Sergipanos comentam a trajetória do impeachment de Collor
Política 28/09/2012 18h00

Por Fernanda Araujo

Na oratória eloquente de modernizar o Brasil - pela via conservadora -, Fernando Collor de Mello teve a máscara arrancada depois de pouco mais de dois anos na Presidência da República. Vinte anos do impeachment de Collor se passaram. Foi em 1992 que a população brasileira - principalmente os jovens - saiu às ruas com as caras pintadas para reivindicar a saída de Collor da presidência. Após a queda daquele que ficou conhecido como "caçador de marajás", atualmente senador do PTB, sergipanos lembram-se das denúncias de corrupção e opinam sobre as possíveis mudanças que aconteceram no país.

José Souza, bancário

“A luta política não voltou atrás. Os democráticos e progressistas continuaram fazendo o seu trabalho. A própria condução do governo que era sempre montada em efeitos fantasiosos foi expondo as mazelas de como o governo não tinha base parlamentar própria. Ali tinha mensalão e tudo que era malandragem. A fiscalização contra a corrupção hoje está mais às claras do que naquela época, não tenho dúvida. Hoje temos um poder de fiscalização muito mais presente e atuante, muitas vezes com exageros, mas necessário. Problemas de corrupção são mais acompanhados inclusive pela própria imprensa, que naquele tempo tinha todo um trabalho de calá-la e que hoje é mais atuante”.

Antônio Oviêdo, estudante

“Eu acredito que aquele foi um momento que marcou a democracia nacional, mas que, a partir dali, o povo perdeu a sua capacidade de reivindicar em massa. Vemos apenas grupos separados reclamando dos problemas do país, e não mais como os 'caras pintadas' que vimos em 1992. Além disso, a corrupção no país só fez crescer nesses últimos vinte anos e somente agora, com o julgamento do caso "Mensalão", é que vemos uma resposta do Judiciário e da opinião pública com relação a esse tipo de conduta do político brasileiro”.

Evilásio Pereira, bancário

“O impeachment foi uma lição para todos os políticos e para toda a sociedade, ali foi um grande movimento da classe trabalhadora e da classe juvenil. Eu acho que melhorou a participação da sociedade, a criação de leis como os estatutos do Adolescente e do Idoso. Os órgãos em defesa do consumidor, como o Procon, em defesa dos direitos das pessoas ficaram muito mais eficientes a partir daquele momento, quando também juízes foram julgados e colocados na cadeia. Acho que a sociedade ficou mais alerta com relação aos seus direitos”.

João Moura, músico

“Na política, absolutamente nada (mudou), continua a mesma forma de governar e de fazer valer o poder. Tanto é que o próprio Collor está de volta, de mãos dadas com o poder”.

André Felinto, assistente administrativo

“Para mim, nada mudou após o impeachment. Não considero o afastamento de Collor como uma vitória, infelizmente no Brasil o povo não é informado do que realmente acontece. As emissoras apresentam aquilo que convém aos seus financiadores, muita coisa é omitida e camuflada. O impeachment é apenas mais uma evidência, a prova disso é que nestes últimos 20 anos o Brasil continua o mesmo, as pessoas cada vez menos educadas a opinar e escolher seus líderes políticos”.

Histórico

O começo da queda de Collor se deu com as primeiras denúncias de corrupção, a exemplo do tráfico de influências envolvendo Paulo César Farias, ou, PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor nas eleições de 1989. Mas foi em maio de 1992, quando o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, acusou o PC de comandar um esquema de corrupção, o qual o presidente era cúmplice. Após um longo processo de investigação no Congresso e manifestações da opinião pública, Collor renunciou três meses antes de ser julgado. Fernando Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos, cedendo o cargo em definitivo ao vice Itamar Franco. No entanto, foi inocentado da acusação de corrupção passiva pelo Supremo Tribunal Federal em 1994. Hoje, Collor pode disputar a Prefeitura de Maceió, substituindo o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), cassado pelo TSE por não pagar uma multa em 2006.

Fonte: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) – Escola de Ciências Sociais e História da Fundação Getulio Vargas.

Imagem: Google

 

 

 

 

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