Costureiras se mobilizam na produção de máscaras caseiras em Sergipe
O trabalho tem servido como alternativa de renda e também para doações
Economia | Por Fernanda Araujo 09/04/2020 10h03 - Atualizado em 09/04/2020 10h55

O Ministério da Saúde aprovou o uso de máscaras caseiras como auxílio na prevenção à Covid-19. Isso tem mobilizado costureiras de todo o país que vêm trabalhando na produção desses itens, seja como alternativa de renda ou como forma de ajudar solidariamente quem mais precisa de proteção. 

Encarando a crise como uma oportunidade, sergipanas também têm usado o talento na costura para produzir as máscaras caseiras. Algumas já vêm até com variedade de estampas e custam em média R$ 5. Uma delas é a Ivanete Souza Rios, de Aracaju, que está no ramo da costura há cinco anos, fazendo roupas, sacolas, bolsas, panos de prato, entre outros produtos e agora obtem uma renda extra. 

Quando começou a produzir as máscaras caseiras, feitas de tecido de algodão, há cerca de dez dias, a primeira motivação, segundo ela, foi a vontade de ajudar ao próximo. Em seguida, veio a possibilidade de aumentar sua renda. Com grande procura, ela segue produzindo para vender e também doar. "Dois amigos se disponibilizaram a ajudar com tecidos para a doação. Estou fazendo também e vamos doar para um asilo de idosos em Aracaju", conta ela, observando uma transformação em sua rotina, que não era de costurar todos os dias. 

"O trabalho leva tempo e dedicação. Precisa cortar, costurar, passar a ferro, arrumar. Às vezes fico até 2h da manhã, mas estou fazendo com amor e o cansaço fica de lado e passa. É um novo aprendizado, não sabia fazer as máscaras, peguei uma cirúrgica, fiz o molde e comecei a produzir. Como é um momento que você tem que fazer rápido, em virtude da procura e do tempo, levo a maior parte desses dias de isolamento social cortando e costurando as máscaras", conta Ivanete.

Com uma procura constante, a costureira chega a produzir cerca de 30 máscaras por dia, no valor de R$ 5. "Não anuncio em redes sociais, mas sempre aparece alguém com indicação. As pessoas gostam do trabalho das máscaras e vão indicando. Algumas pessoas divulgaram nas suas redes sociais e grupos de WhatsApp, mas a maioria é por indicação", diz Ivanete, cujo contato é pelo telefone/whatsapp (79) 9 8838-3900.

A costureira Ariceni Silva, da cidade de São Cristóvão, que trabalha com alta costura, moda casual e praia, também viu a possibilidade de produzir as máscaras, junto com a mãe, tanto pela necessidade da população, quanto como uma forma de melhorar a renda, abalada com a crise. Normalmente em uma rotina que era corrida, diante da pandemia, a procura pelos serviços havia parado, mas retomou com força para a produção de máscaras caseiras. Após ter conhecimento sobre as máscaras de tecido, Ariceni começou o trabalho e, com a indicação do Ministério da Saúde sobre o uso delas, a procura aumentou. 

"Comecei a fazer e achei de postar uma foto, de lá pra cá está uma correria. Acordando cedo, só parando para as refeições, dormindo meia noite, 1h da manhã, para dar conta. Eu sei que é uma época ruim, a gente quer a nossa rotina normal, mas foi bom porque começou a entrar dinheiro e a gente começa a ver uma esperança. Sei que muitos podem julgar e dizer que é se aproveitar numa hora dessa, mas não estamos sendo desonestos, nem esperando pelo Governo. É boa essa ajuda do Governo, mas o melhor é que não precisasse e estivesse tudo normal", relata ela, acrescentando ainda que está ajudando a outras pessoas que tiveram o trabalho suspenso a fazer renda com a venda de suas máscaras. 

No entanto, com a alta demanda, já estão ocorrendo algumas dificuldades, segundo a costureira. Em algumas lojas de tecidos e armarinhos no estado, que passaram a vender seus produtos por meio de telefone e através das redes socias, já se verifica falta de alguns materiais. "Tecido a gente precisa ver, tocar no material, está um pouquinho complicado, algumas lojas não conseguem mandar tudo pelo WhatsApp. As lojas não estavam preparadas para essa demanda grande. Conseguimos comprar resumidamente, não sei até quando vai ter o material porque o pessoal está começando a dizer nas lojas que já tem pouco; o elástico mais indicado e tecido branco, por exemplo, já estão em falta em algumas lojas", conta Ariceni.

A produção das máscaras, que está em uma média de 120 por dia no valor de R$ 5 a de tecido e de R$ 3 de TNT, também estará a serviço da solidariedade. "Vou fazer também para doações. No meu caso vai ser doação do trabalho, uma igreja que está fazendo para doação vai me dar o material e eu entro com a mão de obra. A gente começa a se empolgar criando a combinação de estampas, do forro, de ser dupla face, e também ocupa nossa mente diante de notícias ruins", afirma ela, que divulga o trabalho nas suas redes sociais - confira no instagram @aricenisilvaaltacostura.

Edição de texto: Monica Pintosh
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