Prioridade ao coletivo e inclusão devem nortear o trânsito, apontam especialistas
Política 23/03/2018 21h29 - Atualizado em 23/03/2018 21h38

Por Will Rodriguez

Com uma população de 650 mil pessoas e uma frota de veículos em ascensão, Aracaju se vê diante do desafio de aperfeiçoar a sua mobilidade urbana. Mas o problema não é peculiaridade da capital sergipana, pelo mundo a fora, os grandes centros urbanos se debruçam sobre o equilíbrio em seus sistemas de trânsito.

Os caminhos e limites da mobilidade urbana pautaram a primeira edição deste ano no Café com Debate, na noite desta sexta-feira (23), em Aracaju, com representantes do setor de transporte, do Poder Público e da sociedade civil organizada.

Com uma frota de mais de 590 veículos, o sistema de transporte público da Grande Aracaju atende a cerca de 230 mil passageiros por dia. O setor, conforme o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp), Alberto Almeida, enfrenta entraves como a falta de prioridade ao coletivo e o desequilíbrio entre custo e produtividade.

“A qualidade do serviço se dá através de tecnologia, infraestrutura, políticas públicas,  dentre outros fatores. Quanto mais engarrafado o trânsito estiver, maior será o custo da operação. Ademais, entre 2014 e 2017 houve um aumento de 96% na gratuidade na Grande Aracaju e quem paga é o usuário”, afirma Alberto Almeida.

Para o diretor da Associação Nacional de Transportes Urbanos (ANTU), Marcos Bicalho, especialista em mobilidade, a questão será resolvida a partir da priorização do transporte coletivo.

“O aumento do transporte individual tem gerado graves prejuízos para a qualidade de vida urbana. O transporte coletivo é o único meio de ter uma mobilidade mais racional, que não traga tantos efeitos negativos, como poluição e acidentes”, diz Bicalho, apontando ainda ser preciso buscar fontes extratarifárias para subsidiar o serviço.

O professor Fernando Antônio de Souza, representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), fez o contraponto argumentando que a mobilidade precisa ser compreendida “como uma questão política que diz respeito à inclusão social”.

Ele apontou que Aracaju ainda não executa o Plano de Mobilidade já elaborado com base em diretrizes do Plano Nacional para a área e, por isso, há uma “forte exclusão social”. Segundo o arquiteto, “quem mora na periferia, pela má qualidade ou inexistência do transporte, não tem acesso, nem direito, às oportunidades da cidade que se concentram na região central”.

Já o superintendente de Transporte e Trânsito de Aracaju, Aristóteles Fernandes, corrobora a compreensão da necessidade de estímulo ao uso do transporte público. O gestor informou que a Prefeitura retomou o Plano de Mobilidade, elaborado em 2012, que prevê a construção de quatro corredores em avenidas da capital, além da implantação de dez semáforos inteligentes.

Mas, para ele, os dilemas do trânsito serão resolvidos, em sua maioria, a partir do comportamento do próprio cidadão. “A via não é exclusiva. O transporte de massa precisa ter prioridade, quando nossos motoristas entenderem isso, teremos um trânsito melhor”, analisou Fernandes.

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