Crise
Cerca de 40% dos bares poderão fechar definitivamente em Aracaju, diz Abrasel
Governo estuda medidas para amenizar perdas dos setores afetados pela pandemia
Economia | Por Laís de Melo e Will Rodriguez 05/03/2021 18h05 - Atualizado em 06/03/2021 10h44

Bares e restaurantes encerraram o expediente mais cedo, nesta sexta-feira (5), por conta do decreto governamental com restrições do funcionamento de atividades não essenciais para conter o avanço da covid-19 em Sergipe. 

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Sergipe (Abrasel/SE) emitiu nota na qual diz lamentar a decisão pelo fechamento. Segundo o presidente da entidade, Bruno Dórea, a estimativa é de que aproximadamente 40% dos bares e restaurantes em Aracaju poderão fechar as portas definitivamente com este novo momento de restrição, e cerca de 30% dos trabalhadores do setor poderão ser demitidos. 

“Lamentamos muito essa medida, porque ela se torna uma transferência de responsabilidade para o setor. Não adianta direcionar medidas para somente um setor, porque os bares e restaurantes ficarão fechados, porém as pessoas continuarão se aglomerando. Ou seja, a medida não irá resolver a situação”, analisa o presidente da Abrasel. 

Ainda segundo Dórea, os finais de semana - período em que os estabelecimentos deverão permanecer fechados -, representam 70% do faturamento de muitos deles e os prejuízos serão grandes para o setor. “As demissões serão inevitáveis porque a conta não fecha”, acrescenta. 

O empresário José Hamilton de Santana, dono de um restaurante/bar na Passarela do Caranguejos, também lamentou a decisão. Ele conta que a casa emprega cerca de 80 funcionários, e que o seu estabelecimento, com foco principal no turista, tem maior fluxo de clientes a partir das 21h e nos finais de semana, justamente os períodos em que precisa fechar as portas. Para ele, seria melhor se o governo tivesse decretado lockdown, pois assim conseguiria economizar em alguns quesitos, como água e energia. 

“O mês de março está só começando, o final de semana define a maior parte do faturamento da casa, e ainda mais teremos que fechar às 18h. Estávamos voltando de uma crise violenta do ano passado, e pega uma dessa que deixa qualquer um tonto, sem ter como raciocinar. Nós estamos pagando uma conta que nós não compramos. Como vou pagar a folha de pagamento deste mês?”, questiona o empreendedor. 

Segundo Hamilton, ele já estava conseguindo retomar o ritmo de clientela, conseguindo pagar aos funcionários e se ajustado com fornecedores. “Já estava com 70% de organização, mas agora complicou de vez. Até porque da outra vez foi tudo em março, mas tivemos uma medida do governo federal a partir de abril. Agora não temos nada. Vai ser metade do mês perdido”, lamenta.

Eventos 

O supervisor de administração financeiro aracajuano Tarciso Barbosa, de 28 anos, precisou adiar o casamento com a paulista Ana Claudia, que estava marcado para este sábado (06). Esta é a segunda vez que o grande dia dos jovens é adiado em função da pandemia de covid-19.

Com o novo decreto do governo de Sergipe, que volta a suspender a realização de eventos e proíbe o funcionamento de bares, restaurantes, shoppings centers e demais estabelecimentos similares de serviço não essencial pelos próximos dois finais de semana, o sonho de Tarciso e Ana Claudia foi suspenso, e segue agora sem nova data prevista. 

Os impactos desse cancelamento superam o intervalo de um sonho, pela possibilidade de gerar prejuízos financeiros. Segundo o noivo, desde que foram anunciadas as novas medidas restritivas para Sergipe, a equipe de cerimonial contratada passou a entrar em contato com todos os fornecedores a fim de diminuir os gastos.

"Provavelmente, na próxima semana, quando passar essa fase, iremos fazer uma reunião para rever questões contratuais e se teremos de fato algum prejuízo financeiro. Mas, com certeza, nós e os fornecedores não somos os únicos prejudicados. Temos familiares e amigos que se prepararam para o evento, viriam de outra cidade, e tiveram que cancelar voos e hotel”, conta o rapaz. 

Tarciso acredita que o casamento não poderá mais ser realizado neste semestre, mas espera que possa acontecer ainda este ano, no mais tardar, no início do próximo. 

Governo

Em entrevista à Fan FM nesta sexta, o governador Belivaldo Chagas disse que a equipe econômica está debruçada na análise de alternativas para atenuar o impacto financeiro nos setores mais afetados pela pandemia através da isenção de impostos. "Não é fácil, porque o governante não pode, simplesmente, abrir mão de receita, a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite", afirmou. 

O Governo de Sergipe anunciou nesta quinta-feira (4) as novas medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19. Segundo informado pelo governador Belivaldo Chagas em entrevista coletiva após reunião do Comitê Técnico Científico, seria "irresponsabilidade não tomar nenhuma atitude" diante do aumento no número de casos.

Foram analisados dados referentes aos últimos oito dias, e constatado aumento de 46% no número de casos confirmados de covid-19. Ainda segundo o governador, foram registradas 452 internações por coronavírus na quarta-feira (3), com a rede privada entrando em colapso, e a rede pública com ocupação de 60%.

 

 

Edição de texto: Will Rodriguez
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