Atenção psicossocial de crianças e adolescentes ainda é desafio para o Brasil
Assunto foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Sergipe
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 19/07/2018 12h30 - Atualizado em 19/07/2018 12h31

A atenção psicossocial de crianças e adolescentes ainda é uma problemática enfrentada atualmente, um tema visto como tabu pela sociedade. Para especialistas, o cuidado integral com a saúde mental e emocional de meninos e meninas é tão importante quanto a sua saúde física e deve ser pensado a partir de sua singularidade e individualidade.

Esse debate foi tema da audiência pública “Conceito e Preconceito da Sociedade referente à Saúde Mental da Infância e da Adolescência”, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), na manhã desta quinta-feira (19), realizado pela Frente Parlamentar em Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente.

Para a deputada estadual Ana Lúcia, coordenadora da Frente, o Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 28 anos, é importante para garantir políticas públicas para quem sofre de algum tipo de transtorno mental. No entanto, ainda é uma lei que não foi implementada e sofre profundos preconceitos, com estigmas, rótulos e discriminação quanto a esses direitos, sem se ater à concepção científica correta.

“A interpretação do Estatuto por alguns segmentos conservadores da sociedade reproduz todo o processo de exploração que a própria sociedade vive. O Estatuto diz que criança e adolescente é prioridade absoluta, e aí você vê as crianças no semáforo, passando fome, abandonadas, e nas que têm algum tipo de transtorno a discriminação é maior ainda. A maioria pertence a camadas populares, em geral tem uma sociedade subescolarizada. Essas crianças sofrem duplamente, pelo transtorno e porque não são acolhidas, e não tem convivência social entendendo todos a sua problemática”, afirmou a deputada.

Dados do Censo Escolar da Educação Básica 2017, divulgados este ano pelo Ministério da Educação (MEC), apontam que o índice de inclusão de pessoas com deficiência em classes regulares, o que é recomendado, passou de 85,5% em 2013 para 90,9% no ano passado. No entanto, seis em cada dez alunos com deficiência não têm acesso ao atendimento educacional especializado, por exemplo.

Segundo o médico pediatra Byron Ramos (foto), ex-presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade Brasileira de Pediatria, “não existem crianças e adolescentes com deficiência intelectual ou adultos surdos que respondam e reajam da mesma forma”. Conforme o pediatra, a rede precisa ser estruturada para atender as individualidades de cada pessoa e explorar suas potencialidades.

“É preciso que entenda essa individualidade. ‘Ah, ele tem essa deficiência, não vai aprender assim’, cada pessoa é única. As pessoas com deficiência, independente do grau delas, têm um potencial ilimitado para se tornar não o que nós queremos que sejam, mas o que eles desejam. Não se pode infantilizar a pessoa com deficiência para sempre”, assegurou Ramos.

Um dos grandes problemas de saúde pública é o suicídio, cada vez mais presente entre os jovens e que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), está associado a distúrbios mentais, depressão, transtorno de personalidade, entre outros fatores. O pediatra alerta que a internet é um dos influenciadores de suicídios entre crianças e adolescentes, além da falta de afeto e vínculo entre os pais.

“É preciso muito o controle dos pais porque existem vídeos que orientam sobre a questão do suicídio. Essas pessoas têm no espírito e na sua alma sensações que precisam de cuidados que às vezes os pais não estão percebendo o problema, pois é difícil perceber quando as crianças estão deprimidas”, destacou.

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