Candidaturas evangélicas despontam para tentar ampliar bancada na CMA
Movimento que ganhou força em 2018 está amparado em temas como moral e família Política | Por Will Rodriguez 29/09/2020 15h20Na esteira de um movimento que ganhou força no pleito de 2018, quando temas ligados à moral, família e à segurança pública alçaram o então candidato Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência da República, líderes evangélicos despontam na disputa eleitoral deste ano em todo o país buscando ampliar sua participação nos Legislativos e Executivos municipais. Em Aracaju, são muitas as candidaturas dos chamados confessionais, aqueles que utilizam sua posição junto à uma instituição religiosa para impulsionar o capital político.
A cobiça das agremiações por candidatos com viés religioso encontra sua origem na tradição que esse grupo tem de puxar votos em bloco a partir da influência dos seus líderes sobre os respectivos rebanhos. Com a promessa de renovar a desgastada imagem da classe política, eles se diferenciam já a partir das campanhas, criativas e com alto uso das tecnologias e redes sociais.
Líder dos jovens na Igreja Presbiteriana Renovada, o pastor Jeter Josepetti (Republicanos) é um dos novos nomes evangélicos na disputa deste ano. Advogado por formação, Jeter afirma que decidiu entrar para a política a fim de contribuir com a cidade servindo às pessoas. “Tenho a esperança de que é possível construir um bom futuro. Encaro com coragem, honra e humildade, pedindo que seja feita a vontade de Deus”, disse.Já a Igreja do Evangelho Quadrangular lançou o pastor Diego Fortunato (Progressistas). Ao definir seu propósito de vida em ‘ajudar pessoas’, o também advogado diz enxergar na política uma oportunidade de cumprir essa missão como um ‘defensor dos princípios ensinados por Jesus”. Ele também acredita faltar representatividade na Câmara de Aracaju.
“Existe uma diferença muito grande em se declarar cristão e ser alguém que defende a casa cristã. A pandemia deixou claro isso, não vimos nenhuma manifestação dos parlamentares a fim de apresentar o trabalho essencial realizado pelas igrejas, bem como não houve nenhuma interlocução com o Executivo”, afirma Fortunato.O pastor Roberto Morais (Progressistas) tentará voltar a ocupar uma cadeira no Legislativo de Aracaju. Ligado à Assembleia de Deus, o político entende que a vereança permite ampliar a atuação, antes restrita ao grupo religioso, para toda a cidade. Segundo Morais, há necessidade de ampliação da bancada evangélica no Parlamento.
“Quanto mais, melhor. O seguimento cristão (não somente evangélico) envolve diversas circunstâncias. Por exemplo, com pandemia, se houvesse uma maior representatividade no Legislativo Municipal poderia o mundo cristão ser mais ouvido. As comunidades cristãs poderiam propor parcerias no combate à Covid19. Em alguns lugares do Brasil isso funcionou”, declarou o pastor Roberto Morais.Atualmente, a bancada evangélica na Câmara Municipal de Aracaju é composta pelos vereadores Emília Corrêa (Patriota), Pastor Alves (PRB) e Fábio Meireles (PPS). Para a vereadora patriota, não há prejuízos na chegada de mais cristãos à política. Ela ressalva, no entanto, que o credo religioso nem sempre legitima a conduta.
“A democracia abre as portas para todos, é importante que as pessoas disponham seu nome independente de instituição religiosa ou não, mas a gente torce que cheguem e verdadeiramente deem opção para o aracajuano. O fato de a pessoa ser religiosa não determina a caminhada, a fé é muito importante, os valores e princípios, mas o que determina é o caráter. O bom pastor está preparado para ser um bom parlamentar?”, respondeu Corrêa ao F5 News.“Considero interessante existirem pessoas de diversas áreas da sociedade. Eu vejo 24 cadeiras que devem ser ocupadas por pessoas que representem bem a população, que legislem em prol do povo, com princípios e valores que acredito como transparência, comprometimento, integridade e, claro, com amor a cidade”, opina Jeter Josepetti.
Sem mácula
Todos os candidatos ouvidos pela reportagem defendem como ‘casos isolados’ que não devem comprometer a credibilidade das candidaturas evangélicas os recentes escândalos nacionais envolvendo lideranças políticas religiosas, a exemplo da deputada federal Flordelis, acusada de mandar matar o esposo Pastor Anderson do Carmo, e do pastor Everaldo (PSC), denunciado num suposto esquema de corrupção do governo do Rio de Janeiro.
“É preciso lembrar que qualquer atitude de incorreção tomada de maneira isolada não pode jamais ser transferida para culpar para imagem de qualquer instituição”, diz Morais. “Essa é uma grande oportunidade para que as pessoas diferenciem o que é você ser um cristão e representar um projeto particular ou ser cristão e representar um seguimento. O papel fundamental do seguimento cristão na construção da sociedade tem sido cada dia mais evidenciado”, emenda Diego. “O eleitor é quem deve apurar a vista para reconhecer quem é quem”, completa Emília.
Executivo
Mais incisivos no discurso conservador, dois candidatos a prefeito de Aracaju conduzem uma campanha ancorada nos princípios da esfera evangélica. O empresário Lúcio Flávio (Avante) fez uma composição com o músico católico Davi Calazans. Já o deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB) tenta chegar ao comando da capital em chapa com a Bispa Vanilda Mafort, da Igreja Sara Nossa Terra.
Com um discurso bastante similar, ambos falam em combate à corrupção e mudanças radicais nas políticas públicas de áreas caras à população, como saúde, educação e segurança pública. Ambos tentam vincular suas imagens ao presidente Jair Bolsonaro, embora o chefe do Executivo nacional já tenha declarado que não vai atuar no primeiro turno das eleições municipais.





