Cientistas identificam contaminação no São Francisco durante expedição
Cerca de 45 cientistas analisaram a qualidade da água e amostras de peixes no rio Cotidiano | Por Saullo Hipolito 10/12/2019 10h27Com mais de 47 pesquisadores e tecnologia de ponta, foi realizada, durante dez dias do último mês, uma análise para tentar identificar substâncias pouco ou nada comuns no fundo do rio São Francisco, um dos mais importantes do Brasil e que abastece os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O objetivo foi identificar a qualidade da água e dos peixes no rio.
Com uma extensão de 2.863 km, o rio, popularmente conhecido como "Velho Chico", precisou de uma atenção maior nesse final de ano, após receber fragmentos do óleo que atingiu toda a costa nordestina e de alguns estados do sudeste brasileiro. Mas, segundos os pesquisadores, esse problema foi solucionado e não há mais focos de óleo na região.
"O fundo do rio está extremamente limpo, apenas com algumas feições normais de troncos e formações de diferentes tipos de sedimentos", disse o pesquisador Gilberto Schwertner.
A expedição foi iniciada por Piranhas, passou por Pão de Açúcar, e seguiu a rota por Porto Real do Colégio, Igreja Nova, Penedo, Piaçabuçu e a foz do rio, onde foi identificada alta taxa de salinidade.
Com os equipamentos que foram utilizados por cientistas de cinco universidades brasileiras, foi possível identificar as modificações que o rio vem sofrendo, como por exemplo a formação de bancos de areia, que criam ilhas em meio à passagem das águas, o que tem dificultado o pescado.
"Os peixes estão acabando, o rio todo seco. Há locais que atingiam 30 metros de profundidade e hoje não dá 10 metros de profundidade", disse o pescador Erildo dos Santos em entrevista ao Jornal Nacional.
O único ponto negativo já identificado pelos cientistas foi a contaminação por agrotóxicos e esgotos domésticos. "Nosso grande problema no rio São Francisco, além do lixo, dos fertilizandtes defensivos, é também essa carga de efluentes que vem das cidades, muitas vezes composta de esgotos, que contaminam e se acumulam no leito do rio, provocando problemas à saúde pública", afirmou o doutor em Ciência Aquáticas Emerson Soares.
A previsão é que os resultados conclusivos das análises realizadas pelos cientistas sejam apresentados dentro de um prazo de cinco meses.





