“Não nascemos para ficar a vida toda no poder”, afirma Eduardo Amorim
Senador vê preconceito em Valadares frente a novos líderes políticos
Política 21/04/2013 07h47

Por Joedson Telles

Ao comentar as declarações do senador Antônio Carlos Valadares (PSC), que apimentaram a política sergipana durante toda a semana passada, o também senador Eduardo Amorim (PSC), que aparece como o pano de fundo das críticas do socialista, afirmou que, como já externaram alguns deputados, Valadares não deve estar muito bem - e tem sido muito infeliz ao abrir a boca. Eduardo Amorim salientou que o colega de Senado está na política desde o ano de 1967 – seja como prefeito, deputado, governador ou senador por vários mandatos -, mas vem demonstrando com suas ações ter preconceito com o surgimento de novos políticos. Eduardo avalia que Valadares evidencia não querer mais sair do poder, e vê o natural surgimento de outros líderes políticos como uma ameaça a isso.    

“O senador tem que estimular a participação de políticos mais jovens na política. Uma vez escutei uma frase que não esquecerei nunca: ‘só acredite num líder que constrói outros líderes’. Não é fácil algumas pessoas se desapegarem do poder. Dar oportunidades a outros. Lembro que lá atrás, quando fazia parte da base do governo, um grande incentivador da candidatura de Valadares Filho a prefeito foi Amorim, meu irmão. Não foi nem o senador: foi Amorim. Nem sabia se João ia disputar. O ciúme não deveria existir. Essas pessoas, pela vivência, experiência, deveriam estimular, sim, a entrada de novos políticos. Mostrar que o mundo da política precisa ser habitado por pessoas jovens do bem. Não nascemos para ficar a vida todo na política, no poder. Temos que preparar outros. Não podemos ter apego excessivo ao poder. Cargos são instrumentos para se fazer justiça social”, disse Eduardo ao portal F5 News, entendendo que ninguém é dono cargo algum.     

Sobre o fato de Valadares ter postado em seu Twitter que denunciará “manobras protelatórias” que estariam atrasando a leitura dos Projetos de Lei do Proinveste na Assembleia Legislativa, e sobre um suposto escândalo de vincular a aprovação da matéria ao TCE  - leia-se, à eleição da deputada Susana Azevedo (PSC) -, o senador Eduardo Amorim desafiou Valadares a apresentar provas. “Se ele tem alguma prova, fundamento,  deve mostrar mesmo. Se tem alguma coisa ilícita ocorrendo em algum canto, ele tem a obrigação de denunciar. Mostrar. Agora que não seja mais uma denúncia vazia. Infundada, porque isso agride. Isso é violência. Se existe, se tem alguma coisa, se ele sabe de alguma coisa, se existe corrupto, existe corruptor. Essa foi uma preocupação que tivemos quando sentamos com o governador. Então, se ele gosta do governador, se torce pela sua saúde, deve livrar-lo deste stress”, disse Eduardo.

O senador, que também é médico, observou que a declaração de Valadares, atribuindo à Assembleia a doença de Déda, foi infeliz não apenas do ponto de vista político, mas também da medicina. “A doença do governador, que estamos todos rezando pela sua recuperação, não é de agora. Ele passou por um procedimento cirúrgico sério lá atrás. Ainda no primeiro governo. Estamos em palanques opostos, as críticas construtivas serão sempre feitas, mas rezamos por ele. Ninguém merece o que ele está passando. O mínimo que se pode fazer, aqueles que têm consideração, é não fazer calúnias. Porque é como o próprio governador disse: ‘se tiver alguém dando o doce, este alguém sou eu’. Mas isso não existiu”, assegurou.           

A exemplo da maioria dos deputados estaduais, Eduardo Amorim também saiu em defesa dos deputados Adelson Barreto e Maria Mendonça. O senador lembrou que seus primeiros passos na política foi com a deputada Maria Mendonça. Mas a confiança dela em Valadares era tanta, na época, que ela se filiou ao PSB, e não ao PSC – apesar dos convites. “E o que ela recebe em troca deste seu acreditar são todas estas agressões. Temos que olhar as pessoas que sempre nos acolheram. Eu ouvi uma expressão de Maria dizendo que ele (Valadares) comeu no prato que ela comeu. Que o pai dela (Chico de Miguel) comeu. Isso para a gente do interior é muito forte”, disse, lembrando que Maria tomou conhecimento das agressões através de uma sobrinha que lei a notícia no Universo Polítioco.com, no sábado 13. Eduardo observou ainda que outro dia, enquanto Maria tratava a saúde fora de Sergipe, Valadares fala em sua saída do partido em uma emissora de rádio. “Ela no centro cirúrgico e as agressões no rádio. Tomei conhecimento pelos site e pelo Twitter, e depois ela ficou sabendo”, assegurou.  

Sobre Adelson Barreto, que também foi acusado de provocar a doença do governador, mas, ao contrário de Maria, optou pelo silêncio, Eduardo Amorim disse que, até onde tem conhecimento, existia uma promessa do PSB para que Adelson tivesse legenda para disputar a Prefeitura de Aracaju, em 2012. “Nós convidamos ele (para ser o candidato do PSC). Isso não se concretizou porque, acredito, que Adelson pensava que seria candidato pelo PSB. E a história todos nós sabemos como tudo aconteceu. A gente só tem a lamentar”, disse, ratificando que o grupo já fez convites para que Adelson filie-se a um dos partidos. Adelson deixou o PSB assegurando que Valadares não manteve a palavra de apontar como o candidato aquele que a população escolheu, mas seu filho. Valadares, por sua vez, fala em traição e desfaçatez por parte de Adelson. Lúcida, a Justiça eleitoral entendeu não haver mais clima para a convivência dos dois no PSB, e liberou Adelson para procurar outra legenda. Pelo jeito, Maria Mendonça terá o mesmo destino.

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