Após mudança na PF, Sergio Moro pede demissão do governo Bolsonaro
"Falei ao presidente que seria uma interferência política. Ele disse: seria mesmo", revelou
Política | Por F5 News 24/04/2020 11h44 - Atualizado em 24/04/2020 18h07

O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro confirmou nesta sexta-feira (24) que vai deixar o governo Jair Bolsonaro. A decisão ocorre após o presidente da República ter exonerado, o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sem aviso e concordância do ex-juiz federal.

O agora ex-ministro avisou o presidente que não ficaria no governo com a saída do diretor-geral. "Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo", revelou Moro.

A exoneração foi publicada como "a pedido" de Valeixo no Diário Oficial, com as assinaturas eletrônicas de Bolsonaro e Moro. No entanto, Moro disse que não assinou a medida formalmente nem foi avisado oficialmente pelo Planalto de sua publicação.Segundo o ministro, Valeixo teria dito que "talvez fosse melhor eu sair para diminuir essa pressão". 

Citando uma "violação de uma promessa que me foi feita inicialmente de que eu teria uma carta branca" e um "abalo na credibilidade do governo com a lei", Moro destacou que "não são aceitáveis indicações políticas."

O juiz mencionou seu papel na busca pela autonomia da Polícia Federal, destacou essa característica da corporação durante os governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Moro destacou a autonomia da Polícia Federal nas gestões federais do PT, mesmo com "inúmeros defeitos" e envolvimentos em casos de corrupção. 

A saída em meio à pandemia do coronavírus, com centenas de mortes no país, foi lamentada por Moro que enalteceu sua carreira como juiz federal com atuação na Operação Lava-Jato de Curitiba.

"Tenho que preservar minha biografia e o compromisso que assumi inicialmente com o próprio presidente que seríamos firmes. Um pressuposto para isso é que nós temos que garantir o respeito à lei e à autonomia da Polícia Federal contra interferências políticas", declarou Moro, durante pronunciamento na manhã desta sexta.

Não há substituto no comando da polícia, por ora, nomeado. "O presidente me disse, mais de uma vez, que ele queria ter uma pessoa do contato dele que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, colher relatórios de inteligência", disse Sergio Moro.

O ex-juiz da Lava Jato negou ter aceitado o cargo de ministro tendo como condição uma indicação para uma vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). A ideia, segundo Moro, era buscar um nível de formulação de políticas públicas, de aprofundar o combate à corrupção e levar maior efetividade em relação à criminalidade violenta e ao crime organizado.

Moro diz que somente colocou uma condição a Bolsonaro para que assumisse o cargo. "Se algo me acontecesse, uma pensão para a família." No cargo, Moro cuidava também da segurança pública. "Me via, estando no governo, como um garantidor da lei e da imparcialidade e autonomia destas instituições", afirmou o ministro, em seu pronunciamento.

Para virar ministro, Moro pediu exoneração do cargo de juiz federal, no qual se destacou em razão das ações penais que conduziu no âmbito da Operação Lava-Jato, em que foi responsável pela condenação e prisão de nomes importantes do cenário político, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

*Com Folha Press

 

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