Por que o Banco Central decidiu criar a nova cédula de R$ 200 ?
Com a pandemia, tem mais gente querendo guardar papel moeda no país Economia | Por F5 News 30/07/2020 10h01O Banco Central anunciou que a família do real vai ganhar uma nova cédula até o fim de agosto. Aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a nota de R$ 200 no Brasil terá como personagem o lobo-guará, espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção. Mas o que essa medida diz a respeito da economia brasileira?
Cerca de 450 milhões de notas deverão ser impressas, totalizando R$ 90 bilhões em circulação. A diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, explicou o contexto para a decisão de criar a nova nota. Segundo ela, o Brasil e o mundo observaram um entesouramento desde que a pandemia começou, ou seja, pessoas guardando mais dinheiro em espécie.
“Em momentos de incerteza, as pessoas tendem a fazer saques e acumular reserva. As casas impressoras de dinheiro foram desafiadas a produzir um maior volume em uma menor quantidade de tempo”, comentou Carolina.
O BC informou que de fevereiro – antes da pandemia – para junho o papel moeda em poder do público (PMPP) saltou 28,9%, de R$ 210,227 bilhões para R$ 270,899 bilhões. Esse é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001. A questão é que o dinheiro foi mais demandado, mas menos gasto – e, portanto, não circulou com a velocidade esperada para rodar a economia.
O objetivo do governo é diminuir os valores gastos em impressão do papel para as cédulas. Somente neste mês, houve um custo extra de R$ 437 milhões. Outra necessidade, de acordo com o BC, é facilitar o pagamento do auxílio emergencial, estimado em mais de R$ 160 bilhões, considerando as cinco parcelas aprovadas.
Para além dos efeitos pandêmicos, a criação de notas de maior valor de face pode estar refletindo o impacto da inflação sobre nossa moeda. É o que aponta Bruno Perini, do canal Você MAIS Rico. “Desde o começo do plano do real em 1994, que vale lembrar é nossa décima tentativa de moeda, a inflação já fez o dinheiro perder mais de 85% do seu poder de compra”, afirma.
Ele exemplifica que, se o Banco Central quisesse lançar uma nota com o mesmo poder de compra que 100 reais tinham em setembro de 1994, essa nota teria que ter um valor de face de 575 reais, segundo cálculos da Calculadora do Cidadão, disponibilizada pelo próprio Banco Central.
“Uma moeda deveria ter basicamente três funções: ser uma unidade de conta, um meio de troca e uma reserva de valor. Claramente a função de reserva de valor não está sendo bem cumprida pelo real”, opina Bruno Perini.
O plano de criar uma nota de R$200 já existia e, segundo o Banco Central, a quantidade de papel-moeda em circulação está adequada para as necessidades da população, mas não é possível saber por quanto tempo o entesouramento continuará.
O BC informou ainda que as cédulas da chamada “segunda família” do real, lançadas a partir de 2010, são “robustas” em matéria de segurança e que a nota de R$ 200 terá elementos capazes de protegê-la de falsificações.





