Entrevista
Edvaldo Nogueira não acredita em rompimento com PT para 2020
De olho no PDT, prefeito de Aracaju diz que só definirá futuro político em março
Política | Por Will Rodriguez 24/11/2019 07h05 - Atualizado em 25/11/2019 12h39

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB), considera quase nulas as chances de ter o Partido dos Trabalhadores fora de uma eventual coligação visando sua reeleição no pleito de 2020. Apesar da incisiva defesa de uma ala petista por candidatura própria, o ainda comunista acredita ser um risco pensar em qualquer conjuntura diferente da que se estabeleceu desde os tempos de Marcelo Déda - em termos de aliança -  para o agrupamento hoje liderado pelo governador Belivaldo Chagas.

Esse arranjo, no entanto, não será tão simples quanto se espera, ainda mais porque, além das resistências vermelhas, o gestor da capital já arruma as malas para o PDT, embora garanta que essa possível mudança não deixará rusgas na relação com o padre Inaldo, prefeito de Nossa Senhora do Socorro e opositor da maior liderança da legenda para a qual Nogueira pretende se filiar, o deputado federal Fábio Henrique. Em meio a tantas expectativas, Edvaldo garante que deixará correr o tempo das coisas e se debruçará sobre as questões políticas lá em meados de março do ano que vem . "Agora, eu só penso na Prefeitura de Aracaju", diz. 

Confira a entrevista concedida ao F5 News e um grupo de radialistas esta semana:

Diante de tantas obras que estão em andamento, o senhor acredita que não vai participar da inauguração delas (por conta da legislação eleitoral)?

Edvaldo: Eu não estou preocupado com eleição, cada partido tem a liberdade e tem a possibilidade de falar o que quiser. Eu, por enquanto, estou pensando em Aracaju. Isso no momento vai ser colocado, essa é a reflexão que eu vou fazer, que eu tenho para fazer esse final de ano, janeiro, fevereiro, março, abril. Em abril, quando chegar o momento de definição, eu vou tomar minha decisão, vou tomar uma decisão reunindo os partidos políticos aliados, vou conversar com todos, vou começar com minha casa, porque eu tenho que conversar com minha mulher, porque a minha vida e a vida de político, a vida de prefeito, é uma vida que você praticamente vive 90% a prefeitura, o trabalho, você deixa muito pouco da sua vida pessoal, vou conversar com meu filho,  vou conversar com minha família, minha irmã, meus sobrinhos. Essa é a primeira coisa que eu faço, toda eleição que eu participo, depois eu converso com meus amigos, depois eu converso com os partidos aliados, e aí vamos trocando ideias e vamos ver no que vai dar. Agora digo com toda sinceridade: não estou aqui fazendo nenhuma posição de não responder porque quero esconder o jogo ou alguma coisa, não. Eu só me tenho uma coisa como preocupação, eu quero entregar todas [as obras] e fazer mais. Eu, inclusive, fui em Brasília anteontem buscar recursos, se sair, é mais dinheiro para fazer mais obras. E eu tenho engatilhado com um banco também a possibilidade de recursos, então eu estou atrás de recurso. Eu só penso na prefeitura de Aracaju, só penso em obra e serviço, só penso em melhorar a educação, tem prontuário eletrônico para entregar, tem um aplicativo que vamos entregar no final desse ano, no ano que vem, na saúde, que a pessoa vai marcar a consulta pelo aplicativo, vai sair a fila, vai acabar a fila na prefeitura, tem um aplicativo que você vai sair do posto de saúde e vai receber um SMS para você avaliar como foi seu atendimento, é isso que eu quero botar em prática. Eu quero melhorar mais a saúde, porque já melhorou muito, mas ainda tem muita coisa que eu quero melhorar, eu não estou satisfeito com a saúde como está ainda. Eu digo todo dia à  minha secretária “eu quero mais”. A educação melhorou muito, mas eu ainda quero mais, as obras, teve duas ali que eu ainda vou pedir para dar mais força, para botar mais fogo, uma que a gente não foi, que é a do Moema Meire, que eu quero acabar logo com aquela obra, que ela está  demorando. Eu estou  preocupado é com a prefeitura, em pagar os salários, na limpeza pública, agora mesmo, para a Sementeira, eu consegui 300 milhões e eu tenho que botar esses projetos todos até o ano que vem. Fazer projeto, organizar projeto, licitar, então eu estou preocupado com isso. A eleição é a última das minhas preocupações.

E quanto à mudança de partido, como estão os entendimentos? 

Edvaldo: Eu estou buscando um partido, não como se fosse um time de futebol, para disputar um jogo, para disputar um campeonato, não é isso. Estou procurando um partido que me preencha. Um partido que eu tenha vontade de convidar outras pessoas para fazer parte, um partido que eu tenha vontade de acordar cedo e ir trabalhar para crescer, um partido que eu tenha também uma possibilidade de dar minha colaboração. Não quero um partido para eu ser dono, não quero um partido para eu ser presidente, não quero nada disso, não quero ser presidente de partido, nem me ofereça que eu não quero. Não quero ir para um partido para brigar com ninguém, Deus me livre! 

O PDT é o partido com o qual o senhor tem mais afinidade? 

