Antônio Leite recebe homenagem por seus 50 anos de carreira artística
Confira a entrevista com esse aracajuano cheio de talento e boas histórias
Cotidiano | Por Monica Pinto 30/11/2019 12h30 - Atualizado em 30/11/2019 17h37

Na próxima quarta-feira (4), o ator e diretor Antônio Leite será homenageado pelos 50 anos de sua sólida e eclética carreira artística. O evento será às 20h no Next Business Club, espaço recém-inaugurado na Farolândia – à rua Alferes José Pedro Brito, 1170 – que oferece estações de trabalho no formato coworking e um lounge onde os proprietários - Rafael Lins e Lucas Pereira – apostam em apresentar diversificadas manifestações culturais. Nessa perspectiva, o diretor teatral Jorge Lins, pai de Rafael, idealizou e coordena a homenagem a Antônio Leite. “Vai ter a participação de diversos artistas”, antecipa, sem entrar em detalhes que comprometam a surpresa. A entrada é gratuita, mas, como há poucas mesas disponíveis, reservas podem ser feitas pelos telefones (79) 3085-9224 e (79)98126-5115 (WhatsApp).

Antônio é um artista de múltiplas facetas. Aos 68 anos, pode afirmar que já fez “de um tudo”. No cinema, atuou em grandes produções, como “Corisco e Dadá”, de Rosemberg Cariry; “Fronteira das Almas”, “Mário”, “Zé de Julião” e o premiadíssimo “Sargento Getúlio”, todos sob a batuta do cineasta Hermanno Penna.  Participou ainda de vários curtas e cita como preferidos "Lampião Revisitado", de Zoroastro Santana; "Senhor W", de Andréa Villela, e “Loiríssimas Número 1", de Sidney Xambu. 

Na telinha, a versatilidade desse aracajuano criado em Capela também fica patente. Protagonizou dezenas de comerciais e atuou nas principais redes nacionais, como a extinta Tupi; Globo – onde participou da minissérie “Tereza Batista” -; SBT, Cultura e Bandeirantes, na qual encarnava um palhaço no programa TV Criança. Aliás, com foco no universo infantil, é autor das peças “Os três trapalhões” e "Ecologia é Papo Cabeça", esta um musical cujo enredo promove a educação ambiental. 

Em sua vertente empreendedora, Antônio Leite fundou e conduziu duas agências de publicidade – “com os melhores clientes de Aracaju” -, um bar na praia da Aruana (Botequim.bom); o bloco Caranguejo Elétrico; mais recentemente, abriu uma loja de móveis customizados; e agora se dedica à carcinicultura no município de Brejo Grande. 

No decorrer dessa trajetória, ainda encontrou ânimo para ingressar na seara política. Foi candidato a prefeito de Aracaju em 1994; a senador em 2002 e a deputado federal em 2010, sempre concorrendo pelo Partido Verde, que chegou a presidir na capital sergipana. 

Pai de Merissa; de Bianca – que deu a ele a neta Letícia -; de Júlia e de Daniel, este fruto da relação com Maria Cecília Tavares Leite, secretária de Educação de Aracaju, com quem está casado há 13 anos, Antônio Leite se diz realizado e com fôlego para fazer muito mais. Uma pequena parte de sua história está na entrevista a seguir. 

F5News - Com que idade você descobriu que desejava seguir o caminho artístico? Como isso aconteceu?
Antônio Leite -
Quando ouvi pela primeira vez a palavra "teatro" eu já estava com uns 18 anos. Conheci os locutores/atores Oliveira Júnior, Acival Gomes, professor Alencarzinho, e outros atores que montaram a peça “Recital sem Opus", do professor João Costa, pela Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, e que foram participar do Festival de Teatro de Arcozelo, no Rio de Janeiro. A partir desse contato, passei a frequentar a SCAS, onde fui secretário. Daí comecei a me interessar pela cultura erudita, coisa que não conhecia. 

F5News – Quais foram seus primeiros passos nas artes cênicas? 
Antônio -
Em 1970 fui trabalhar na montagem da peça "O Boi e o Burro no Caminho de Belém", de Maria Clara Machado. Nessa ocasião fui laureado com uma bolsa de estudos pelo Conselho Estadual de Cultura, através da professora Núbia Marques, para estudar na Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP – em São Paulo. Nesse mesmo período montamos o Grupo Livre de Teatro da SCAS. A partir daí, iniciei a minha carreira.

F5News – Em 1978, você interpretou um papel importante em “Sargento Getúlio”,  que só chegou ao circuito comercial em 1983, ano em que ganhou cinco Kikitos no Festival de Gramado e, depois, reconhecido além-fronteiras.  Como encarou a responsabilidade de atuar num filme baseado em uma obra de João Ubaldo Ribeiro, contracenando com o já famoso Lima Duarte e com o também sergipano Orlando Vieira?


Antônio -
Encarei com simplicidade, o que é uma minha característica. Posso dizer que “Sargento Getúlio”, um filme premiado em vários festivais internacionais, foi o trabalho mais importante  da minha trajetória. Primeiro, por ter o privilégio de contracenar com essas figuras; depois, por ter conhecido o grande cineasta Hermanno Penna, de quem fiz quatro longas, meu amigo, meu irmão. “Sargento Getúlio” me levou de volta a São Paulo.

F5News – Você fundou e gerenciou um bloco de sucesso crescente – o Caranguejo Elétrico – que desfilava fora do circuito oficial do Pré-Caju. Para além da proposta de disseminar conscientização ambiental, ele chegou a ter como atrações Elba Ramalho e Moraes Moreira. Qual o balanço dessa experiência?
Antônio -
O Bloco Ecológico Caranguejo Elétrico foi um marco na minha vida, foram 25 anos de muita alegria. Com a mortandade do caranguejo no ano 1990, eu fui às ruas - e principalmente nos bares – com um megafone pedir às pessoas que não consumissem o crustáceo. Nesse momento se iniciava o Pré-Caju e, junto com uns dez amigos e um minitrio elétrico, invadimos o evento com o objetivo de atingir aquela massa. Deu certo. O Caranguejo Elétrico não era apenas um bloco, e sim um movimento, com muita empatia junto ao público. Acredito que atingimos os corações de parte da sociedade, e esse era nosso objetivo: levar a conscientização ao subconsciente do povo. Chegamos à adesão de 3.500 participantes apoiando essa iniciativa, sucesso absoluto.

F5News – Quais seus planos para o futuro?
Antônio -
As coisas sempre aconteceram na minha vida com naturalidade, de um artista de Teatro, Cinema e Televisão, hoje crio camarão  em Brejo Grande, curtindo a beleza da foz do rio São Francisco. Ao 68 anos, sei que ainda acontecerá muita coisa na minha vida. Nunca fui de projetar muito o futuro. Disse Fernando Pessoa: "O mundo é para quem nasce para o conquistar. E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão”. E viva o prazer feliz de viver!


Para saber mais - e se divertir muito -, confira o vídeo do compositor e cantor Paulo Lobo e do cinegrafista Álvaro Rocha, no qual ele é entrevistado pelo diretor e agente cultural Jorge Lins; pelo jornalista e professor Luciano Correia, secretário adjunto de Comunicação da Prefeitura de Aracaju; pelo poeta, professor e pesquisador João Brasileiro e pelo próprio Paulo Lobo.

 

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