Quase 60% das famílias brasileiras estavam endividadas em maio deste ano, segundo uma pesquisa divulgada essa semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O principal responsável por esse indicador é, na visão do consultor financeiro Ben Zruel, a ausência de uma mentalidade financeira estruturada na maior parte da população do país.

Radicado no Brasil há 19 anos, o israelense veio trabalhar com vendas depois de três anos de serviço militar obrigatório em seu país. Em dez anos ele conseguiu desenvolver seu negócio e, em 2016, escreveu o best seller ‘Eu Vou Te Ensinar a Ser Rico’.

Para aqueles que já estão com as contas no vermelho, é preciso planejamento e orientação para não piorar ainda mais a situação. Em tempos de economia instável, a receita para controlar as finanças é baseada no velho conselho de gastar menos do que ganha.

“Se você gasta mais que ganha, quer dizer que você tem um problema sistemático, está vivendo no padrão de vida errado”, diz Zruel que foi à falência duas vezes nos dois primeiros anos de negócios no Brasil e aprendeu a lição, apresentada por ele durante uma das palestras do Empreenda 3.0, evento que reuniu especialistas do marketing e empreendorismo em Aracaju.

Ele explica que para "sair do vermelho" é preciso tomar decisões drásticas, considerando que o sistema financeiro brasileiro impõe uma das taxas de juros mais elevadas do mundo (350% ao ano para cheque especial e 436% ao ano no cartão) e crédito fácil.

“Se os bens que você tem (imóvel, carro) estão parcelados, não é riqueza, é um castelo de areia que pode desmoronar quando houver menos ganhos”, afirma Ben Zruel, ao ressaltar que a classe média brasileira foi a mais afetada pela crise econômica dos últimos cinco anos.

Frear o consumismo e poupar diante de tantas propagandas não é uma tarefa fácil e o consultor reconhece isso, mas segundo Bem, gastar na hora certa é um sonho, mas na hora errada é entrar em um pesadelo”. Por isso, o especialista considera importante ter “controle emocional” e “aprender a viver bem com o que se tem”.  

“Quem não sabe administrar um tostão, não sabe administrar um milhão”, aponta Zruel, para quem tão importante quanto ganhar mais, é fazer sempre uma reserva de dinheiro que, segundo ele, levará a pessoa à tão sonhada “liberdade financeira”.

Mas e quando a dívida está em um estado crítico e a pessoa já teve seu nome inscrito nos serviços de restrição de crédito? Ben Zruel ressalta que, ao contrário do que muita gente pensa, não se trata do abismo e considera ser mais prudente guardar dinheiro para quitar o débito por inteiro a fazer uma negociação ou refinanciamento.

“As instituições financeiras não vão sujar seu nome, elas vão proteger para que a pessoa não faça mais dívidas, o que é até bom", pondera o consultor financeiro.

Zruel também explica que tão importante quanto seguir todas as regras de educação financeira é compreender que “um empresário que ganha milhões e trabalha 18 horas por dia, mas não tem tempo para ver os filhos, não é rico, é apenas alguém que tem muito dinheiro”.