Após morte de professora, escola do 17 de Março retoma atividades
Andréa Belizário foi assassinada pelo ex-marido que se matou na porta do colégio Cotidiano | Por Agência Aracaju 07/05/2019 14h12A flor colocada cuidadosamente na orelha esquerda foi dada à professora por uma aluna, agrado que foi logo seguido por um abraço. O gesto de carinho ocorreu na manhã terça-feira (7), na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Souza de Jesus, localizada no bairro 17 de Março. Este foi apenas um dos tantos gestos tocantes ocorridos nesta manhã, quando a unidade de ensino voltou às atividades e, no lugar da tragédia ocorrida na semana passada, se deu a acolhida merecida e necessária a alunos e funcionários. Na última quinta-feira (2), em frente à escola, a professora Andréa Monte Santo Belizário, de 37 anos, foi morta pelo ex-companheiro, este que, em seguida, cometeu suicídio.
Logo depois da tragédia, as equipes da Prefeitura de Aracaju, através das secretarias municipais da Defesa Social e Cidadania (Semdec), da Educação (Semed) e da Assistência Social, se mobilizaram para prestar o devido auxílio aos familiares da vítima e planejou, cuidadosamente, o retorno às aulas que ocorreu nesta terça. Todo o zelo empenhado resultou numa manhã que, além da saudade por parte dos alunos e colegas da professora Andréa, contou com o instinto humano de acolher para amenizar o peso da perda.
“Desde o dia da tragédia, a Prefeitura tem dado todo o suporte à equipe da escola e aos alunos. Na própria quinta-feira, estivemos com uma presença forte em meio à situação. Ontem, tivemos uma roda de conversa com todos os professores e trabalhadores, no sentido de preparar a equipe para o momento do retorno. Hoje, nosso intuito foi o de acolher, tanto os funcionários da escola como também os alunos e seus familiares, muitos deles que, inclusive, presenciaram a tragédia. Somos seres humanos e precisamos de apoio, precisamos de algo que nos faça ressurgir das cinzas para continuarmos a nossa missão. É necessário que essas pessoas consigam se mobilizar”, afirmou a secretária municipal da Educação, Maria Cecília Leite.
Da mesma quadra onde a aluna deu espontaneamente uma flor à “tia”, outras tantas demonstrações de gentileza foram vivenciadas, prova de que a violência que circundou os últimos dias e que, infelizmente, também faz parte da rotina da comunidade que é uma das mais carentes de Aracaju, é apenas uma parte de um todo que pode ser muito mais leve e melhor, como na história contada como parte do acolhimento, onde uma folha de papel queria ser um barco para flutuar pelo rio e encontrou, pelas mãos de uma criança, as formas para, em dobraduras, ser o que desejava e ir além.
O acolhimento feito com abraços, músicas e contação de histórias que usou de metáforas como a da folha de papel foi realizado com bases no método aplicado na própria escola, a pedagogia Waldorf que, entre outros pontos, estimula o olhar para o outro. “A José Souza, assim como a Emei [Escola Municipal de Educação Infantil] José Calumby, trabalha sob uma perspectiva pedagógica que é extremamente importante para a contemporaneidade, porque ela é profundamente humanizadora. A pedagoagia Waldorf ambienta que a gente não faça uma ação de grande ruptura, que a gente trabalhe numa perspectiva, o mais breve possível, já no dia de hoje, no caso, voltar à rotina da escola. Nos próximos dias, outras atividades serão desenvolvidas de maneira mais tópica, por exemplo, há o plano do plantio de uma muda específica para homenagear a memória da professora Andréa”, destacou o diretor da Educação Básica da Semed, Manuel Prado.
A leveza no acolher fez com que a professora do 3º ano, Neila Gouveia, se sentisse mais preparada para o retorno aos trabalhos. “Tentamos, primeiro, nos entender, compreender nossa angústia para depois a gente se apoiar e, em seguida, acolher os alunos. Aqui na escola, enxergamos o aluno como um todo, então, nos preocupamos com o que pode passar pelo coraçãozinho deles, pela cabecinha deles, para poder ajudar na formação de pessoas mais humanas, que olhem para o próximo com mais amor. Todo o processo que passamos, de certa forma, ajudou a fortalecer esses laços de cuidado”, ressaltou.
Foi esse cuidado que deu à dona de casa Edna dos Santos a certeza de que a filha estaria em boas mãos ao retornar para a escola. “Minha filha vem sendo muito bem acolhida desde a José Calumby e, agora, na José Souza, ela tem recebido tudo o que é importante para a formação como estudante, mas, sobretudo, fico aliviada e satisfeita por saber que ela é bem cuidada e recebe atenção. Num momento como esse, nós, pais e mães, só desejamos que nossos filhos recebam o cuidado que precisam para passar sem grandes danos. Esse acolhimento foi maravilhoso e só me deu certeza de que a minha filha está em um bom lugar”, frisou.
Ao final da acolhida, cada aluno recebeu um balão de cor branca para simbolizar a paz que tanto se deseja ter. No interior de alguns desses balões, foi colocada uma semente de girassol. A intenção era simples, mas, carregada de significado: que, ao estourar de cada balão que foi jogado para o céu, uma semente caia em um lugar diferente e, mais do que girassóis, floresça o bom e o belo para que não mais pessoas sejam mortas vítimas de ódio, intolerância ou falta de amor.


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