PF diz que Carmópolis usou pandemia para contratar empresas fantasmas
Investigação aponta superfaturamento, propina e serviços que não teriam sido prestados Política | Por Will Rodriguez 20/08/2020 13h05 - Atualizado em 20/08/2020 13h20No âmbito federal, o inquérito identificou fraudes em pelo menos nove contratos formalizados por meio de Dispensa de Licitação, a um custo de R$ 2,3 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS). Algumas das empresas contratadas, segundo a PF, nunca existiram ou tinham sócios laranjas.
“Em alguns casos o objeto social da empresa não guarda relação com os serviços e produtos prestados. Uma empresa de alimentos, por exemplo, teria ofertado álcool gel ,aventais e sabão líquido para o Município. Outras tinham 40% do faturamento oriundos desta Prefeitura”, afirmou o delegado Jackson Roberto Barros Cerqueira Filho em entrevista coletiva.
Um dos contratos foi para a construção de cinco salas climatizadas anexas ao hospital da cidade. No entanto, a Polícia Federal constatou que elas nunca foram abertas para o atendimento aos pacientes e teriam sido montadas a um custo com sobrepreço de 700% em relação ao valor do mercado, informou o delegado Jackson Cerqueira.
Nesta quinta-feira, 32 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Carmópolis, em Aracaju, em Nossa Senhora do Socorro e também em três municípios dos estados de Alagoas, Bahia e Pernambuco, em endereços ligados às empresas contratadas. “Constatamos que elas tinham estrutura física e atividades econômicas incompatíveis com aquilo que estava previsto em contrato”, disse o superintendente da Controladoria Geral da União - Sergipe (CGU), Cláudio Canuto.
Na residência de um investigado em Sergipe, foram apreendidos cerca de R$ 110 mil em espécie.
As cotações realizadas para serviços de sanitização, compra de EPIs, materiais de higiene e também medicamentos não foram embasadas no portal de compras do Governo Federal, como prevê a Lei das Licitações. Conforme salientou o superintendente da CGU, isso levou a uma “ausência de uniformidade nos preços em dispensas de licitação distintas”. Há também indícios do pagamento de propina aos servidores públicos para beneficiar as empresas contratadas.
Gaeco
Para não comprometer o andamento das investigações, a PF e o Ministério Público deflagraram as operações de forma simultânea e devem compartilhar provas. No entanto, no âmbito estadual, os investigadores do Gaeco analisaram cópias de procedimentos de dispensa emergencial de licitação, realizados pelos Fundos Municipais de Saúde e de Assistência Social, onde foram constatados indícios de malversação de dinheiro público.Em julho, o Ministério Público obteve liminar para que a Prefeitura de Carmópolis não efetuasse qualquer pagamento referente a contratos decorrentes dos procedimentos de dispensa de licitação. Segundo o MP, os procedimentos apresentaram irregularidades, a exemplo de sobrepreço, direcionamento de contratação e ausência de fundamentação.
A Prefeitura de Carmópolis não se manifestou sobre as operações até a última atualização desta notícia.





