Bancos de leite materno em Sergipe têm queda de doações na pandemia
Campanha é realizada nas redes sociais para incentivar mães a doarem Cotidiano | Por Fernanda Araujo 15/04/2020 14h00A crise da pandemia do coronavírus tem afetado diversos setores, inclusive as doações de leite materno, importantes para nutrir e salvar as vidas de milhares de bebês recém-nascidos que estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em Sergipe, os bancos de leite humano já registram queda na oferta diante da situação.
A rede sergipana de bancos de leite é composta por três unidades, uma delas a Marly Sarney, em Aracaju, que destina prioritariamente o leite já pasteurizado à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que atende casos de alto risco de bebês prematuros. Nela, enquanto normalmente a média de doações era de 60 litros por mês, houve redução em torno de 40% nas doações, para atender atualmente em torno de 70 bebês na maternidade.
Segundo a coordenadora da rede estadual de bancos de leite e gerente do Marly Sarney, Magda Dorea, os demais bancos de leite humano - Irmã Rafaela Pepel em Itabaiana; o de Lagarto, Zoed Bitencourt, e o posto de coleta da maternidade Santa Isabel, na capital - também tiveram reduções. "Em Itabaiana, foi em torno de 20% nas doações", diz.A situação, no entanto, não é exclusiva de Sergipe e já afeta a rede de bancos nacional, de acordo com a coordenadora. Enquanto isso, segundo ela, naturalmente diante da pandemia, tem aumentado o número de ligações de mães e famílias preocupadas e que querem tirar dúvidas sobre as doações e os riscos de contaminação. A gerente esclarece que as medidas de prevenção e higienização, como uso de máscaras, toucas, lavagem de mãos e uso de álcool gel, por exemplo, já eram tomadas independentemente do surgimento da Covid-19, conforme protocolos orientados pela rede brasileira de bancos de leite.
"A gente trabalhava com barreira para outros tipos de vírus, então essa conduta já existia, o que colocamos a mais foi a distância das cadeiras, a organização. Como todo e qualquer serviço de saúde a gente teve que se reinventar, teve que procurar ferramentas, formas de trabalhar, muita reunião com as equipes na mudança do processo, no sentido de esclarecer e tranquilizar as mães e proteger tanto elas quanto os bebês. Até o momento, todas as pesquisas não mostram contaminação no leite materno, mesmo as mães positivas para a Covid, nem no cordão umbilical e nem no canal vaginal. O nosso banco de leite está todo preparado para receber as doações", explica Magda Dorea.
Maio, mês dedicado à conscientização sobre a doação de leite materno, deve ser diferente nesse momento de pandemia. A campanha em Sergipe, que estava sendo preparada para ocorrer com uma série de atividades, foi redefinida para ser realizada através das redes sociais.
"Estamos montando um Instagram da rede de bancos. Mães estão fazendo vídeos caseiros falando da importância da doação do leite materno, incentivando as outras mães. E a gente trabalha com um grupo de doadoras no WhatsApp fazendo uma corrente do bem atrás de novas doadoras", afirma Magda.
Como doar?
Por conta da Covid-19, o cadastro de doadoras está sendo feito por meio de telefone. Na ligação, é realizada uma série de perguntas para a possível doadora, que deve estar saudável, para identificar se ela está em estado gripal ou com alguma outra doença, além de verificar se entrou em contato com alguém que esteja com o coronavírus ou com casos suspeitos. As perguntas também são feitas no caso da mãe ir ao banco de leite para que a mama seja avaliada.
Após o questionário, a possível doadora deve fotografar e enviar seus exames pelo WhatsApp, que serão avaliados pelo profissional médico. Antes, esse procedimento era feito presencialmente. Para doar, a mãe precisa estar saudável e testar negativo para doenças como Sífilis, Hepatite e HIV. Assim que avaliada, a doadora é colocada na lista e o leite é coletado em casa, sem que a mãe doadora necessite se deslocar até o banco de leite. O horário para a coleta é combinado.
O número para contato é (79) 3226-6301. Nesse momento de pandemia o banco da Marly Sarney está funcionando de segunda à sexta de 7h às 17h, sem fechar para almoço.





