Recuperação da economia tende a ser ‘muito lenta’ em SE, diz especialista
Economista indica investimento público para reaquecimento, mas diz que capacidade do Estado é mínima
Economia | Por Will Rodriguez 18/06/2020 15h05 - Atualizado em 19/06/2020 15h49

Embora o governo do Estado pretenda iniciar o Plano de Retomada Econômica só na próxima terça-feira (23), na prática, alguns estabelecimentos comerciais foram autorizados a reabrir hoje (18). Com a paralisação quase que completa da economia nacional por quase 90 dias e a manutenção das recomendações de distanciamento social por causa da pandemia do coronavírus, analistas do mercado são unânimes em afirmar que a recuperação econômica ao patamar pré-crise deve transcorrer mais lentamente do que na maioria dos demais países. 

No caso de Sergipe, esse processo pode ser ainda mais demorado. É o que avalia o economista Luiz Carlos Ribeiro, professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Segundo ele, antes mesmo da pandemia, a economia estadual já enfrentava um processo de recuperação gradual da crise enfrentada entre 2014 e 2016. 

“As coisas se agravam aqui pela saída da Petrobras do estado, que era uma importante geradora de emprego e renda. Antes da pandemia, o estado já registrava uma queda no PIB mais acentuada do que a do PIB nacional. Isso é ruim porque, além de pequena, nossa economia não é diversificada, depende bastante do setor extrativo mineral e de outros poucos setores. o comércio e serviço têm um dinamismo importante, mas eles vão ser afetados diretamente pela pandemia”, afirma Luiz Carlos.

A primeira projeção da UFS indicava que a manutenção do isolamento social por três meses resultaria numa queda de 9,88% no PIB do estado. Esse indicador deve ser atualizado no final do mês. A alternativa mais acertada para fazer frente à essa retração seria a aplicação de recursos públicos, uma vez que os cenários institucional e político acentuam os receios dos investidores privados. 

A retomada das medidas de ajuste fiscal, tida pelo ministro da Economia Paulo Guedes como inadiável no pós-pandemia, é o fator complicador para essa solução apontada pelo professor Luiz Carlos. “Já temos uma taxa de juros muito baixa, mas por conta de incertezas em relação ao futuro há um receio dos investidores. Para o Estado gastar mais é praticamente impossível. Nesse contexto, seria preciso aumentar os repasses da União, mas há uma desesperança por conta do ajuste fiscal”, diz o economista, que coordena o Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional da UFS. 

O projeto, apresentado pelo governo estadual, dividiu a reabertura em quatro fases, que devem levar seis semanas. O governador Belivaldo Chagas informou a expectativa de que o plano comece a ser implementado em 23 de junho, com a possibilidade de que as fases sejam postergadas ou antecipadas, medidas que dependem da estabilização dos casos de Covid-19.

Monitoramento

Em maio, a UFS firmou parceria com o governo do Estado para desenvolver um projeto que vai acompanhar o nível de infecção por Covid-19, identificando a prevalência em quinze municípios, estimando os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e o acompanhar de impactos sociais sobre populações vulneráveis.


 

Edição de texto: Monica Pintosh
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