Na manhã desta segunda-feira (9), centenas de pessoas buscaram o Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), no bairro São José, em Aracaju, para se cadastrar nas 760 vagas de atendente de telemarketing que foram ofertadas pela empresa Almaviva, no bairro Industrial, para o início deste ano.

A reportagem de F5 News foi até o local e se deparou com diversas histórias de pessoas espalhadas por uma fila que dobrava quarteirões do bairro São José. Muita gente chegou cedo, como é o caso dos amigos Klaywer Matheus dos Santos (camisa preta) e Fábio Santos (camisa azul), que marcaram posição às 5h.

Eles tomaram conhecimento das vagas pelo instagram, reuniram toda a documentação e se dirigiram ao NAT. "Vim aqui em busca dessa oportunidade, estou confiante, sempre dou o meu melhor e vou seguir em diante em mais uma batalha. Acho que nesse ano de 2020 vai ser mais tranquilo, é só fazer agora minha parte e me destacar como sempre me destaquei nas empresas onde trabalhei", disse Fábio Santos, que está desempregado desde 2018 e vem fazendo bicos para garantir uma renda nos finais dos meses.

Para Klaywer, a fila e o número de pessoas que procuraram uma  vaga assustou e chamou a atenção para o número de desempregados no estado sergipano, fato que ele atribui às taxas que muitas vezes travam o crescimento econômico. "Aqui em Aracaju há taxas em que os empreendedores, sendo pequenos ou grandes, têm que pagar por besteira, como por exemplo, uma placa pra colocar em cima da loja, coisas que por um lado tratam de poluição  visual, mas por outro também diminuem a potência econômica que poderia ser investida no turismo, quanto no comércio de carne, agricultura e até mesmo na área de energia solar", salientou o jovem, desempregado desde 2017.

 

Primeiro emprego

Adrian Wenner foi com sua mãe à seleção em busca do primeiro emprego. Para ele, tudo serve como aprendizado e viver todas essas etapas deixa o jovem ansioso para conseguir, enfim, sua primeira fonte de renda, mas há um empecílho: muitos potenciais empregadores exigem experiência.

"Quando pede experiência a alguém que nunca trabalhou vejo como um impedimento na vida do jovem. Você acabou de se formar e não tem experiência. Quando se trata de concurso pedem titulações, mas como o indivíduo vai se desenvolver se o próprio mercado de trabalho não lhe dá oportunidade?, questiona. "Acredito que quando as coisas têm de ser e acontecer, acontecem na hora e no seu tempo.  Deus sabe de todas as coisas", afirmou a mãe do rapaz, Tânia Araújo, que além de apoiar o filho, buscou também uma oportunidade de trabalho como atendente de telemarketing.

"Não estou desempregada, mas procuro outra fonte de renda. Infelizmente hoje nós  estamos  passando por situação onde as coisas  só aumentam, enquanto o salário aumenta 30 reais, o custo de vida está sendo muito alto para quem tem trabalho assalariado. Tem que ter outra renda para se somar, uma só não dá. Tem que batalhar. Mas óbvio, se for pra escolher entre eu ou meu filho, passo para ele", garantiu.

Outras duas amigas, Taís Carolina Souza e Gabriela Dantas, também buscaram nessa manhã a primeira oportunidade de trabalho. E assim como Tânia, elas atribuíram o insucesso na busca por emprego à falta de consciência dos empregadores que pedem experiência na busca pelo primeiro emprego. "Seria bom que dessem oportunidade para jovens como a gente, que nunca trabalhou, mesmo sem experiência para entrar no mercado de trabalho.  Na maioria das entrevistas que já fiz não passava justamente porque nunca tive experiência, estamos procurando qualquer tipo de emprego. Desde que completei 18 anos, em 2018, venho entregando currículo e até hoje nada", afirmou Gabriela Dantas.