Brasil: mulheres ganham menos que homens, embora sejam a maioria dos diplomados
Brasil e Mundo 11/03/2018 12h35Embora os brasileiros, em sua maior parte, tenham um diploma universitário, eles ainda têm que enfrentar as dificuldades derivadas das desigualdades de gênero no mercado de trabalho, conforme revelado pelo estudo "Estatística gênero: indicadores sociais da mulher no Brasil", publicado esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economista Betina Fresneda, analista de Gestão de Indicadores Sociais do IBGE, explica que os números sobre educação não se refletem necessariamente no mercado de trabalho. Uma vez que as mulheres têm um nível de educação superior ao dos homens, argumentou, não devem cobrar o mesmo salário médio. "Eles devem ganhar mais dinheiro, porque a principal variável do salário é a educação".
Além disso, a taxa de escolaridade no ensino secundário em 2016 também é maior entre as mulheres (73,5%) do que entre os homens (63,2%). A média para brasileiros atingiu 68,2%. Estudos mostram que o ambiente escolar é mais adequado ao tipo de educação dada às meninas, em que a disciplina é recompensada, disse o especialista. "Tem mais a ver com as características na criação de meninas. Outros estudos mostram que, no ensino secundário, por exemplo, os homens são obrigados a reconciliar seus estudos com o trabalho com mais freqüência do que as mulheres. Existem vários fatores associados aos papéis de gênero ".
Em termos de renda, vida pública e tomada de decisão, as mulheres brasileiras ainda estão em um nível inferior ao dos homens, bem como no tempo dedicado ao cuidado de pessoas ou tarefas domésticas. O estudo também confirma a desigualdade entre as mulheres brancas e negras ou mestiças.
Em relação à educação, a pesquisa destacou que as desigualdades entre as mulheres também são muito marcadas. As mulheres brancas obtiveram um diploma universitário duas vezes mais do que negros ou mestiças. "Então, a cor da pele também influencia as chances de uma pessoa terminar o ensino superior ou não", afirmou o economista.
Estruturas econômicas
De acordo com o estudo, o tempo dedicado ao cuidado de pessoas ou tarefas domésticas é maior entre as mulheres (18,1 horas por semana) do que entre os homens (10,5 horas por semana). Em média, os brasileiros dedicam 14,1 horas por semana a esse tipo de trabalho. "De qualquer forma, decidimos dividi-lo - por região, raça ou idade - as mulheres gastam um número considerável de horas mais do que os homens neste tipo de trabalho", disse a pesquisadora do IBGE, Caroline Santos, que acredita que esse indicador é importante porque lança luz no trabalho não remunerado.
Santos disse que, em termos de cor da pele, a história do país é um fator agravante, já que as mulheres negras ou mestiças sempre dedicaram mais tempo ao trabalho não remunerado. De acordo com o estudo, mulheres negras ou mestiças gastam 18,6 horas por semana cuidando de pessoas ou tarefas domésticas, contra 17,7 horas entre mulheres brancas.
Trabalho a tempo parcial
O estudo destaca o duplo dia das mulheres que precisam conciliar as tarefas domésticas com o trabalho remunerado, o que os leva, em alguns casos, a aceitar empregos precários, argumentou Santos.
Para mostrar quão diferente pode ser a quantidade de horas de trabalho para homens e mulheres quando se trata de tempo parcial postos de trabalho, as mulheres têm uma maior percentagem (28,2%) do que homens (14,1%).
Representatividade
O estudo também mostra que as mulheres estão sub-representadas em várias áreas, não só no campo político - como pode ser visto no Congresso e em cargos ministeriais -, mas também em cargos administrativos, funções públicas e privadas e em forças policiais.
O Brasil não se classifica bem entre os países que relataram à União Interparlamentar (UIP) a porcentagem de assentos ocupados por mulheres na Câmara dos Deputados, disse a pesquisadora do IBGE, Luanda Botelho. Em dezembro de 2017, o país ficou em 152º lugar em um grupo de 190 nações, com 10,5% dos assentos, atrás mesmo de países com histórico de violência contra mulheres. No cenário global, Botelho descreveu a situação no Brasil como grave, o pior desempenho entre as nações latino-americanas.
Ele também mencionou que o Brasil tem poucas mulheres nos ministérios. Em 13 de dezembro do ano passado, dos 28 cargos ministeriais, apenas dois foram ocupados por mulheres.
Administração
As mulheres também ficam aquém dos homens em termos de cargos gerenciais, nos setores público e privado: 62,2% dos homens ocuparam cargos gerenciais em 2016, contra 37,8% de mulheres. Na faixa etária entre 16 a 19 anos, as mulheres apresentaram melhor desempenho: 43,4% em comparação com 56,6% dos homens.
A participação das mulheres nas forças policiais do Brasil também é fundamental para medir a representação feminina e também está associada à política nacional de violência contra a mulher. A legislação brasileira prevê que mulheres vítimas de violência sejam atendidas, de preferência, por policiais. No entanto, a sua presença nas forças policiais ainda é escassa. Em 31 de dezembro de 2013, as mulheres representavam 13,4% do pessoal ativo na polícia militar e civil do país, de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas do Estado (Estadic).
A proporção total de mulheres que eram membros da polícia civil em todo o Brasil atingiu 26,4% em dezembro de 2013, contra 9,8% na polícia militar.
O IBGE recolheu dados de três outras pesquisas: Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), Pesquisa Nacional por Amostragem Contínua de Móveis (Pnad Continua) e Pesquisa Nacional em Saúde (PNS), adotando os critérios do Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero ( Cmig), proposto pelas Nações Unidas (ONU). Os indicadores cobrem diferentes períodos, de 2011 a 2016.
Fonte: Agência Brasil


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