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Brasileiros estão cada vez mais viciados no celular, aponta pesquisa
Estudo comparou quatro países, quase 70% no Brasil responderam que estão constantemente conectados
Cotidiano | Por Victória Valverde* 31/08/2018 19h00 - Atualizado em 01/09/2018 08h16

A invenção do celular revolucionou o modo como nos comunicamos. O aparelho tem múltiplas funções, além da mais singela, falar ao telefone¨- ele filma, fotografa, acessa a internet, tem música, notas e aplicativos com os mais diversos objetivos. Por se poder fazer quase tudo nele, o dispositivo se torna viciante.

Um estudo global, realizado pela Motorola entre novembro e dezembro de 2017 e divulgado neste ano,  em parceria com a especialista em comportamento Nancy Etcoff, da Universidade de Harvard, relatou que o Brasil é o país cuja população passa mais tempo no smartphone, entre os quatro países do estudo, que incluiu ainda Estados Unidos, França e Índia: 68% dos brasileiros entrevistados responderam que estão constantemente usando o aparelho.

A pesquisa nasceu da vontade de analisar o impacto do uso do celular em nossas vidas. O formulário online foi respondido por 4.418 pessoas dos quatro países enfocados.

A análise também constatou que as gerações mais novas tendem a sofrer mais com a dependência dos dispositivos móveis. A estudante Bruna Oliveira, de 16 anos, faz parte da geração Z (nascidos entre 1998 e 2002) e passa cerca de nove horas por dia conectada.

“Quando está perto do final do dia eu percebo que perdi horas e horas fazendo "nada". A tarde passa arrastada e quando a noite chega eu percebo que eu poderia ter feito mil coisas mais produtivas”, confessa a estudante.

Medo de ficar por fora

O vício do celular está muito ligado ao FOMO, sigla em inglês de Fear of missing out (em tradução livre, medo de ficar por fora).

O FOMO foi citado pela primeira vez em 2000 pelo estrategista de marketing Dan Herman e definido anos depois pelos cientistas sociais Andrew Prizybylski e Patrick McGinnis como o medo de estar perdendo algo, seja uma informação ou experiência.

De acordo com estudos psiquiátricos, essa angústia social é causada porque a relação dos usuários com a tecnologia ainda é recente.

Esse medo incentiva o indivíduo a sempre atualizar as redes sociais para ficar ciente do que os outros estão fazendo. Ostentações feitas na internet por amigos e conhecidos também causam um sentimento de inferioridade, já que a maioria costuma publicar apenas momentos de alegria e realização.

A estudante Bruna Oliveira diz que sua dependência do celular é intrínseca ao medo de estar desatualizada.

“A ansiedade que sobe ao escutar o barulhinho da notificação é enorme. É como se fosse uma necessidade biológica atender, responder ou só checar o aparelho naquele momento ou o mais rápido possível. Quase como se você estivesse perdendo o mundo se não estivesse 100% ligado o tempo todo”, diz a estudante.

Saúde emocional

A psicóloga Cláudia Canário chama atenção para os danos que o isolamento social, provocado pelo uso abusivo da tecnologia, pode causar.

“Esse comportamento abusivo termina por isolar o indivíduo do mundo ao seu redor, apesar de passar a impressão de que o aparelho e os aplicativos aproximam as pessoas. A habilidade de falar diretamente com o outro, sobre o que pensa e o que sente, começa a reduzir e as pessoas começam a ficar cada vez mais introspectivas”, alerta a psicóloga.

Ainda segundo a profissional, esse tipo de abuso é ainda mais danoso a crianças e adolescentes que, por terem acesso à comunicação de massa, bastante abrangente e de difícil monitoramento por parte dos responsáveis, são expostos a informações por vezes impróprias.

“Os pais devem estar sempre atentos ao tempo de uso, aos jogos e aplicativos instalados, aos contatos salvos e estabelecidos e se a criança ou adolescente está sempre trocando brincadeiras físicas e dinâmicas por brincadeiras tecnológicas, bem como se estão preferindo os aparelhos aos contatos sociais e afetivos”, completa.

 Controlando o vício

Alguns hábitos podem ser adotados para amenizar o vício no celular. Estabelecer regras, como não utilizar o celular assim que acordar ou depois de determinada hora, pode ser muito efetivo.

Outra sugestão é desativar as notificações dos aplicativos e diminuir o número de contas seguidas nas redes sociais. Quanto mais se filtrar o turbilhão de informações às quais temos acesso, melhor.

Procurar saber quanto tempo gasta no aparelho pode ser assustador, mas necessário. Para os usuários de IOS (iphone), basta ir em ajustes > bateria >uso da bateria. Lá é possível ver o tempo gasto em cada aplicativo nas últimas 24 horas e nos últimos sete dias. Já os usuários de Android podem utilizar os seguintes aplicativos gratuitos: BreakFree e Menthal.

O médico especialista no sono José Marcondes enfatiza que o controle do vício no celular pode ser muito benéfico para o descanso noturno. “A luz azul emitida pelo aparelho, que é a mesma do notebook e da TV, engana o organismo, fazendo-o acreditar que ainda é dia. É recomendável ficar uma hora longe do celular antes de dormir para preservar a qualidade do sono”, declara o especialista.

 

*estagiária sob a supervisão da jornalista Monica Pinto.

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