Para fundador do Olodum, princesa Isabel não é heroína da abolição
A abolição da escravatura completou 126 anos
Brasil e Mundo 14/05/2014 07h29

O fundador do grupo Olodum, João Jorge Rodrigues, foi o entrevistado dessa terça-feira (13) no programa Espaço Público, da TV Brasil. Em uma de suas respostas, ele rejeitou a ideia de que a princesa Isabel seja heroína da história do Brasil. Segundo ele, a escravidão era prática em declínio à época da abolição. “Não queremos que essa atitude [a assinatura da Lei Áurea] seja vista com aura de santidade. Os verdadeiros heróis negros são Zumbi dos Palmares, Lucas Dantas, Manoel Faustino e todos os personagens negros importantes da época do império”, declarou.

Ao lembrar dos 126 anos da abolição da escravatura, completados ontem (13), Rodrigues reforçou a ideia defendida por movimentos sociais de que a data não deve ser comemorada: “Não é possível manter alguém acorrentado por 20 anos e, de repente, soltá-lo e mandá-lo correr”. Para ele, faltaram dispositivos na Lei Áurea que garantissem mais oportunidades para os negros recém-libertos.

O fundador do Olodum lamentou a demora do país em dar a devida importância à educação pública de qualidade na promoção da igualdade entre todos os brasileiros. “Saímos da escravidão, entramos na república, passamos por Canudos, quando o poder opressor se levantou contra uma minoria. Muitos anos depois, só agora, a educação começou a ser mais discutida como mola do desenvolvimento. Temos de reforçar o ensino público básico de qualidade”, disse Rodrigues.

Defensor da política de cotas raciais tanto nas universidades como no serviço público, ele acredita que mais negros deveriam entrar no ensino superior por esse sistema. Ele, no entanto, defende que as cotas sejam apenas temporárias e pede políticas para garantir a ascensão dos negros à pós-graduação.

“Precisamos garantir a permanência dessas pessoas, ajudá-las a ir a pós-graduação, a degraus maiores dentro do ensino. Temos que aperfeiçoar para que, lá na frente, [a política de cotas] deixe de existir”. Ontem (13), a Mesa Diretora do Senado instituiu cotas de 20% de negros nos próximos concursos da Casa.

Rodrigues também relembrou a trajetória do Olodum, grupo que fundou e que, nos anos 90, ganhou fama no mercado fonográfico com repercussão nacional e internacional. Ele lembrou que o grupo nasceu para cantar a cultura africana. Segundo ele, o Olodum ajudou a formar grupos em torno de comunidades, defendendo seus interesses e combatendo a discriminação. “O Olodum fala contra o racismo, mas se multiplicou em outros grupos do Brasil, que adotaram a ideia de que a comunidade é a força. Assim, esses grupos vão além da música e formam associações mais sólidas”, destacou.

Mais Notícias de Brasil e Mundo
Anvisa regulamenta importação de remédios e vacinas por estados
11/03/2021  09h33 Anvisa regulamenta importação de remédios e vacinas por estados
Empresas poderão adquirir das farmacêuticas vacinas contra a Covid-19
Marcelo Camargo/Agência Brasil
11/03/2021  09h02 Com aumento de mortes por covid19, estados reforçam restrições
Saiba quais são as medidas adotadas em cada estado brasileiro
Japão lembra hoje 10 anos de terremoto, tsunami e acidente nuclear
11/03/2021  08h59 Japão lembra hoje 10 anos de terremoto, tsunami e acidente nuclear
Tremor de magnitude 9 na escala Richter deixou 18,5 mil mortos
Foto: Agência Brasil/Arquivo
10/03/2021  22h21 Covid-19: Brasil registra 2.286 mortes e 79 mil casos em 24h
Foi novo recorde de mortos, acima do registrado ontem (9), quando houve 1.972
Estudos mostram eficácia da CoronaVac contra três variantes do vírus
10/03/2021  17h08 Estudos mostram eficácia da CoronaVac contra três variantes do vírus
Análises estão sendo feitas pelo Butantan em parceria com a USP