Estudo da UFS avalia impactos da pandemia na economia em maio e junho
Análise apontou redução de empregos, de receita e no valor de auxílio para Sergipe Economia | Por F5 News* 09/11/2020 15h45Um estudo do Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional (Leader) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) avaliou os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia sergipana nos meses de maio e junho. Conforme a análise, houve saldo negativo de empregos formais, queda de receitas da venda de bens e serviços, como também redução do envio de recursos para o pagamento de auxílio emergencial para o estado.
A nova simulação dos impactos da pandemia foi realizada no âmbito do projeto EpiSergipe e é baseada no pagamento do auxílio emergencial, manutenção dos serviços essenciais, retirada de trabalhadores informais, queda do emprego formal observada no estado, e média do índice de isolamento social. O projeto é fruto de uma parceria de um ano com o Governo de Sergipe - investimento de R$ 4.16 milhões - que visa acompanhar o grau de contaminação, os impactos sociais em populações vulneráveis e estimar os impactos socioeconômicos do coronavírus no estado.
Com base no levantamento de dados do emprego formal através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os pesquisadores observaram que maio e junho continuam com saldo negativo de empregos formais, ou seja, o número de admissões foi inferior ao de desligamentos. Em maio, houve 2.564 admissões e 5.974 desligamentos, o que resultou num saldo de (-3.410). Em junho, por sua vez, houve 3.910 admissões e 4.594 desligamentos (-684) em Sergipe. Confira o estudo.
Diante dos dados, porém, houve uma melhora na comparação dos saldos entre os dois meses, segundo apontou o coordenador do Leader, professor Luiz Carlos de Santana Ribeiro. “Embora ainda o saldo seja negativo, ele é bem menor do que o saldo do mês de maio. E, quando a gente vai olhar os dados em termos de setores, a gente observa que os setores de agropecuária e indústria são os únicos que já apresentaram saldo positivo para o mês de junho”, complementa.Considerando esses fatores, o estudo também observou os custos para o Estado. A análise estima um custo de cerca de R$ 413,7 milhões em maio, o que representaria 1,57% do Produto Interno Bruto (PIB) de Sergipe. Já, em junho, o custo é levemente superior ao mês anterior: R$ 419,1 milhões, ou seja, 1,59% do PIB. Além disso, no período também houve queda de 1,79% no valor total do auxílio emergencial encaminhado a Sergipe. Dados do Ministério da Cidadania revelam que, nos meses de maio e junho, o repasse do benefício para o estado foi, respectivamente, da ordem de R$ 603,1 milhões e R$ 592,3 milhões.
O índice de isolamento social de junho também foi inferior ao do mês de maio, em termos gerais. Na média, o índice foi de 38,8% e 41,9%, respectivamente. "Isso é um reflexo do avanço das medidas de flexibilização das atividades econômicas conduzidas pelo governo do Estado", diz o estudo, o qual aponta que “ainda que a média do índice de isolamento social tenha sido menor em junho, a queda no valor do auxílio pode explicar, em parte, o fato de o impacto no mês de junho (-1,59%) ser levemente superior ao do mês anterior (-1,57%)” e que o resultado acompanha a dinâmica de queda na arrecadação do ICMS: -27% em maio e -15% em junho.
A dimensão desses impactos em relação ao mês de maio representa quase o dobro da arrecadação (1,96) do ICMS e para o mês de junho, 1,7 vezes do valor arrecadado do imposto. Outra forma de avaliar, segundo a análise, é observar a queda das receitas oriundas das notas fiscais eletrônicas (NF-e) a partir da comparação entre os meses de maio e junho de 2019 e 2020. Com base nisso, foi possível observar que, em maio, a redução foi de R$ 157 milhões e, em junho, R$ 57,8 milhões.
“É interessante observar que tais reduções de receitas da venda de bens e serviços em Sergipe estão bem abaixo do valor do impacto estimado neste Boletim. Isso pode ser explicado principalmente por causa das relações indiretas de comércio, as quais não são captadas pelos dados das NFe”, aponta a análise do Leader.
Além disso, não houve alterações expressivas dos setores atingidos pela pandemia nos meses estudados, porque “os elementos que subsidiam as simulações (índice de isolamento social, principalmente, e emprego formal) mudaram marginalmente”.
*Com informações da UFS





