Passar a virada do ano em Sergipe tem sido a escolha de muitos turistas, sobretudo os que vêm de regiões vizinhas no litoral nordestino como Bahia e Alagoas - mercado principal para o setor no estado. Segundo dados da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis em Sergipe (ABIH) a ocupação média dos hotéis e pousadas associados está em 85% para as festas desse fim de ano.

Hospedada em um hotel na região da Orla de Atalaia, a aposentada Irene Lima é de Salvador e comemora a virada do ano pela segunda vez em Aracaju junto com familiares para fugir da folia. Ela conta que aos 12 anos chegou a morar na capital por um período de um ano e sempre está retornando. "Este ano decidir ficar mais perto da praia. Meu marido tem parentes aqui, então gosto demais de Aracaju e próximo ano venho de novo. Aqui ainda existe aparentemente uma tranquilidade pelo menos nessa região, também é mais calmo, Salvador essa época está uma loucura, lá é só para quem é jovem", afirma Irene, ao lado da neta. 

"É a segunda vez que venho a Aracaju, a primeira vim a trabalho e agora é a primeira que aproveito as praias, a festa da virada do ano. Cheguei ontem com a minha esposa e filhos, e vamos ficar para o show", diz o professor Aparecido de Assis, do Mato Grosso.

Com hotéis lotados, a estimativa de ocupação da ABIH tem se confirmado na prática, apesar de não ter sido essa a previsão esperada por alguns hotéis da Orla de Atalaia. O gerente comercial do Delmar Hotel, Cristiano Alves, afirma que a hospedagem também chegou a taxa de 85% para o fim de ano, mas a estimativa era fechar entre 90 e 95% como em anos anteriores.

"85% não está ruim, mas não conseguimos atingir a previsão. Não dá prejuízo, mas diminui a margem, pois a gente faz a previsão, organiza a festa com antecedência com base nessa previsão de vendas", considera o gerente do hotel que oferece festa de réveillon particular para os hóspedes com all inclusive.

Conforme avaliação de hoteleiros, o valor de pacotes foi decisivo para muitos turistas que, até então indecisos, optaram por hotéis e pousadas menores que não estão oferecendo festa da virada e que, portanto, estão com baixo custo. Nos grandes hotéis, porém, pacotes começaram a ser vendidos um pouco mais tarde. 

"Além disso, como no dia 31 caiu numa terça e muitas pessoas trabalharam na segunda, isso também impactou na venda do pacote. Alguns hotéis venderam do dia 28 ao dia 1°, nós começamos a venda de 29 a 1°. Tanto que a gente liberou a entrada dos pacotes de dois dias (do dia 30 e 31) apenas 15 dias antes; neste caso, a procura aumentou para essas pessoas que não se programaram", avalia Cristiano, considerando ainda a mudança do perfil do consumidor que não compra mais com antecedência. 

"Nos feriados este ano apenas 15 dias antes começava a venda. Para o Réveillon até hoje estamos tendo procura com a festa e sem a festa. Os que compram com antecedência são os quem vêm de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais mesmo assim é quantidade muito menor que as cidades vizinhas num raio de 700 km. Normalmente para o réveillon são hóspedes que já vêm todos os anos", ressalta.

A divulgação da festa do Réveillon em Aracaju com mais antecedência do que em anos anteriores é apontada como positiva para a ocupação, no entanto, ainda não é considerada ideal, segundo ele, se comparada a de outros estados que montam a programação meses antes. As dificuldades na divulgação do destino por parte do Estado também é criticada. "Os hotéis investem junto com a ABIH em ações, viajam o Brasil inteiro divulgando o destino, o que seria obrigação do Estado é o próprio setor que investe", diz o gerente.