Um bebê que tinha acabado de nascer morreu no Hospital Regional José Franco, em Nossa Senhora do Socorro (SE), minutos após a mãe ter dado à luz com apenas seis meses de gestação. O parto de emergência aconteceu na segunda-feira (24), véspera de Natal, e a família da criança acusa o hospital de negligência médica.

A mãe de Levi Rafael estava com 27 semanas de gestão e sentiu as contrações na segunda (24) e no mesmo dia seguiu para a unidade em Socorro. Bastante abalados, os pais da criança falaram com a imprensa e acusaram o hospital de não oferecer médico especializado, o neonatologista, que faz o acompanhamento pós-parto e avalia a saúde do bebê.

O obstetra Luís Eduardo, responsável pela equipe que realizou o parto, confirmou a falta de um profissional neonatologista no hospital - como em outras unidades do Estado -, mas negou ter ocorrido negligência. À Fan FM, o médico informou que por ter nascido de forma prematura, a criança ainda não tinha o pulmão totalmente formado e, diante da situação grave, teve complicações respiratórias e faleceu após uma parada cardiorrespiratória.

Ainda segundo o obstetra, os profissionais fizeram tudo o que foi necessário, mas o parto deveria ter sido realizado na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, especializada em partos de alto risco. Uma ambulância de suporte básico teria sido disponibilizada para fazer a transferência da paciente antes do parto, mas não foi possível, já que a mulher estava com dilatação total e perda do líquido amniótico, correndo o risco da criança morrer durante o trajeto.

“Nesses casos não podemos fazer remoção, mesmo que tivesse uma ambulância de suporte avançando, sem contar na falta de um profissional neonatologista. A Secretaria de Estado da Saúde sabe que há mais de quatro meses não há no Zé Franco, na escala da segunda-feira, por exemplo, um neonatologista. Se negam a trabalhar diante da disparidade salarial entre os que trabalham na capital e no interior”, afirmou ele à Fan FM.

Investigação

A assessoria de comunicação da SES disse se solidarizar com a família e confirmou a falta de neonatologistas em maternidades no Estado, no entanto, relata que em Socorro havia médicos obstetras de plantão, mas que o pediatra não se encontrava na unidade hospitalar por estar de atestado médico. A pasta informou que a direção abriu um processo administrativo para apurar o caso.

“Vai apurar a cronologia dos fatos, a hora que a mãe chegou à unidade, todos os acontecimentos até o falecimento do bebê, e encaminhar as informações para a Fundação Hospitalar, que irá ouvir todas as pessoas envolvidas para ter conclusão do que aconteceu”, afirmou.

Em nota, a SES disse ainda que, de acordo com o relatório médico, foi solicitada uma vaga para a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que foi ofertada, e a remoção da paciente, mas a orientação foi que o parto ocorresse em Socorro para segurança da mãe e do bebê em virtude do estágio avançado, "evitando o parto de risco dentro da ambulância, e em seguida o transporte seguro do recém nascido em incubadora com todo suporte necessário".

A pasta afirma que no último dia 21 abriu inscrições para o Processo Seletivo de contratações de médicos com 89 vagas para a rede estadual que segue até o dia 30, com salário base de R$ 4 mil. Porém, relata que ainda existe dificuldade para que os médicos participem do processo. “Fizemos um processo com oito chamadas e não logramos êxito na contratação, só conseguimos oito médicos, por isso a Secretaria decidiu abrir 89 vagas somente para médicos inclusive com cadastro de reserva. A gente apela que participem para que possamos contratá-los, infelizmente é algo que foge da nossa alçada”, completou à TV Atalaia.