Crise estica prazo de prestações para até 72 meses
Lojas e bancos tentam “encaixar” a prestação na renda do brasileiro
Economia 26/03/2016 18h41

Da Redação

Com a queda nas vendas do comércio, os prazos médios de financiamento para comprar veículos e outros bens duráveis voltaram a ser alongados em fevereiro, retomando os níveis de um ano atrás. Ao esticar prazos, lojas, bancos e financeiras tentam driblar a crise e "encaixar" a prestação na renda do brasileiro, que anda cada vez mais ameaçada pelo aumento da inflação e do desemprego.

 Depois de quase 12 meses estacionado, o aumento de prazo de pagamento apareceu pela primeira vez nos resultados na pesquisa de fevereiro sobre as condições de crédito, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac). O prazo médio para compra de veículos, que ficou na faixa 36 meses ou três anos entre março do ano passado e janeiro deste ano, subiu para 40 vezes no mês passado.

Movimento semelhante ocorreu nos prazos para a venda de outros bens como móveis e eletroeletrônicos. O prazo médio para compra desses itens, que girou em torno de nove meses no último ano, foi esticado para 12 em fevereiro deste ano, o mesmo patamar de fevereiro de 2015.

"Com a crise, num primeiro momento, os bancos colocaram o pé no freio nos prazos. Agora, com a queda nas vendas, eles voltaram a esticar", diz o diretor da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. A estratégia é para tornar a prestação mais "acessível" ao bolso do consumidor, estimulando o ambiente de negócio para enfrentar a queda nas vendas, segundo o especialista.

Em 12 meses até janeiro, o último dado disponível, o volume de vendas do comércio varejista ampliado - que inclui veículos e materiais de construção - caiu 5,2%, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessa base de comparação, as maiores retrações ocorreram em itens de maior valor, que normalmente são financiados: veículos (-18%) e móveis e eletrodomésticos (-15,9%).

A montadora japonesa Nissan, por exemplo, intensificou recentemente o anúncio do plano em até 72 vezes ou seis anos, com entrada de 30% do valor do veículo. Segundo a montadora, por causa da crise, está se buscando cada vez mais condições para tornar a prestação mais acessível.

Estratégia semelhante vem sendo usada pela Via Varejo, que administra as principais redes varejistas de móveis e eletrodomésticos do País: a Casas Bahia e o Ponto Frio. De acordo com a empresa, o foco da companhia tem sido planos e serviços que ofereçam prestações menores e que caibam no bolso dos clientes. A intenção é manter o poder de compra do consumidor.

Por conta disso, a Casas Bahia esticou o prazo de pagamento para 14 vezes, sem acréscimo no cartão de crédito. Alguns meses atrás esse prazo máximo era de dez meses. Na bandeira Ponto Frio, há promoções relâmpago com foco no prazo.  

Risco

Esse movimento de flexibilizar as condições de pagamento para impulsionar as vendas pode reduzir o valor desembolsado pela prestação, apesar de aumentar o risco para quem vende o produto. No entanto, bancos, lojas e financeiras estão resguardados, porque segundo, Ribeiro de Oliveira, analista da Anefac, as taxas de juros aumentaram nos últimos meses para cobrir as possíveis perdas provocadas pelo aumento da inadimplência.

Por exemplo, se você comprar um carro popular por R$ 30 mil, com taxa de 2,32% ao mês, e parcelar em 36 meses, terá uma prestação de R$ 1.234,43. Mas se pagar em 40 meses, a parcela cai para R$ 1.159, 14. No entanto, é bom ficar atento, na segunda opção o valor total pago pelo veículo sobe 4,33%, enquanto na segunda opção a prestação fica 6,10% mais barata.

*Com informações da Agência Estado

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