O ano de 2010 consta como o mais sangrento no Afeganistão desde o início da guerra no país, em 2001, segundo dados da ONU. Foram 2.777 pessoas mortas no conflito, à razão de mais de sete por dia.

No Brasil, trava-se uma guerra cujas vítimas surgem em proporções muito maiores, nas ruas e estradas em todas as regiões. Nos últimos cinco anos, nada menos que 160 pessoas morreram em média, a cada dia, por acidentes de trânsito, conforme dados da seguradora que administra o DPVAT, o seguro obrigatório. Apenas a sorte impediu que essa estatística funesta se ampliasse barbaramente ontem, no engavetamento a atingir mais de 300 carros no estado de São Paulo.

Ainda conforme a seguradora do DPVAT, a maior parte das ocorrências fatais no Brasil incide sobre os condutores dos veículos, jovens com idade entre 21 e 30 anos. Do total de indenizações pagas em 2010, 61% foram por acidentes com motocicletas. Matéria do F5 News publicada ontem mostra que esse percentual tende a crescer aqui, num futuro breve (leia em Quase quatro mil acidentes nas BRs sergipanas nos últimos 31 meses). 

A legislação brasileira concernente ao trânsito goza de boa avaliação. Mas falta eficácia na fiscalização e, sobretudo, punição exemplar aos infratores. Não é mais possível admitir complacência em relação a motoristas que, sobre quatro ou duas rodas, encarnam verdadeiros homicidas.