Acnur cria site com qualificações de refugiados que buscam emprego no país
Brasil e Mundo 23/07/2017 09h29 - Atualizado em 23/07/2017 21h56

O sírio Abdulbaset Jarour, 27 anos, tem experiência em administração de empresas e fala três idiomas: árabe, inglês e português. A moçambicana Lara Lopes, 33 anos, é da área de tecnologia da informação (TI) e fala inglês. Em comum, além da boa qualificação profissional, os dois estão refugiados no Brasil e enfrentam dificuldades para conseguir uma colocação no mercado de trabalho equivalente à formação educacional.

A campanha Talentos Invisíveis, da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e do Programa de Apoio para a Recolocação do Refugiado (Parr), busca dar visibilidade a essas trajetórias para que eles sejam reconhecidos por suas potencialidades e valores ao disputar uma vaga.

Enquanto Abdul, após três anos no Brasil, continua desempregado, Lara – no país desde 2013 – somente conseguiu uma colocação na área de TI há dois meses. “Quando cheguei aqui, eu consegui [trabalhar] como camareira, eu fiquei um ano. Quando você chega, o que quer é trabalhar. Quer se inserir”, apontou a moçambicana, que também já atuou em telemarketing e agora é estagiária de uma empresa de tecnologia. “Voltei para a faculdade há um ano. Aqui [no Brasil] não aceitaram o meu diploma”, acrescentou. O Brasil, em 2016, registrava 9.552 refugiados reconhecidos pelo governo federal.A campanha conta com vídeos, fotos e currículos que reforçam as qualificações de pessoas como Lara e Abdul. No site Talentos Invisíveis [www.talentosinvisiveis.com.br] estão disponíveis os materiais de divulgação e há canais de contato para empregadores. Para ter acesso aos currículos, é necessário ser cadastrado no LinkedIn. Os dez participantes da campanha foram escolhidos por uma curadoria, mas outros cadastros podem ser acessados no programa de recrutamento Parr.

Miguel Pachioni, assistente de informação pública da Acnur, acredita que faltam informações por parte dos contratantes sobre a condição de refugiado, o que resulta na construção de estigmas. “A gente não enxerga apenas uma pessoa que necessita de segurança, proteção, mas também de uma vida digna. Isso faz com que ela tenha que ter ao seu alcance a possibilidade de exercer e de contribuir para a sociedade que passa a integrar”, apontou. Para ele, o trabalho é uma forma digna de reconhecimento da capacidade cultural e intelectual dos refugiados.

Além das dificuldades já conhecidas para se inserir no mercado de trabalho, Abdul traz a marca da guerra no corpo, pois foi atingido por uma bomba quando atuava no Exército, o que deixou sua perna esquerda com sequelas. “Eu tenho a minha experiência, não sou orgulhoso, mas quero trabalhar com a minha cabeça, não com o meu corpo. Estou machucado”, relatou. A falta de emprego, no entanto, não é motivo para que ele fique parado. Atualmente, Abdul coordena voluntariamente, ao lado de outros estrangeiros, a organização não governamental África do Coração, e também dá palestras.

Fonte: Agência Brasil

Foto: reprodução do site Talentos Invisíveis

Mais Notícias de Brasil e Mundo
Anvisa regulamenta importação de remédios e vacinas por estados
11/03/2021  09h33 Anvisa regulamenta importação de remédios e vacinas por estados
Empresas poderão adquirir das farmacêuticas vacinas contra a Covid-19
Marcelo Camargo/Agência Brasil
11/03/2021  09h02 Com aumento de mortes por covid19, estados reforçam restrições
Saiba quais são as medidas adotadas em cada estado brasileiro
Japão lembra hoje 10 anos de terremoto, tsunami e acidente nuclear
11/03/2021  08h59 Japão lembra hoje 10 anos de terremoto, tsunami e acidente nuclear
Tremor de magnitude 9 na escala Richter deixou 18,5 mil mortos
Foto: Agência Brasil/Arquivo
10/03/2021  22h21 Covid-19: Brasil registra 2.286 mortes e 79 mil casos em 24h
Foi novo recorde de mortos, acima do registrado ontem (9), quando houve 1.972
Estudos mostram eficácia da CoronaVac contra três variantes do vírus
10/03/2021  17h08 Estudos mostram eficácia da CoronaVac contra três variantes do vírus
Análises estão sendo feitas pelo Butantan em parceria com a USP