Beleza consciente: movimento dos cosméticos naturais e seus benefícios
Marcas focam na redução do impacto ambiental e na saúde dos consumidores
Cotidiano | Por Victória Valverde* 28/07/2019 09h00 - Atualizado em 30/07/2019 08h21

O uso de produtos de higiene é beleza é intrínseco a nossa rotina. Produtos como maquiagens, tratamentos faciais e capilares, perfumes e cremes dentais são consumidos diariamente por grande parte da população de maneira quase automática. De acordo com o site Market Watch, o mercado global de beleza e cuidado pessoal foi estimado em 420 bilhões de dólares em 2018 e é esperado valer cerca de 716 bilhões até o final de 2025.

A indústria emprega várias pessoas envolvidas na cadeia de valor dos produtos, como fabricantes, fornecedores, distribuidoras e vendedores. Ainda de acordo com o Market Watch, alguns dos maiores nomes desta indústria são L´oreal, Neutrogena, Nivea, Lancôme, Avon e Dove.

O Brasil está na quarta posição no ranking mundial de consumo de produtos do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC), de acordo com a mais recente pesquisa do Euromonitor International, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.

Devido ao seu tamanho, não é de surpreender que haja muitas controvérsias envolvendo o mercado da beleza e do cuidado pessoal, que tende a priorizar o custo e o grande fluxo de produção, por vezes acima da ética e da qualidade. Muitos destes produtos contém na sua composição substâncias tóxicas que, além de apresentarem o risco de serem agressivas e ocasionarem reações adversas nos consumidores, poluem os rios e lençóis freáticos depois que passam pelo ralo.

De acordo com o Grupo de Trabalho Ambiental (EWG - Environmental Working Group), os consumidores estão expostos a 170 químicas diferentes diariamente, como Parabenos, sulfatos, formaldeído, petróleo e corantes artificiais. A organização aponta que essas substâncias podem trazer problemas que vão de alergias ao câncer.

Outras questões éticas são os testes dos produtos em animais e a obtenção da matéria-prima a partir de fontes duvidosas, como o desmatamento, o uso de agrotóxicos e trabalho semiescravo.

Bem além da aparência

Com o crescimento do movimento sustentável nos últimos tempos, é cada vez mais comum o surgimento de marcas de cosméticos naturais, que se preocupam com o seu impacto no meio ambiente e na saúde dos consumidores.

Os cosméticos naturais nascem da proposta de um cuidado real para o corpo ao fazer escolhas conscientes em relação à composição, à origem das matérias-primas e aos processos de fabricação. Eles contém ativos naturais como manteigas e óleos vegetais puros, ervas medicinais, argilas e óleos essenciais. Os benefícios dessas substâncias são comprovados, tanto no aspecto físico quanto no emocional.

O mercado de cosméticos naturais em Sergipe é recente, mas está em constante crescimento. Algumas das marcas atuantes hoje são Céu do Céu, Inaê, Uivo das matas, Labelli, Gotas de Gaia, Baunilha Hauss, Erva Bruja e Nefertiti.

Mulheres empreendedoras

A sergipana Raquel Brabec Ribeiro Chaves, de 31 anos, é artesã de cosméticos e criadora da marca Labelli (@labelli_cosmetica), que tem por princípio o uso de ativos naturais e vegetais para realçar a beleza das pessoas e promover um tratamento real, sem uso de química tóxica. A marca também é vegana, o que significa que todos os produtos são livres de testes e de ingredientes de origem animal.

A Labelli – junção de duas palavras em francês, La Belle, que significa “a bela” em português – surgiu a partir de um curso de saboaria que Raquel fez em 2016, em Aracaju. Diz a artesã que foi paixão à primeira vista. Ela ficou encantada com a possibilidade de fazer o seu próprio sabonete de banho, muito mais hidratante e benéfico do que o tradicional.

Da saboaria para cosmética foi um pulo. Raquel começou a estudar receitas e a testar em si alguns produtos mais simples, como desodorante, manteiga capilar e balm labial. Os resultados foram surpreendentes. A Labelli foi fundada oficialmente em 2017 e deste então a marca só cresce, sempre se atualizando nas tendências dos produtos naturais, que tem sido cada vez mais procurados pelos consumidores.

“O crescimento das formulações naturais está ligado às exigências de um público mais consciente em relação aos produtos que consome. As pessoas estão buscando informações, lendo os rótulos e questionando o que passam no corpo, cobrando das empresas fórmulas mais saudáveis e com menor impacto no meio ambiente”, diz Raquel.

Outro grande nome dos cosméticos naturais sergipanos é a marca Uivo das Matas (@uivodasmatas), criada em 2017 pela artesã Luanna Souza. A proposta nasce do sonho de resgatar os saberes populares da terapia através das ervas e seus usos para nosso cuidado e bem-estar. É inspirado no livro "Mulheres que correm com os lobos", que traz o tema da mulher-selvagem e o retorno à sua origem instintiva.

Os seus produtos vão desde repelentes naturais, pomadas fitoterápicas, máscaras de argila, escalda-pés, sabonetes, enxaguantes bucais, tudo vegano e artesanal. Para Luanna, O crescimento da cosmética natural se deve a uma maior tomada de consciência de que a pele é o maior órgão humano e tudo que colocamos nela é absorvido pelo organismo.

“Ao utilizarmos cosméticos convencionais cheios de ingredientes sintéticos e tóxicos, esses ingredientes vão se acumulando no nosso organismo, podendo causar a longo prazo algumas complicações. Já os cosméticos naturais usam dos inúmeros benefícios que os ingredientes naturais podem trazer pra nossa pele e consequentemente para nossa saúde, sem perder em nada no quesito qualidade. Muito pelo contrário, ganha e muito em termos de qualidade e nutrição.”, diz a artesã.

 

*estagiária sob a orientação do jornalista Will Rodriguez

*Foto 1: Labelli
Foto 2: Uivo das Matas

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