Um levantamento realizado na rede estadual de ensino, pela força-tarefa da Covid-19 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), mostrou que 51% dos professores da amostra testaram positivo para o novo coronavírus. Os testes foram realizados entre 17 de novembro e 20 de dezembro em 28 municípios.

Entre coordenadores e gestores da amostra, o percentual de contaminação também foi de 51%. Já entre alunos, 46% testaram positivo. Para os demais trabalhadores, como merendeiras e agentes de limpeza, o percentual foi de 49%.

Ao todo foram realizados 2257 testes nos municípios de Aracaju, Laranjeiras, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro, Estância, Itabaianinha, Umbaúba, Lagarto, Simão Dias, Tobias Barreto, Itabaiana, Campo do Brito, Ribeirópolis, Capela, Nossa Senhora da Glória, Japaratuba, Maruim, Nossa Senhora das Dores, Siriri, Graccho Cardoso, Poço Redondo, Própria,  Neópolis, Aquidabã, Porto da Folha, Nossa Senhora de Lourdes e Canindé de São Francisco e Gararu.

Sala de aula da rede estadual sergipana. Foto: Maria Odília/Seduc

Do total, 2198 testes foram considerados válidos e, desse montante, 1137 (52%) apresentaram o resultado não detectado, já 1061 (48%) tiveram o resultado detectável, mostrando a identificação de material genético viral das amostras e fase ativa da infecção, com elevado risco de contágio.

Segundo o professor da UFS, Lysandro Borges, coordenador da força-tarefa, o resultado indica que a contaminação ocorreu fora do ambiente escolar, já que os testes foram realizados no retorno das aulas apenas das turmas do 3º ano do Ensino Médio.

"A gente deduz que essa contaminação foi antes da abertura das escolas, já que a gente testou no primeiro dia de aula. Mas um dado que nos preocupa é que o anticorpo de memória, o IGG, só deu reagente em 3% dessa população, mostrando que a maior parte dessas pessoas não teve contato nos meses anteriorioes, mas sim nos 14 dias que antecederam ao início das aulas", o que, segundo o doutor Lysandro, mostra que a maioria estava com o vírus na fase ativa, com alto grau de transmissão.

O professor Lysandro reforça que os testes devem ser repetidos no período de três a quatro meses para verificar se a estatística se mantém.

Os índices chamaram atenção em alguns municípios, com destaque para Poço Redondo, no Alto Sertão do estado, onde 96% dos testes realizados apresentaram resultados positivos. Situação semelhante ocorreu em Capela, onde 93% dos testes foram positivos. O índice também é alto em municípios do Sul -  em Lagarto, Simão Dias e Tobias Barreto, 85% dos testes apresentaram resultado positivo.

A situação se inverte em municípios da Grande Aracaju, que apresentaram os menores índices. São Cristóvão teve apenas 1% de resultados positivos; Laranjeiras, 9%, e na capital sergipana, 26%.

De acordo com Lysandro, os resultados parciais mostram o perfil da pandemia em Sergipe, com um aumento nos municípios pequenos e uma redução na Região Metropolitana. 

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), a partir dos números apresentados providências devem ser adotadas para ampliar a segurança sanitária nos ambientes escolares.