Campanha alerta condutores sobre perigos do uso do celular no trânsito
CPTran já registrou sete mortes a mais com vítimas em relação ao ano de 2019 Cotidiano | Por Saullo Hipolito 20/12/2019 13h00Em parceria com a Companhia de Polícia de Trânsito (CPTran) da Polícia Militar, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e a Coordenadoria Geral de Perícias (Cogerp), a campanha chamada de 'Conexão Perdida- esteja presente, use o seu celular conscientemente' será veiculada nas redes sociais, com o intuito de conscientizar a população de que o uso do celular no trânsito pode causar não apenas danos patrimoniais, mas provocar lesões corporais e a própria morte.
"A campanha vem em um momento muito importante porque vários condutores costumam se deslocar para o interior, ou até mesmo para fora do estado e, com certeza, se não tiver o máximo de atenção, pode aumentar ainda mais o índice de mortalidade por acidentes de trânsito em Sergipe", afirmou o diretor do Detran, Abner Melo.
Em Sergipe, durante o ano de 2019, mais de 200 mortes por acidentes de trânsito foram registradas pela CPTran. Somente na capital aracajuana, foram 26 vítimas fatais.
Até a última quinta-feira (19), segundo o capitão do CPTran, Adelvan Silveira, o órgão fez 377 autuações por uso de celular no trânsito; além disso, também foram causados 98 acidentes com vítimas lesionadas pelo mesmo motivo, ou seja, 14% das vítimas lesionadas por acidentes de trânsito estão relacionadas ao uso do celular."É importante que as pessoas entendam que o problema não é utilizar o celular, o cidadão pode parar o carro em um local adequado e utilizar o aparelho móvel, se for urgente, caso contrário, não há necessidade de fazer uso enquanto dirige, porque você pode ser mais uma vítima de trânsito e entrar nas estatísticas", afirmou o capitão da CPTran.
A delegada especial de Delitos de Trânsito, Daniela Lima, chama a atenção ainda para o uso indevido de celulares pelos pedestres, que também entram nas estatísticas, ao atravessar ruas distraídos e acabam sendo atingidos. "O uso inconsciente do celular acaba tirando a concentração e observação da pessoa do fluxo do trânsito e isso tem sido causa determinante", disse.Em 2019, cerca de 39 casos foram investigados para apurar homicídios culposos de trânsito - um número considerado relevante pela Polícia Civil, que ainda ressalta que a média se mantém, apesar de uma ligeira redução.
Segundo dados do Corpo de Bombeiros Militar, até o mês de novembro, o órgão recebeu mais de seis mil chamados, desses, 272 foram relacionados a acidentes automobilísticos. "É o tipo de registro onde as vítimas ficam presas às ferragens e a corporação precisa ir ao local, fazer a serragem e retirada delas, encaminhando para atendimentos hospitalares", afirmou.
Estudo e perícia
Um estudo feito pelo Ministério dos Transportes constatou que o celular associado ao volante pode ser mais prejudicial do que bebida alcóolica. A pesquisa aponta que o tempo de reação aumenta para 35% quando o motorista está utilizando um celular, ou seja, o condutor demora mais tempo para reagir a algum imprevisto - quase o triplo do déficit de guiar um veículo sob influência de álcool, que é de 12%.
"Nesse ano, o Instituto de Análises e Pesquisas Forenses constatou que 56% das vítimas de trânsito fatal aqui do estado estavam alcoolizadas na hora do acidente. Referente ao ano passado, a média é bastante similar. Os acidentes de trânsito correspondem a mais de 60% das nossas perícias, ou seja, um número preocupante, que quando adicionado o uso do celular costuma preocupar mais ainda", disse a perita criminal Carolina Brito.
De acordo com a SSP, em uma via de 80km/h, a desatenção de três segundos ao pegar, destravar o celular e abrir uma mensagem pode causar uma tragédia. Isso porque, nesse curto intervalo de tempo, o veículo percorre 66 metros, o suficiente para que algum carro freie ou passe à frente e o condutor não consiga controlar a situação. Aliás, é a desatenção causada pelo uso do celular que o tornou a terceira causa principal de mortes no trânsito no Brasil, segundo a Abramet. O estudo concluiu que 150 pessoas morrem por dia, vítimas de motoristas desatentos que utilizavam esses dispositivos no momento do acidente.
Ainda segundo a Abramet, o tempo médio de resposta de mensagem de texto é de 20 a 23 segundos, enquanto se gasta de oito a nove segundos para atender a uma chamada telefônica.





