Caps denuncia irregularidade na custódia de portadora de esquizofrenia
Paciente está no Presídio Feminino e não no Hospital de Custódia
Cotidiano 14/02/2012 18h18

Por Míriam Donald

A coordenação do Centro de Atenção Psicossocial Bispo do Rosário, o Caps da Barra dos Coqueiros, está denunciando o que define como uma situação irregular envolvendo a paciente Márcia da Conceição Mello, 34, presa no dia 18 de janeiro deste ano, acusada de ter maltratado seus filhos - levando, inclusive, um deles à morte. No dia 23 de janeiro, ela foi transferida para o Presídio Feminino de Nossa Senhora de Socorro (Prefem), desagradando o Caps, que avalia que, como portadora de esquizofrenia, Márcia não deveria ser custodia em meio as presas “comuns”, mas sim no Hospital de Custódia.  

De acordo com a assistente social do Caps, Wézia de Oliveira Lope (foto), Márcia foi acolhida em 2010 e sempre esteve acompanhada de perto por ela. Wézia mostrou o prontuário e explicou o quadro da interna. Ela disse que Márcia foi encaminhada ao Caps pelo Hospital São José devido a uma crise pessoal que sofreu.

Ela chegou ao centro com sintomas de alteração comportamental, agitação psicomotora, angústia, discurso delirante, idéias suicidas, alucinações auditivas e insônia. Diante dos sintomas, ela foi inicialmente diagnosticada com Psicose Não Orgânica Não Identificada e considerada inapta para trabalhar ou até mesmo cuidar dos filhos sozinha.

Segundo sua mãe, Berenice da Conceição Machado Mello, Márcia tem sete filhos e saiu da Barra dos Coqueiros, onde reside sua família, para morar no bairro Piabeta com o marido, pai de sua filha mais nova, Ana Beatriz, 2 anos. Além de Ana Beatriz, moravam com ela, Maria Clara, 8 anos, e Valdir Júnior, 6 anos, que faleceu. Os outros quatro filhos, Diogo de 17, Danrley, 15, e Darlisson, 13, moravam com seus pais. Já a mais velha, Daniele, 19 anos, morava com a Berenice. Segundo Wézia, assistente social, toda vez que Márcia ia ao Caps para seções de tratamento, Daniele sempre a acompanhava.

Dona Berenice esclareceu que não sabia onde a filha estava. “Só fui ter notícia dela quando aconteceu isso. Ela estava morando na Taiçoca, por causa de um desentendimento com o marido e não queria que ele fosse atrás”, explica a mãe. Questionada sobre como a filha sustentava os netos, ela disse que Márcia recebia benefícios porque era doente e que agora se aposentará pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). “Depois que ela foi presa, fiz uma declaração no cartório e vou levar ao INSS para ela receber a aposentadoria”, destaca.

Sobre a morte do neto, dona Berenice não soube esclarecer muito, mas afirmou que Valdir Júnior - o filho de 6 anos - tinha feito exames e estava com anemia. Ela ainda disse que não sabia se ele estava sendo alimentado direito, já que a mãe passava por transtornos e não tinha condições de criá-los sozinha.

 

Situação atual

A situação de Márcia é delicada, enquanto aguarda decisão judicial para que seja retirada do presídio, e seja colocada em um centro de tratamento ou presídio especializado. Sua mãe está cuidando da sua situação e da sua saúde. Ela já legalizou a guarda das crianças assim como foi a Nossa Senhora do Socorro procurar um defensor público, mas segundo ela, ele só terá atendimento do defensor, após o Carnaval. 

Dona Berenice denuncia que Márcia está sendo ameaçada por outras presas. “Outras presas queriam maltratá-la, por conta da morte do meu neto, mas ela não teve culpa. Ela é uma boa mãe”, indigna-se dona Berenice. Ela disse que as ameaças foram controladas, mas, mesmo assim, teme. “Sabe uma pessoa perdida? Sou eu”, desabafa.

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