Artistas de ônibus levam música para usuários do sistema público
Apesar de não regulamentada, a prática é autorizada em Aracaju (SE) Cotidiano | por Victória Valverde* 10/03/2019 15h00 - Atualizado em 11/03/2019 09h54O cotidiano de quem utiliza o transporte público é agitado. Ônibus lotados, engarrafamentos e correria embaixo do sol escaldante fazem parte da rotina de muitos. Em meio à pressa do dia-a-dia, encontramos artistas que usam o transporte como ganha-pão e convidam os passageiros a desacelerar e entrar em contato com a arte.
Apesar de não ser uma atividade regulamentada, segundo a assessoria da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT/Aracaju) a prática dos músicos nos transportes públicos é autorizada.
Pequenas alegrias cotidianas
Inspirado por outros artistas que tocam nos transportes públicos e pelo desejo de levar a alegria da música aos mais inusitados lugares, o músico e estudante de medicina Maxwell Santos (foto) começou a se apresentar nos ônibus há três anos. Ele toca violão e canta seus gêneros musicais favoritos: pop, rock e MPB.
Em média, Max (@_cuscuz_ no instagram) tocava de duas a três horas diárias nos ônibus. Nesse meio tempo, ele conseguia arrecadar cerca de 40 reais. Não era possível se sustentar apenas dessa quantia, mas já significava uma grande ajuda financeira. Hoje trabalha com mentoria para ajudar outros estudantes a passarem no vestibular de medicina.
“As minhas experiências foram ótimas, tanto pelas doações quanto pelas conversas que eu tive com as pessoas. Aprendi que, independente do que as pessoas irão pensar, sempre devemos fazer aquilo que está no nosso coração. A vida é uma só e quando perceber, ela pode ter passado pela janela e você foi apenas um passageiro apático, nunca tomou as rédeas das suas escolhas”, reflete o músico.
Dentre as experiências vividas no ônibus, Maxwell se lembra vividamente da vez em que uma pessoa lhe contou que iria se matar naquele dia, mas mudou de ideia depois de ver sua apresentação. O momento vivido reforçou para o músico o poder da música e a importância de levá-la a todos os lugares.
“Não acredito que tenha sido eu que tenha gerado essa mudança de pensamento, mas ver alguém fazendo algo um pouco fora da caixa faz a gente perceber que esses sentimentos negativos muitas vezes são apenas frutos da opinião errônea do outro”, diz o músico.
Buzão musical
Marvin Lima, de 21 anos, começou a tocar nos transportes públicos – além de barzinhos e eventos no geral – há cerca de um ano. Em contato com a música desde os sete anos, decidiu viver dela. Assim como Max, ele toca violão e canta um pouco de tudo, mas principalmente rap, blues, samba, rock e MPB.
“A recepção das pessoas no ônibus é complicada porque são muitas cabeças diferentes. Todo mundo gosta de música, mas nem todo mundo respeita o trabalho. Tem gente que é desrespeitoso e chega a me empurrar, mas também tem várias pessoas que fazem questão de que eu suba para fazer o trabalho”, diz Marvin.
Ainda segundo ele, a valorização dos artistas – em especial dos que se expressam nas ruas – é muito baixa, muitas vezes espera-se até que o músico se apresente de graça.
“As pessoas acham que fazemos isso por não ter outra escolha, mas na verdade é uma maneira de viver bem e fazer o que gosta. Temos que ocupar as ruas porque outros espaços não permitem nossas intervenções”, disse o cantor.
A estudante Arlinda Souza utiliza o transporte público diariamente e vê com bons olhos a presença dos músicos nos ônibus.
“O ônibus, por ser coletivo, é um ótimo palco para esses artistas, tanto para a disseminação dos seus trabalhos quanto para o seu desenvolvimento pessoal. Sinto constrangimento ao ver o modo como certas pessoas os tratam. A maioria finge que não está vendo e age como se eles estivessem ali para roubar seu dinheiro. Eu, particularmente, me sinto muito feliz. Muda meu dia”, defende a estudante.
*estagiária sob a orientação da jornalista Monica Pinto.


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