Cenipa conclui investigação sobre queda de ultraleve em Aracaju
Acidente aconteceu em dezembro passado no conjunto Bugio
Cotidiano | Por F5 News 28/05/2019 18h29 - Atualizado em 28/05/2019 19h31

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu este mês o laudo sobre as investigações da queda do ultraleve que causou a morte do piloto Israel Fernandes Graça, 56 anos, no dia 29 de dezembro passado. Ele estava em um voo privado e caiu em uma quadra de esportes de uma escola do conjunto Bugio, zona Oeste de Aracaju (SE).

Segundo o Cenipa, as condições meteorológicas no dia do acidente eram favoráveis ao voo visual; o piloto perdeu o controle e fez uma operação com a aeronave à baixa altitude.

Conforme relatos de observadores obtidos pelos técnicos da investigação, após a decolagem, "a aeronave permaneceu entre 5 e 10 minutos sobrevoando o bairro de Bugio, realizando manobras a baixa altura, abaixo de 300 metros do mais alto obstáculo existente num raio de 600 metros em torno do avião, empregando curvas de grande inclinação e variações acentuadas de altura".

O laudo do Cenipa aponta que o piloto possuía o Certificado de Piloto de Recreio (CPR) e estava com a habilitação relativa às atividades Aerodesportiva e Experimental Trike (ULTK) válida. O documento diz ainda que o piloto também estava com o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) válido, realizou o Curso de Piloto Recreativo, tendo realizado o voo de checagem em 22 de novembro do ano passado; mas não possuía experiência no tipo de voo.

De acordo com os registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a experiência do piloto se resumia a um total de 67 horas e 05 minutos de voo, sendo 05:horas e 35 minutos no equipamento envolvido no acidente. Conforme o Cenipa, a indisciplina de voo e julgamento de pilotagem foram fatores que contribuíram para o acidente.

"A realização de manobras sem possuir autorização, experiência e treinamento para realizar voos à baixa altura, em altura inferior ao permitido pela norma vigente, demonstrou que o piloto violou a legislação sem motivos justificáveis. Tais ações demonstraram que não houve, por parte do piloto, uma análise apropriada em relação ao voo e à sua capacidade de gerenciá-lo, à medida que se expôs deliberadamente a condições inseguras. Essa inobservância de normas e procedimentos previstos denotou uma atitude contrária à segurança de voo, que elevou os riscos daquela operação aérea", analisa o órgão.

"O fogo atingiu quase todos os componentes da aeronave, com exceção das asas, que se desprenderam da estrutura do avião após o impacto contra o solo. Nesse sentido, e com base nos aspectos avaliados, tem-se que a hipótese mais provável está relacionada com a inadequação no uso dos comandos, derivada da inexperiência e da falta de um pertinente julgamento de pilotagem", diz ainda o documento.

No entanto, a investigação não desconsidera uma eventual falha mecânica ou de montagem do ultraleve, "uma vez que o operador, sem auxílio de terceiros e sem qualquer supervisão, providenciou a montagem do equipamento".

"O grau de destruição e de carbonização da aeronave impediu a realização de testes que identificariam eventual contribuição destes aspectos para o acidente", aponta.

Ainda de acordo com o relatório final, segundo familiares do piloto, a aeronave encontrava-se desmontada na residência do tripulante, desde a sua aquisição ocorrida em fevereiro passado. Na véspera da ocorrência, houve a conclusão da montagem do equipamento pelo piloto, sem que tenha havido a participação ou supervisão de profissional qualificado. 

A aeronave decolou do Aeroclube de Sergipe, na capital, a tarde. Após dez minutos de voo, testemunhas afirmaram ter visto o ultraleve sobrevoando baixo os telhados das casas e minutos depois ouviram um estrondo. O telhado de uma residência foi logo atingido pelo ultraleve, que estava em trajetória descendente, e 30 metros adiante bateu numa parede que estabelecia limite entre uma quadra e outro domicílio. O ultraleve, que ficou destruído, pegou fogo após o choque no solo, o incêndio foi combatido por populares que tentaram resgatar o tripulante.

O Cenipa informa que o único objetivo das investigações realizadas pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) é a prevenção de futuros acidentes aeronáuticos. E não é propósito desta atividade determinar culpa ou responsabilidade. "O uso deste Relatório Final Simplificado para qualquer outro propósito poderá induzir a interpretações errôneas e trazer efeitos adversos à Prevenção de Acidentes Aeronáuticos". 

O ultraleve

O ultraleve, modelo Adventure, com fabricação de 2016, número ALE-45012, tinha o peso máximo de decolagem em 495,0 kg; com certificados de autorização de voo experimental para operação de aeronave de construção amadora; construção unicamente para sua própria educação ou recreação e por suas características, se enquadra na definição de aeronave leve esportiva. 

"Não foi possível resgatar o CAVE (Certificado de Autorização de Voo Experimental) e o CME (Certificado de Marcas Experimental) da aeronave. Em 29 de maio de 2016, a aeronave havia sido submetida a uma Vistoria Técnica Inicial (VTI), sendo considerada aeronavegável pela ANAC. Na data do acidente, após reabastecer e notificar o voo junto ao Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Aracaju (DTCEA-AR), o piloto decolou de SISG com a intenção de realizar um voo em condições visuais nas áreas próximas daquele aeródromo", informou o relatório final.

Foto 1: internauta/reprodução F5 Notícias (arquivo)

Foto 2: retirada do laudo do Cenipa

 

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