Sergipe termina 1º semestre com 14 mil postos de trabalho formal a menos
Pandemia agrava crise na economia estadual, que teve 16º pior desempenho do país Economia | Por Will Rodriguez 29/07/2020 12h20Mais de 14 mil sergipanos entraram para o rol do desemprego no primeiro semestre deste ano. Esse é o número de vagas de trabalho com carteira assinada que foram fechadas pelo mercado formal no estado, de janeiro a junho de 2020, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado pelo Ministério da Economia.
De janeiro a junho, as empresas sergipanas formalizaram 29.903 contratações, mas demitiram 44.130 trabalhadores, o que corresponde a perda de 14.277 vagas de trabalho com carteira assinada. O resultado acarreta uma retração de 5% no mercado de trabalho estadual. O estado teve o 16ª pior resultado entre as unidades da federação.
Mesmo antes da pandemia, o mercado de trabalho sergipano já dava sinais de enfraquecimento. Apenas o mês de janeiro encerrou com saldo positivo na geração de emprego. A partir de março a situação se agravou, tendo sido acentuada no mês de abril - o pior do ano até o momento. Já no mês de junho, como F5 News mostrou, houve uma desaceleração no nível de desemprego.
Uma análise da Federação das Indústrias de Sergipe (Fies) aponta que apenas dois dos sete setores da atividade econômica registraram um bom desempenho no primeiro semestre deste ano, a indústria de transformação e a agricultura. Ainda assim, o saldo positivo desses segmentos não foi suficiente para conter o impacto da crise decorrente da pandemia, que afeta severamente os setores do comércio e serviços, cujas atividades estão prejudicadas no estado desde meados de março.
Entre os representantes do setor produtivo há uma preocupação com a demora para a recuperação da economia estadual, já que não há previsão de normalização das atividades impedidas de funcionar em função dos decretos de isolamento social.
Fechados desde março, os shoppings centers são exemplos de segmentos comerciais que devem continuar encolhendo mesmo após a reabertura. Um levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) aponta que nos cinco centros de compras de Sergipe pelo menos 165 das 826 lojas encerraram as atividades em definitivo até o mês de junho. O setor emprega mais de 26 mil trabalhadores no estado, direta e indiretamente.
Após ter o plano de retomada da economia barrado pela Justiça Federal, o governo do Estado estuda a possibilidade de lançar ainda esta semana um novo plano para reabertura dos setores fechados desde março.
Recuperação
Em meio ao aumento do desemprego e à preocupação do governo com a retomada da geração de vagas no mercado de trabalho no momento pós-pandemia, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) defende uma desoneração temporária de tributos sobre salários, com maiores benefícios para contratos de jornada parcial, e a extensão dos instrumentos que permitem redução de jornada e salários na crise.
Dividido em quatro eixos, o estudo do Ipea traz uma série de sugestões de iniciativas para melhorar o ambiente de negócios no Brasil e destravar os investimentos. Há ações focadas nas atividades produtivas e reconstrução das cadeias de produção, inserção internacional, investimento em infraestrutura e proteção econômica e social de populações vulneráveis - o que inclui um benefício universal infantil para menores de 18 anos, ao custo de R$ 26,6 bilhões. O programa seria feito a partir da unificação de benefícios do Bolsa Família, salário família e dedução de dependentes do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
O estudo destaca ainda a necessidade de continuar o ajuste nas contas públicas e aprovar reformas para controlar a trajetória de gastos, afetada devido à necessidade do governo de abrir os cofres para bancar ações de combate à covid-19.
*Com Agência Estado





