A resistência e a noção de pertencimento do Encontro Cultural de Laranjeiras
Evento resgata a memória e mantém a participação popular no município sergipano
Cotidiano | Por Saullo Hipolito e Emerson Esteves 11/01/2020 07h20

Eventos como o 45º Encontro Cultural de Laranjeiras, que vai até o próximo domingo (12), se fazem ainda mais importantes nos dias de hoje. O cenário político-ideológico do país em diversas situações questiona a real relevância da cultura e arte no Brasil, ainda mais as manifestações populares. 

A participação da população é essencial para manutenção de sua história, para resistir a qualquer imposição e preconceito. Esse fortalecimento da cultura sergipana pode ser visualizado através da organização de eventos como o de Laranjeiras. 

A professora Aglaé Fontes, presente no Encontro, que neste ano teve como tema “Duzentos anos da emancipação de Sergipe”, afirma que através de uma série de ações a memória da cultura sergipana pode ser resguardada: “Eu acho que por meio de eventos, encontros, gravações, documentações, porque nós sergipanos não somos muito preocupados com memória. Acho que tem que ter essa insistência, porque como não é uma coisa muito natural, o sergipano se preocupar com memória, então tem que haver um grupo de pessoas mexendo nessas atividades para mostrar que a gente tem coisa importante”, ressalta. 

O projeto de pesquisa “A cidade como espaço de memória e pertencimento”, desenvolvido desde 2013 pelo professor Fernando Valério, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), é justamente uma dessas ações que visam preservar e sobrelevar a identidade sergipana. 

“Atrelado a essa linha de pesquisa nós estamos trabalhando com a temática do Círculo do Fogo. Então a proposta trazida para Laranjeiras é trabalhar a cidade do fogo, a cidade de Estância, na tematização daquilo que é a sua maior identidade - o Círculo do Fogo estanciano”, afirma o professor que palestrou no Encontro Cultural de Laranjeiras. 

O professor conta que desde 2017 possui um grupo de pesquisa vinculado ao Memorial de Cultura que tem o objetivo de resgatar e fazer o registro das manifestações culturais de Estância. O trabalho se guia por três metas: mapear os grupos folclóricos da cidade, construir um espaço de memória permanente sobre o Círculo de Fogo e a terceira é catalogação do material científico, jornalístico e fotográfico para registrar as memórias. 

Ele ressalta que existem caminhos institucionais para manter viva a essência cultural sergipana, mas que principalmente a participação da sociedade civil é de suma importância para imprimir a noção de pertencimento: “Temos o sistema educacional, que está envolvido, o sistema de políticas públicas e a sociedade civil que é de suma importância. O poder público não vai guardar, manter esse registro, se não tiver uma ideia de pertencimento. Isso aqui em Laranjeiras é de fundamental importância”, complementa.

Logo, para continuar levando a tradição, o DNA sergipano, para futuras gerações e nutrir um sentimento de pertencimento com sua sergipanidade, o 45° Encontro de Laranjeiras é um aparato importante. E isso fundamenta, em participantes e visitantes, o reconhecimento e representatividade sobre quem elas são.

“Um povo só reconhece sua história quando se degusta de sua cultura. Um povo sem história é um povo sem cultura. É um povo que fica a quiçá das mazelas dos nossos sistemas políticos e da nossa sociedade. A melhor forma de você estimular é via educação patrimonial, fazendo com que as pessoas se reconheçam naquilo que representam”, finaliza o professor Valério. 

Edição de texto: Fernanda Araujo
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