Tiroteio em escola de Goiânia (GO) reacende alerta sobre bullying
Especialistas apontam que casos são comuns, mas podem terminar negligenciados
Brasil e Mundo 21/10/2017 15h00

Por F5 News

Filho de policiais militares, o adolescente de 14 anos acusado de matar dois estudantes sofria bullying, segundo um colega da escola particular onde o tiroteio aconteceu, em Goiânia (GO).

 "Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento pois não usava desodorante”, contou o jovem ao G1.

A morte trágica dos dois estudantes justamente na sexta-feira (20), Dia Mundial de Combate ao Bullying, desencadeia uma discussão sobre a melhor forma de proteger jovens e, ao mesmo tempo, ensiná-los a respeitar uns aos outros.

O delegado Luís Gonzaga, da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais da Polícia Civil de Goiás, afirmou que o menor disse ter se inspirado nos casos da escola de Columbine (ocorrido em 1999, nos Estados Unidos), e de Realengo (em 2011, no Rio de Janeiro).

No depoimento, o estudante narrou que tinha intenção de matar apenas o colega autor do bullying contra ele, mas no momento do ataque, sentiu vontade de fazer mais vítimas.

Exclusão

No Brasil, aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas. São adolescentes que sofrem agressões físicas ou psicológicas, que são alvo de piadas e boatos maldosos, excluídos propositalmente pelos colegas, que não são chamados para festas ou reuniões. O dado faz parte do terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado no primeiro semestre deste ano.

Segundo especialistas, ações violentas como a do adolescente goiano expõem a fragilidade do combate ao bullying nas escolas. "A maioria das escolas, tanto públicas como privadas, ainda tem um ambiente hostil e violento. Em geral, elas acreditam que os casos podem ser resolvidos apenas com conversas pontuais ou continuam na negação do problema", diz Ana Paula Lazzareschi, advogada especialista no tema.

Para a psicóloga Luciana Lapa, atitudes violentas podem ser resultado de vários fatores, dentre eles a falta de ajuda. “Nunca se sabe qual é a personalidade da vítima, sua situação familiar e se há problemas psiquiátricos", afirma a pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem) das Universidades Estaduais de Campinas (Unicamp) e Paulista (Unesp).

É preciso enfrentar todo dia

Desde fevereiro do ano passado, uma lei federal estabelece como responsabilidade das escolas a promoção de medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate ao bullying.

"Ele (bullying) ocorre no parque, nas imediações da escola, no recreio. Em sala de aula, vai acontecer quando o professor está de costas ou dando atendimento individual a algum aluno. Por isso, é preciso um olhar atento às pistas que os alunos dão", diz a psicóloga.

Dados do relatório Pisa mostram que 17,5% dos alunos brasileiros na faixa dos 15 anos sofreram algum tipo de bullying “pelo menos algumas vezes no mês”.

A coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alexandrina Meleiro, destaca que estudos mostram que casos de ansiedade e depressão podem estar relacionados ao bullying. “Ele vai massacrando a autoestima e isso favorece desenvolver alguns quadros, entre eles de ansiedade e principalmente de depressão”.

Trabalhar a autonomia e o protagonismo das crianças e adolescentes, promover momentos coletivos, atividades físicas e rodas de discussão, músicas e textos, são alternativas de prevenção.

O professor da Universidade Federal de Pernambuco, Hugo Monteiro Ferreira, adota a meditação como alternativa para reduzir o problema. “O bullying é um conflito violento sem diálogo. Se trabalharmos um, exterminamos o outro”, conclui.

 

*Com Agência Brasil, Agência Estado e Diário de Pernambuco
Foto: reprodução TV Anhanguera

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