Operação Mamulengo
Babá dos filhos de vereador foi nomeada como servidora da Câmara de Capela
Além de cargos fantasmas, Polícia Civil identificou o pagamento indevido de diárias
Cotidiano | Por Will Rodriguez 09/06/2020 11h40 - Atualizado em 09/06/2020 12h07

A babá dos filhos de um vereador de Capela, Adaltro Santos, ex-presidente do Legislativo Municipal, era uma das pessoas nomeadas em cargos fantasmas, que teriam sido incluídas no esquema de pagamento indevido de diárias articulado pelo parlamentar para desviar recursos públicos durante sua gestão como presidente da Casa Parlamentar. É o que aponta a denúncia da operação Mamulengo, deflagrada hoje (2) e que resultou na prisão preventiva do parlamentar. 

Segundo os investigadores, entre os anos de 2017 e 2018, Adaltro teria nomeado servidores que não prestaram serviço efetivamente na Câmara da cidade, além de ter efetuado o pagamento indevido de cerca de R$ 160 mil em diárias relativas a cursos que jamais ocorreram. A fraude começou a ser investigada em julho do ano passado a partir da denúncia de um morador capelense, com base em dados do Portal da Transparência.

No curso da apuração, a funcionária da família de Adaltro disse nunca ter cumprido expediente no Legislativo, muito menos participado de qualquer um dos cursos em que seu nome aparece na relação de participantes, pelos quais foram efetuados os pagamentos de 11 diárias. “Todos tinham ciência de que estavam recebendo diárias irregularmente com documentos fraudados”, afirmou o delegado Rodrigo Espinheira, responsável pelo inquérito.

Junto com os mandados de prisão, busca e apreensão cumpridos nesta terça-feira, a Polícia Civil pediu a exoneração da babá - que não teve o nome divulgado - e dos demais servidores lotados irregularmente no Legislativo, mas a presidência da Câmara de Capela não informou se formalizou o ato administrativo até a publicação desta notícia.

No Portal da Transparência da Câmara não está disponível a relação de diárias pagas nos anos investigados pela polícia e também não aparecem contratos formalizados com as outras duas empresas citadas na investigação - uma delas foi fechada um mês após o início do inquérito e a outra está sem sede própria desde o mesmo período. 

Além dos pagamentos indevidos, o suposto esquema conduzido pelo vereador Adaltro Santos incluiu a contratação de empresas sem o devido processo licitatório, entre elas uma construtora que fez uma reforma na sede do Legislativo. Este contrato não aparece no portal da transparência.

A reportagem do F5 News apurou que uma empresa de alimentação também teria recebido R$ 7.900 por um jantar de abertura dos trabalhos legislativos em janeiro de 2017, que nunca ocorreu.

Em abril, a juíza Cláudia do Espírito Santo, da Comarca de Capela, determinou o afastamento do vereador e de outros servidores supostamente envolvidos na fraude. O processo está sob sigilo, mas o F5 News apurou que a defesa do vereador ingressou com um pedido de habeas corpus preventivo na Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-SE), que ainda não foi apreciado pela Corte, embora já tenha recebido parecer do Ministério Público pelo indeferimento.

Adaltro é irmão do ex-prefeito de Capela, Manoel Sukita. 

O advogado do vereador compareceu à sede do Deotap pela manhã, mas não quis falar com a imprensa. O F5 News permanece à disposição para eventuais manifestações posteriores. 
 

Edição de texto: Monica Pintosh
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