Dentre as peculiaridades da Eleição de Aracaju em 2020 chama atenção a quantidade de membros da Segurança Pública que buscam um lugar na vida política municipal. Para além daqueles que tentam uma vaga na Câmara de Vereadores, quatro delegados tentam chegar ao comando do Executivo da capital sergipana em chapas distintas.

Os delegados Katarina Feitoza, Georlize Telles, Danielle Garcia e Paulo Márcio. Fotos: F5 e Redes Sociais

O fenômeno - reproduzido nacionalmente - não é inédito tampouco recente, afinal, no esteio da bandeira da segurança, membros da polícia se elegeram historicamente. Ademais, essa expansão acompanha um movimento impulsionado pelo então candidato à presidência da República Jair Messias Bolsonaro, eleito em 2018.

O F5 News traçou um perfil dos candidatos e pediu que cada um respondesse a seguinte questão: Por que deixar a carreira policial para se lançar na política? Confira:

Danielle Garcia (Cidadania)

Neófita na política partidária, tem uma carreira policial de quase duas décadas, comandando operações de grande repercussão deflagradas pelo Deotap. Danielle, tem 43 anos, e tentará chegar à PMA tendo como vice o ex-deputado federal Valadares Filho (PSB). A aracajuana passou por diversas delegacias na capital e no interior, além de atuar como diretora do Departamento e Combate a Crimes contra a Ordem Tributária e à Administração Pública (Deotap/SE) e coordenar em Sergipe o Laboratório de Tecnologia no Combate à Lavagem de Dinheiro. Fez ainda parte da equipe de Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI/SNJ); foi instrutora em cursos promovidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), vinculada ao Ministério da Justiça. Danielle cursou Direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS); em 2001, assumiu o cargo de Delegada da Polícia Civil de Sergipe; fez especialização em Gestão Estratégica em Segurança Pública e mestrado em Direito Público, na UFS. Foi também integrante do Curso Superior de Inteligência Estratégica na Escola Superior de Guerra.

“Fiz muito enquanto delegada de polícia, mas entendi que havia um limite para minhas ações. O limite imposto por aqueles que precisam ser combatidos. Por isso, me afastei da polícia e entrei para a política. Ao lado de um forte grupo, quero mostrar à população de Sergipe, especialmente de Aracaju, que é possível fazer política servindo à sociedade, agindo com coragem, ética e transparência, sem jamais desviar o olhar e o cuidado com o cidadão”, disse.

Georlize Teles (DEM)

Essa não será a sua primeira tentativa de disputar uma eleição, foi candidata a vereadora em 2004. Dessa vez, busca se eleger na Prefeitura ao lado do candidato a vice o coronel da Polícia Militar, Péricles de Menezes, do mesmo partido. Georlize, de 53 anos, é ex-secretária de Estado da Segurança Pública, de Estado da Justiça, e de Defesa Social e Cidadania de Aracaju, com quase 30 anos de serviço público e cerca de 20 anos na Polícia Civil. Iniciou sua carreira na Polícia Civil de Sergipe em 1991 como delegada comissionada, após se formar em Direito na UFS. Durante o período do curso, vendeu objetos de catálogos e foi professora de reforço escolar. Em 1994, foi aprovada no primeiro concurso para delegado de polícia em Sergipe, desde então ocupou quase todas as funções existentes na Polícia Civil do estado. Foi delegada em unidades especializadas e Metropolitanas. Foi ainda Diretora de Administração e Finanças da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Diretora do Departamento de Segurança do Tribunal de Justiça de Sergipe. Atualmente, integrava o secretariado do município de Estância (SE). É pós-graduada em gestão pública pela Fundação Getúlio Vargas e pós-graduada em gestão estratégica pela UFS, além de especialização em mediação de conflitos pela Fundação Getúlio Vargas.

“A escolha pela candidatura à prefeitura de Aracaju decorre da vontade de fazer mais pelo povo aracajuano. Em todas as funções que ocupei, formulei e executei políticas públicas que atendessem efetivamente ao cidadão, tendo buscado também empoderá-lo através do conhecimento, propiciando o pleno exercício de sua cidadania. Sempre qualifiquei a atenção, ofertando-a ao cidadão, e busquei dar respostas às demandas apresentadas pela sociedade. Assim fiz durante os quase 30 anos de serviço público, assim desejo continuar fazendo, agora na condição de política”, disse.

Katarina Feitosa (PSD)

Ex-delegada geral de Polícia, Katarina Feitosa (PSD), 47 anos, é candidata a vice-prefeita na chapa de reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira. Por mais de dez anos ocupou cargos públicos de chefia na Polícia Civil. É a primeira vez que disputa um cargo político. Já foi bancária e desde o ano de 2001 é delegada de Polícia Civil em Sergipe, tendo ocupado diversos cargos, dentre eles, Delegada-Geral por duas vezes, de 2010 a 2014 e de 2017 até junho deste ano. Exerceu esses cargos por quase 20 anos. Nasceu em Aracaju. Formada em Direito e especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública e em Ciências Criminais. Entre os anos de 2013 a 2014, foi Vice-Presidente da Regional Nordeste do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia. Também criou o Planejamento Estratégico da Polícia Civil até o ano de 2021.

“Minha vida profissional foi praticamente toda na Polícia Civil. Amo o meu trabalho e me sinto bastante realizada. Dentro de mim sempre existiu a necessidade de fazer mais pelas pessoas e por mais que você se envolva em projetos sociais, somente a política tem o poder de mudar de verdade as condições de vida do povo. Portanto, deixei a carreira policial para me lançar na política porque acredito que temos as condições necessárias para tocar projetos que valorizem as pessoas e as façam sentir que a cidade onde vivem se preocupa com elas. Sei que isso é um desafio grandioso, mas os desafios sempre me motivaram a fazer bem e melhor”, disse.

Paulo Márcio (DC)

Paulo Márcio Ramos Cruz, tem 45 anos, nasceu no povoado Sambaíba, distrito de Itapicuru, Estado da Bahia, se mudando para Tobias Barreto, em Sergipe, aos 4 anos de idade. Trabalhou de 1994 a maio de 1995, aos 18 anos, como agente comunitário de saúde de Tobias Barreto, logo após terminar o curso de técnico em agropecuária, quando depois se muda definitivamente para Aracaju para dar continuidade aos estudos. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Sergipe e delegado de polícia desde 2001, o democrata cristão tem como candidata a vice a missionária Simone Vieira. É especialista em direito penal e direito processual penal pela Estácio de Sá e especialista em gestão estratégica em segurança pública pela UFS. Já exerceu os cargos de Superintendente e Corregedor-Geral da Polícia Civil, entre 2007 e 2009, além de ter presidido o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Sergipe (Sindepol) e a Associação de Delegados da Polícia Civil (Adepol) por duas vezes. Possui 19 anos de atividade policial e é a primeira vez que disputa cargo político. 

Em 2016 não só apoia como participa das manifestações a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Em setembro de 2018 declara apoio a Jair Messias Bolsonaro para Presidente da República. Em janeiro de 2020 filia-se à Democracia Cristã (DC) com o objetivo de disputar a Prefeitura Municipal de Aracaju. “A bem da verdade, não estou deixando a carreira policial, mas apenas dela me licenciando para atender a um dever cívico de igual relevância, ciente das responsabilidades e à altura dos desafios”, disse.