Brincadeira sem gênero: movimento traz novo conceito para os jogos infantis
Atitude pretende contribuir para a formação de uma sociedade com menos estereótipos
Cotidiano | Por Victória Valverde* 07/09/2018 09h10

Boneca, kit de cozinha e miniacessórios de limpeza para as meninas. Já para os meninos, carro, pipa e super-heróis. Tradicionalmente, diferenciações de gênero fazem parte do universo das brincadeiras infantis e é nessa condição que a criança aprende a distinguir brinquedos e brincadeiras de meninos e de meninas. Entretanto, cada vez mais pais e educadores estão questionando estas definições, muitas vezes limitadoras.

A publicitária Chawane Santos, mãe do Felipe, de dois anos e 11 meses, começou a se atentar ao tema e decidiu criar seu filho sem os padrões de gênero rotineiros no campo lúdico.

“Eu compro todo tipo de brinquedo para Felipe, panelinha, vassourinha, pipa, carro, boneca. Percebo que as pessoas ainda julgam muito esse comportamento, inclusive familiares. Afinal, vivemos em uma sociedade onde o preconceito está intrínseco na mentalidade da população”, diz Chawane.

Apesar das dificuldades, a mãe de Felipe não desiste e aconselha outros pais a fazerem o mesmo. “É uma luta diária, mas tem que ir com paciência, conversando e explicando que não existe brinquedo de menina e de menino, existe brinquedo de criança”, enfatiza.

Construção social

Segundo a médica psicanalista Maria Stela Santana, do ponto de vista psíquico, aspectos masculinos e femininos estão presentes em ambos os sexos. Como a criança não tem sua identidade sexual ainda definida, é normal que ela expresse desejos que vão de encontro ao que é definido culturalmente como masculino ou feminino.

“É importante que os pais sejam orientados sobre o desenvolvimento saudável da criança e possam respeitar as expressões de sua sexualidade e individualidade, permitindo a construção da identidade subjetiva e sexual de seus filhos”, aconselha a médica.

Já a psicopedagoga Thais Aragão reforça o fato de que a quebra de padrão de gênero é uma questão muito pessoal e, em geral, necessita de tempo para se solidificar.

“Essas discussões devem ter base sólida no que diz respeito aos princípios e diversidade de opiniões, o que é muito particular e pessoal de cada família. Acredito que as mudanças perenes sempre fluíram de forma espontânea, cada uma a seu tempo e conforme as demandas”, enfatiza Thais Aragão.

Ainda segundo a psicopedagoga, hoje em dia, com a multiplicidade de ações nos papéis familiares, faz-se natural que ao brincar, as crianças estejam, respectivamente, com limites mais flexíveis.

“Outras brincadeiras, por exemplo, como os jogos de mesa, atraem as crianças simplesmente pelo objetivo competitivo, e aí, perdem nitidamente a fronteira entre os gêneros”, completa a profissional.

 

*estagiária sob a orientação da jornalista Monica Pinto.

 

 

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