Edvaldo: A legenda que eu olho mesmo é o PDT, não tem outra legenda que eu olhe, não. Tem legendas, e eu respeito todas, por exemplo, o PSD é um partido maravilhoso, Fábio Mitidieri, Kassab veio aqui e me convidou para eu entrar no PSD. Laércio, ainda ontem, reiterou o convite.

O Padre Inaldo está de mudança para o PP...

Edvaldo: Me comunicou. Vai e com meu aval, com minha participação. Padre Inaldo vai porque optou por ir, eu nunca orientei Padre Inaldo para ele escolher partido, nem paro meu filho eu faço isso.

Uma eventual ida para o PDT gera algum risco de enfraquecimento com o Padre Inaldo?

Edvaldo - Não gera, não, comigo e Padre Inaldo não tem quem estremeça. Não tem estremecimento, ele me conhece e eu conheço ele. Ele sabe como eu ajo e eu sei como ele age. Então essas coisas não têm estremecimento. Não tem possibilidade de estremecimento.

A oposição tem dito que essa série de obras visam apenas 2020. Em qual medida isso é verdade? 

Edvaldo: O que eu acho é que as pessoas não estão vendo a cidade. Mas esse é um lado da oposição, infelizmente tem dois tipos de oposição, tem oposição que não vê porque não quer ver, e essa é a sociedade quem vai julgar, então eu não estou preocupado com oposição, não. Eu escuto a oposição, mas eu não tenho preocupação com ela, eu tenho muita clareza, muita certeza, muita convicção do que estamos fazendo na prefeitura de Aracaju. E sei que o que estamos fazendo é em benefício da sociedade, e eu acredito muito na capacidade da população julgar, quem vai julgar a todos é a população. Por isso que acredito na capacidade dela de julgar, então deixe chegar a hora, deixe chegar o momento. Eclesiastes: Tudo tem seu tempo. Tem tempo para mudar de partido, tem tempo para decidir se vai ser candidato ou não, tudo tem seu tempo, e eu estou no meu tempo. Qual meu tempo agora? Prefeitura, obra, serviço, melhorias, eu quero deixar a prefeitura melhor do que o que eu deixei em 2012, eu quero deixar a cidade melhor do que eu deixei em 2012. É meu sonho.

O senhor acredita que manterá a aliança com o PT?

 Edvaldo: Eu acho que não vai ter separação, não. Isso é a natureza de pré-campanha, é sempre assim, as pessoas colocam, os interesses vêm, cada um diz o que quer, mas no final vamos esperar junho de 2020.

Como o senhor espera se articular com a ala do PT que defende candidatura própria?

Edvaldo: Como sempre me articulei, eu converso com o PT, converso com o senador Rogério, converso com Márcio Macedo. Tem um mês e meio, dois meses, que eu conversei com Márcio Macedo, tenho conversado com eles todos. 

Esse movimento indica uma insatisfação de membros do PT?

Edvaldo: Não, acho que não. Tenho quase certeza que eles não estão insatisfeitos com a nossa gestão. É só olhar a cidade, o que estamos fazendo para a cidade não pode causar insatisfação a eles, inclusive eles participam do meu governo, a vice-prefeita Eliane foi secretária da assistência social até ano passado. Cássio Murilo é presidente da Funcaju indicado de Márcio Macedo. Então, como eles podem estar insatisfeitos? Acho que não estão insatisfeitos, não. A gente fez um trabalho justo e correto, para colocar Camilo na Câmara, convidei Bittencourt para a prefeitura, Fábio Mitidieri indicou Bittencourt, que é do PCD do B, para a prefeitura, para abrir espaço para o vereador Camilo. Eu estou trabalhando com todos os partidos, por isso que eu acho que vamos ficar juntos, porque está tudo indo junto.

Então, o senhor espera reciprocidade?

Edvaldo: Eu espero que a política, como ela sempre é extraordinária, ela coloca as coisas nos trilhos. A política é maravilhosa. Não é problema de reciprocidade, de maldade, de bondade, não tem nada disso. O que tem é o seguinte: a política é uma ciência e arte extraordinária, que na hora certa os caminhos são apontados e as coisas andam. Então eu acredito. Nós temos um futuro extraordinário pela frente nessa coligação, nós governamos o estado com Belivaldo, nós estamos na prefeitura, nós temos senador, nós temos deputados federais, nós temos deputados estaduais, temos prefeitos de interior, eu acho que temos um futuro grande e que nossa preocupação maior deve ser a preocupação de melhorar a vida das pessoas e não do que o meu partido, do que o partido de fulano, do que a posição de a, b ou c. Quando a política passa a ser discutida por personalidades, eu não acredito muito. Eu acredito em projetos políticos e o nosso projeto político, que é liderado pelo governador Belivaldo Chagas, é o projeto que eu tenho certeza que vai ter o papel de melhorar, e que já está melhorando Aracaju. Aracaju já é outra cidade e vai também melhorar o estado, e nós vamos ter um futuro para diante, e é esse grupo junto. Eu acho que se dividir, é ruim, então a gente precisa estar junto. Na hora H todo mundo vai pensar, nas vésperas das convenções, ou faltando um mês para as convenções, todo mundo bota a cabeça no travesseiro, pensa, vai analisar e eu acho que vamos sair com uma solução consensual. Em Aracaju e na maioria das cidades dos estados, a nossa coligação vai sair com candidaturas únicas, fortes e vitoriosas, se Deus quiser. 

Edição de texto: Monica Pintosh
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