Jackson, 8.093 eleitores e o bom senso apelam ao PT: respeite as urnas
Política 12/10/2011 13h48

Por Joedson Telles

Em boa hora, surge o vice-governador Jackson Barreto (PMDB) e demonstra uma lucidez exemplar, ao apelar para o bom senso do Partido dos Trabalhadores tentando evitar que o vereador Robson Viana perca o mandato por ter trocado o partido pelo PMDB. Em tese, JB age como amigo (ou mesmo um pai) a proteger Robson. E, pela indiscutível amizade que há entre ambos, lá se vão mais de 25 anos, não surpreende. Aliás, o destino de Robson Viana seria o turbinado PSC do senador Eduardo Amorim, não fosse o carinho recíproco entre JB e RV.

Não preciso do socorro dos botões para discernir que outro serviço, este bem menos tragável ao jornalismo lambe-botas de praxe quando o assunto é o PT, está a ser prestado pelo vice-governador, caso consiga convencer o PT a não cometer uma injustiça. JB, em persuadindo os algozes de Robson, estaria minimizando o papel bufo, grotesco, abominável protagonizado por nomes miseravelmente rejeitados (alguns por mais de uma eleição) que desesperados velam uma legislação torta a garantir que políticos reprovados nas urnas sentem na cadeira alheia à custa da falta do bom senso que deveria permear qualquer relação política.

Some a este papel ridículo, longe de espelhar grandeza interior, o fato de Robson Viana ser um antigo aliado do chamado "Projeto das Mudanças". Ajudou a construir não apenas os governos de Marcelo Déda na Prefeitura de Aracaju e no Estado, mas também a eleição do prefeito Edvaldo Nogueira. E se desgastou no PT justamente por cobrar insistentemente em nome da sociedade as promessas que levaram Déda e Edvaldo ao poder. Robson tornou-se um político inquieto por não conseguir sensibilizar a dupla de gestores. Se falta fidelidade de Robson ao silêncio cúmplice do PT frente a isso, sobra lealdade aos aracajuanos. Só os covardes não sustentam a tese. Os que acham que ajudam Déda e Edvaldo escrevendo notinhas elogiosas. Jamais optam pela crítica construtiva.

Mas, como já dito, JB com seu gesto não é solidário apenas a Robson. Pode evitar, por exemplo, que na carona da frase de Albano Franco (em Sergipe todos se conhecem e tudo se sabe) qualquer um que venha a ocupar o lugar de Robson Viana seja alvo de escárnio ou de coisa pior por parte não apenas dos eleitores de Robson, mas também de quem não comunga com a ideia de jogar a vontade da maioria do eleitorado na lata do lixo. Robson foi eleito com o maior número de votos entre os 19 vereadores. Nada menos que 8.093 pessoas optaram pelo jovem político. E lhe cobram resultados. Evito avivar aqui o número de eleitores que votaram em quem pode tomar o lugar de Robson para não soar algo pessoal. Mas não chega a metade dos votos do campeão das urnas.

Na verdade, talvez só haja uma coisa mais ridícula que querer o mandato alheio contra a vontade do eleitor: velar a ideia de que a maioria esmagadora da população sai de casa para votar no partido e não na pessoa que lhe pediu voto durante a campanha. Em se tratando de PT, cuja rejeição foi minimizada com a presença de Lula no governo, mas persiste, o raciocínio é mais faceto ainda. Robson foi o vereador mais votado no PT e seria em qualquer outro partido. Talvez se já tivesse no PMDB teria até mais votos. Se a lógica estúpida de se votar no partido tivesse o mínimo de sentido, alguém duvida que teríamos um empate técnico entre os petistas que entraram na disputa? Ou melhor, só haveria o chamado voto de legenda a ser dividido ao bel prazer dos caciques.

A parte mais deplorável, em se tratando de algo tão importante na vida das pessoas como a política, contudo, reside no fato de que quem almeja o lugar que o povo não quis lhe dar sabe bem mais que este jornalista, que sequer um dia pensou em se filiar a um partido, que Robson Viana não merece isso. Não apenas por respeito aos seus mais de 8 mil eleitores. Não apenas por ser uma pessoa maravilhosa, de fino trato e leal aos amigos. Robson não tinha mais clima dentro da legenda. Os motivos ele mesmo já tratou de semear ventos. Se desgastou, sobretudo, por cobrar ações dos gestores em nome dos aracajuanos...

... Nesta quinta-feira, o PT promete decidir se pede ou não o mandato de Robson Viana. Se o bom senso valer, o partido escutará JB e fará como o PSB fez quando Robson mudou justamente para o PT: não criará problema. Todavia, se ratificar a visão de grande parcela da sociedade, que vê a política como um jogo asqueroso onde não há lugar para consideração, respeito, gratidão... Caberá a Robson Viana lutar na Justiça pelo que o povo já lhe conferiu na democracia das urnas, em 2008. Em não obtendo êxito, deve tomar para si a histórica frase cunhada pelo inesquecível senador e antropólogo Darcy Ribeiro: "Fracassei, mas detestaria estar no lugar de quem me venceu".

Joedson Telles é diretor de Jornalismo do F5 News e editor e fundador do portal Universo Político.com

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