Aracaju tem 1.800 casas em áreas de risco de deslizamento e inundações
Defesa Civil orienta quem vive em edificações expostas a perigos geológicos Cotidiano | Por Fernanda Araujo 07/01/2020 07h30 - Atualizado em 07/01/2020 17h25Embora Aracaju não esteja em um período chuvoso, várias comunidades na capital sergipana vivem em constante alerta sobre riscos de deslizamento de terra e inundações. Com o avanço urbano, várias casas foram construídas de forma irregular em áreas de morros e encostas, ou ainda próximas a rios, o que tem gerado diversos transtornos às comunidades, fora os impactos ambientais.
A Defesa Civil de Aracaju classifica as áreas como 'risco muito alto' ou 'risco alto'. Da Zona Norte à Zona Sul, existem cerca de 42 áreas com risco alto ou muito alto para deslizamento de terra, o que configura um total de 821 imóveis.
De inundação, há um total de 21 áreas, o que perfaz um total de 1.059 imóveis construídos em áreas de riscos alto ou muito alto, conforme dados atuais do órgão municipal. As áreas dos bairros da Zona Norte são onde se concentram mais riscos de deslizamentos.
São bairros como Soledade, Cidade Nova, Porto D'antas, Bairro Industrial, América e Santa Maria sujeitos a movimentação de massa, o que é chamado de deslizamento de terra, um fenômeno de ordem geológica, ou por variações climáticas, que envolve o desprendimento e transporte de solo e/ou material rochoso encosta abaixo. Entre as áreas sujeitas à inundação estão Jabotiana, Bugio e Soledade, apontadas também em um levantamento de 2013 pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do Brasil (CPRM).
Em comparação aos dados de 2013 sobre áreas de risco alto, subiram de 15 para 36 as áreas de deslizamentos; e de 2 para 15 às sujeitas a inundação. Esse aumento, no entanto, se deu em função da atual subdivisão das áreas e de um trabalho de detalhamento feito pelo órgão. Recentemente, a Defesa Civil aprimorou os dados, já que em anos atrás não havia a classificação para 'risco muito alto' e todas as áreas eram apenas classificadas como de 'risco alto'. Hoje, com a nova classificação, segunda a Defesa, se possibilitou identificar os pontos mais críticos e que demandam atenuação prioritária.
"Em 2013, a CPRM realizou um levantamento e não elencou as áreas de risco muito alto, fizeram apenas as áreas de risco alto. O que a gente vem fazendo durante esses anos é o detalhamento dessas áreas, que realmente denotam preocupação maior quando se tem eventos diversos. Onde em determinada área, por exemplo, tinha cerca de 50 imóveis como risco alto, retirei desses 50 as áreas que realmente possuem risco muito alto; onde não tinha nenhuma passou a ter seis", afirma o major Sílvio Prado, coordenador da Defesa Civil de Aracaju.
Somente em relação às áreas classificadas de risco muito alto para deslizamento, são hoje em torno de seis regiões. Isto dá um total de 57 imóveis localizados em três bairros: Cidade Nova, América e Soledade. Já para risco de inundação na mesma classificação, existem duas áreas com um total de 12 imóveis concentrados no bairro Jabotiana.
Orientações
Para as pessoas que residem em áreas consideradas de risco muito alto para deslizamento, quando a residência está próxima da inclinação de um morro, por exemplo, ou em encostas, a Defesa orienta aos moradores que não plantem árvores de grande porte nem na base do terreno e nem no perímetro do talude - inclinação na superfície lateral. Em caso de chuvas pesadas, o solo fica úmido e passa a ter menos resistência, gerando a possibilidade de não suportar o peso das árvores, que podem desabar e levar consigo a terra para cima da residência.
“A gente verifica muito nessas áreas plantação de bananeiras, justamente uma árvore de grande porte e com raízes rasas, que não têm muita fixação; são as primeiras a caírem quando o solo está encharcado. Outra coisa a observar durante as chuvas são as árvores que têm algum tipo de inclinação, isso demonstra que está apresentando sinais de que existe movimentação de terra na base das suas raízes e ela está próxima a tombar", afirma o coordenador.
Deve-se verificar ainda a inclinação de postes de energia nessas áreas, e dentro de casa o aparecimento de afundamento de piso, rachaduras e o barulho da madeira do telhado, o que podem indicar risco de desabamento parcial ou total da estrutura. Além disso, residências não podem ser construídas em menos de cinco metros de uma ribanceira. Retirar a vegetação originária dessas áreas também é prejudicial para a sustentação do solo, o que deixa a encosta mais instável em tempos de chuva.
Em todos os casos, deve-se proceder a evacuação imediata do imóvel. Em qualquer sinal apresentado, após a evacuação, a orientação é ligar para a emergência no 199; o serviço é 24h, para que técnicos da Defesa Civil façam a avaliação da estrutura. Um canal de comunicação gratuito também é disponibilizado para quem quiser receber mensagens de alerta sobre eventos adversos. A pessoa deve enviar o CEP de onde reside por mensagem de texto para 40199.
"A Defesa Civil de Aracaju formou nove Núcleos de Defesa Civil da Comunidade com prioridade para áreas de risco muito alto. Além de promover conhecimento sobre ações preventivas para essas comunidades, os grupos atuam como voluntários, auxiliando a Defesa Civil não só para ações preventivas, mas também estando aptos a contribuir em situação de sinistro. Todos passaram por capacitação e mantém contato frequentemente com os técnicos, colaborando com informações que auxiliam no monitoramento das áreas", informa o órgão.
Mapeamento
Em dezembro, a prefeitura atualizou o mapeamento dessas áreas de risco na capital. Visitas foram realizadas desde o final de novembro, por meio da Secretaria Municipal da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), técnicos do Serviço Geológico do Brasil - CPRM e com a equipe de engenharia e geologia da Defesa Civil de Aracaju. Na época, a CPRM identificou que, apesar de alguns pontos que precisam ser aprimorados, comparado a 2013, alguns setores diminuíram e outros saíram da condição de risco alto ou muito alto, abaixando o grau de risco.
As informações devem ficar armazenadas no banco de dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem) que comunica casos de alertas, no cadastro da CPRM, e poderão ser inseridas no Plano Diretor da cidade.
A atualização deve contribuir para os órgãos obterem informações com maior precisão de quais casas e quantas pessoas residem na área de risco, principalmente numa possível ocasião de alerta, favorecendo o controle das situações de risco, além de auxiliar, se necessário, na decretação de situação de emergência e captação de recursos junto ao Governo Federal.
*Com informações da Agência Aracaju de Notícias





