Sergipe
"Nenhum funcionário está sendo demitido", diz Petrobras sobre Tecarmo
Empresa alega que desativação cumpre política de desinvestimento em águas rasas
Economia | Por Fernanda Araujo 19/08/2020 07h00 - Atualizado em 19/08/2020 08h09

As atividades da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Terminal Aquaviário de Aracaju (Tecarmo), situado na Zona de Expansão de Aracaju, foram desativadas na última quarta-feira (12) pela Petrobras dando continuidade ao processo de hibernação iniciado pela estatal em outros ativos. A medida faz parte do que chamam de gestão de portfólio, com desinvestimento em águas rasas e campos terrestres feita pela Petrobras, se concentrando nas atividades em águas profundas e ultraprofundas.

A UFGN, fundada em 1981 e que entrou em atividade em 1982, há 38 anos, é responsável por processar o gás offshore produzido em campos de águas rasas. A unidade fica anexa ao Tecarmo chamado de Polo Atalaia, inaugurado em 1967, que engloba série de funções como o armazenamento e embarque do petróleo produzido em Sergipe e Alagoas, processamento de petróleo de campos terrestres, processamento de gás natural das plataformas de águas rasas e apoio logístico. Com capacidade total de processamento de 3 milhões de m³ por dia, atualmente, a Unidade estava produzindo 450 mil m³ de gás/dia. 

O processo de hibernação da unidade começou em março e foi concluído na semana passada, sendo realizado o processo de despressurização e desligados os queimadores, apagando as chamas. A desativação foi alvo de críticas por parte de petroleiros em Sergipe, que apontaram a possível perda de empregos indiretos, de royalties do petróleo para o Estado e prejuízos para a indústria local e para o comércio.

Em entrevista ao F5 News, o diretor executivo de Relacionamento Institucional, Roberto Ardenghy, afirma que a desativação anunciada há alguns meses da unidade, que estava conectada às plataformas em águas rasas que também estão sendo hibernadas, está relacionada à baixa produção dessas plataformas e do custo alto de operação. No entanto, o Polo em si não deve parar as atividades. Segundo o diretor, o Tecarmo é importante ainda para a Petrobras para abastecer a região de produtos gerados nas refinarias e para permitir o escoamento da produção.

Segundo a Petrobras, ainda não há tratativas com empresas privadas para o arrendamento da unidade. "Quem sabe a gente consegue eventualmente um operador que se interesse nessas oportunidades em águas rasas e, dentro desse contexto, a gente pode também arrendar as instalações ligadas ao processamento de gás natural. Sergipe tem um papel importantíssimo na produção de petróleo e gás do Brasil e queremos que continue assim, só que estamos ajustando nosso portfólio para projetos de maior envergadura e abrindo oportunidade para empresas independentes e de menor porte", afirma Roberto Ardenghy.

Questionado se a paralisação encerra o plano de desinvestimento da Petrobras no estado, o diretor informou que as avaliações dos projetos em todo o Brasil são sempre feitas pela estatal dentro do contexto de rentabilidade e do preço do petróleo no mercado internacional. 

"É uma obrigação de qualquer empresa, especialmente empresa de petróleo, verificar a lucratividade de qualquer projeto. O petróleo é uma commoditie internacional, ele tanto pode ser produzido internamente quanto trazido de fora do Brasil através de importação. O preço do barril de petróleo condiciona a rentabilidade dos projetos, quando você tem o preço de petróleo muito baixo, a rentabilidade do projeto cai e você tem que fazer análise dessa maneira. No início da pandemia, o petróleo caiu de US$ 60 (dólares) para cerca de US$ 13 e 16 o barril, então deu um choque muito grande nas empresas, todas tiveram que se rearrumar em termos de projetos, agora o petróleo já se recuperou, está na faixa de 40, 45 dólares, essa é a realidade no mundo", disse.

Segundo Roberto Ardenghy, nenhum funcionário da Petrobras está sendo demitido, mas neste processo está sendo oferecida a possibilidade deles se deslocarem para outra área operacional da empresa. "Isso é muito importante porque outras empresas do mundo já fizeram grandes demissões, nós da Petrobras tomamos a decisão de manter a nossa força de trabalho, mas claro que eventualmente tendo que realocar pessoas entre polos operacionais", afirma.

Investimentos no estado

O diretor cita o projeto "Sergipe águas profundas", em que houve a descoberta nos últimos anos de gás natural em águas profundas da Bacia de Sergipe, a Farfan, confirmada juntamente com outras cinco como Cumbe, Barra, Muriú, Moita Bonita e Poço Verde. Em nota, ano passado, a Petrobras afirmou que o Plano de Negócios e Gestão 2019-2023 contempla o orçamento para a instalação de um sistema de produção, em fase de estudos. 

"Estamos otimistas que a gente possa produzir ainda muito petróleo no estado. O estado é um tradicional produtor de petróleo e gás, desde os anos 60 tem nos dado grandes alegrias para a empresa e para o Brasil. Quero lembrar que Guaricema, que é o primeiro projeto da Petrobras em ambiente marítimo, começou em Sergipe em 1968, depois tivemos Carmópolis, importantíssima zona de produção nos anos 60", disse Ardenghy.
 

Edição de texto: Monica Pintosh
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