado um gatinho siamês na direção de nossos portões. E desde esse dia ele treme e mia numa das cadeiras da varanda à espera de alguém que o salve desse abandono.
E buscando soluções, tenho me deparado com uma triste realidade.
Vivemos uma situação sem precedentes com animais abandonados por toda a cidade. Os poderes municipal e estadual ignoram completamente. Dizem existir uma unidade itinerante de castração, que consta como estacionado no bairro Lamarão tem seis meses. Os órgãos de controle de zoonose nem se interessam. Não parece ser de responsabilidade de ninguém.
Sem esterilização, os inocentes se reproduzem trimestralmente, e a cada dia que passa ocupam as vielas, os terrenos e casas baldios, as praças, os parques, famintos, doentes, tristes, abandonados à própria sorte.
As pessoas de bem continuamente “jogam fora” os filhotes de seus “pets” em algum lugar onde não possam ver. No campus da UFS, já com mais de 300 indivíduos, no Parque da Sementeira com mais de 200, Parque dos Cajueiros, condomínios, bares, clubes, sem contar os espaços das ONGs e dos voluntários que “enxugam gelo” nessa missão que parece não ter fim.
Precisamos urgentemente assumir o protagonismo dessa questão com a conscientização da necessidade de castração, prevista na lei federal 13.426/2017, que trata do controle de natalidade de cães e gatos errantes, e a proibição da venda de filhotes, que parecem ser os únicos meios de estancar essa tragédia.
Esse é um problema que atinge várias cidades no Brasil e no mundo. Várias medidas têm sido tomadas. Aracaju precisa se posicionar.
Até quando vamos fingir que não vemos?
Com a palavra nossos gestores públicos!


Uma inusitada questão é identificada como contribuinte para descumprimento do isolamento social: aquela que fala da paisagem, ou melhor, da falta dela

Seremos presenteados com um nova área de convívio e lazer após isolamento social

A Orla nova precisa de novas atitudes e consciências
Bora esperar o que dificilmente vingará
Vivemos num conto de fadas!

Arquiteta e Urbanista pela FAUSS/RJ, especialista em Tecnologia Educacional pela UERJ e em Paisagismo pela UFLA/MG. Atua com ênfase em Desenho Urbano e Projetos de Edificação e Paisagismo. Leciona no curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIT. Possui trabalhos reconhecidos nacionalmente e tem sido palestrante em variados eventos. É membro da equipe da Ágora Arquitetos.
E-mail: arqclarissedealmeida@gmail.com
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