Com academia fechada há quase cinco meses, empresária teme o pior
Dona de espaço em Aracaju investiu antes da pandemia e não tem como quitar dívidas Economia | Por Aline Aragão 29/07/2020 18h45"Essa e uma mensagem de desespero, tenho uma academia há seis anos e estou vendo a hora de fechar, de baixar as portas em cinco meses". O relato é da proprietária Gidelma Oliveira, que já não sabe o que fazer para manter o patrimônio, construído com tanto esforço. O desabafo dela ecoa nos diversos segmentos da economia sergipana, estagnada há quase cinco meses, em obediência aos vários decretos governamentais fundamentados nos números da pandemia do novo coronavírus.
A empreendedora é dona de uma academia localizada no bairro Siqueira Campos, Zona Oeste de Aracaju, e diz que já não tem como bancar o aluguel no valor de R$ 2.250 - já com desconto de 50% -, e honrar todos os compromissos entre pagamento de funcionários, impostos e dídvidas referentes aos últimos investimentos no negócio, feitos antes da pandemia.
"Compramos climatizador, trocamos aparelhos de ar-condicionado, catracas. Temos uma loja dentro da academia, vendemos suplementos e malhas. Tínhamos feito uma compra de mais de R$ 5 mil de malhas de uma marca conhecida e logo em seguida tivemos que fechar a academia. Naquele momento, estava com cerca de nove boletos para pagar, alguns já estão com protesto em cartório", explica.
Gidelma diz que precisou pegar dinheiro emprestado com a irmã, para quitar parte das dívidas, e não deixar o nome da academia com restrições, já que espera a aprovação de um empréstimo junto ao Governo Federal. "Já estamos no final de julho e não consegui nada, isso tudo tá me deixando cheia de revolta", desabafa.
Antes da pandemia, o estabelecimento tinha uma média de 400 alunos, e dez funcionários com carteira assinada, além de três estagiários, cinco professores de ginástica e um fisioterapeuta, ao todo são 19 pessoas que dependem do estabelecimento.
Dados do Cadastro Geral de empregados e desempregados (Ceged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam que no mês de junho Sergipe perdeu 684 empregos formais. De janeiro até agora o saldo negativo é de 14.227 postos de trabalho.
"Esse é um momento único, eu sei, a gente nunca imaginou passar por isso. Estamos vivendo um caos e precisamos retomar nossas atividades, a gente precisa voltar a trabalhar, são seis anos de empresa e eu tô vendo a hora de fechar, de baixar as portas", afirma Gidelma Oliveira.
Ela diz ainda que, assim como outros colegas donos de academias, já tem um protocolo pronto para reabrir o estabelecimento, com observação a todas as medidas sanitárias e de prevenção ao contágio da covid-19.
"A gente sabe que a doença existe e que vai permanecer por muito tempo, mas a gente tem que reabrir, tomando as medidas, com agendamento, distanciamento e reforçando os cuidados com a higiene. Mesmo sem condições, estou me preparando, já temos termômetro para aferir temperatura corporal, álcool em gel e com máscaras para os funcionários", disse.
Plano de retomada da economia
No plano de retomada da economia apresentado pelo governo do Estado, a reabertura das academias estava prevista para a última fase (verde), mas uma decisão da Justiça suspendeu o avanço do plano para a primeira fase (laranja) permanecendo na fase atual (vermelha).
Na tarde desta quarta-feira (29), o governador Belivaldo Chagas se reuniu com o Comitê Gestor de Emergência, no Palácio dos Despachos. O Comitê, formado por cientistas e profissionais da SES, apresenta o panorama da Covid-19 em Sergipe ao governador, mostrando os números da pandemia e o comportamento da curva atualmente. Na quinta (30), o chefe do executivo estadual vai participar de outra reunião, dessa vez com com o Comitê de Retomada da Economia (Cogere), que inclui membros do setor produtivo, para definir as regras do novo Plano de Retomada da Economia de Sergipe.





