Investigação
Clautenis Santos: policial civil é indiciado por homicídio culposo
Corregedoria conclui que houve imprudência do agente durante abordagem
Cotidiano | Por Will Rodriguez 28/06/2019 09h47 - Atualizado em 28/06/2019 17h11

A Corregedoria da Polícia Civil indiciou o policial José Humberto pelo homicídio culposo do designer de interiores Clautenis Santos, morto durante uma abordagem da Polícia Civil, na zona norte de Aracaju, em 8 de abril deste ano. O resultado da investigação foi apresentado pela Corregedoria da PC, em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (28). 

Clautenis voltava do conjunto Bugio para a Barra dos Coqueiros (SE) em um veículo de aplicativo e foi morto na ação de três agentes da PC que realizavam um plantão extraordinário da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, de acordo com o corregedor Júlio Flávio Prado, que conduziu o inquérito. "Eles tinham ido verificar uma denúncia de roubo de um Corolla e voltavam para a 3ª Delegacia Metropolitana", disse. 

Por volta de 22h, na altura da ponte entre o Bugio e o bairro Santos Dumont, a equipe policial deu ordem de parada e fez um cerco ao Gol preto. Neste momento, conforme a investigação, o motorista Eduardo Andrade desceu do veículo e se identificou, já Clautenis e o amigo Leandro Santos, que estavam no banco de trás, teriam aguardado dentro do carro por um período de tempo, calados. "Isso levou o policial a acreditar que estava em risco", afirmou Prado.  

Os policiais suspeitaram dos dois rapazes que estavam no banco traseiro e ao dar ordem para que eles descessem, segundo consta nos relatos dos envolvidos, o policial José Humberto efetuou um disparo na hora em que Clautenis abria a porta traseira esquerda. O tiro atingiu o ombro do designer, que ficou caído no banco. Já o policial se desequilibrou e, do chão, efetuou mais um disparo que acertou a porta do Gol. 

Ao perceber a queda de José Humberto, os outros dois policiais efetuaram disparos de contenção, um deles atingiu o motorista do Gol na perna de raspão, mas a perícia não conseguiu determinar de qual arma partiu esse disparo, razão pela qual os demais agentes não foram indiciados pela lesão corporal. 

Nesta ação, o policial José Humberto também se feriu na mão, mas não soube explicar o que teria causado a lesão. Os dois baleados foram socorridos para um hospital, de modo que, a cena do crime não foi preservada para perícia de local. 

Imprudência

Embora não classifique como errada, a Corregedoria concluiu que o policial agiu de forma imprudente ao efetuar os disparos. "Os policiais estavam em um carro descaracterizado, mas com o colete da PC e se identificaram como policiais. Mas diante da situação de risco, faltou a cautela devida em evitar a situação que se chegou", afirmou o corregedor Júlio Flávio. 

A investigação demonstrou que Clautenis não estava armado e nem esboçou qualquer reação abrupta à abordagem, como chegou a ser ventilado inicialmente. O depoimento de Leandro, amigo do designer, apontou que a princípio eles teriam suspeitado se tratar de um assalto, o que para a Polícia, poderia justificar a demora deles em sair do carro. Leandro foi o primeiro a descer do Gol e se deitou no chão com o rosto para baixo, por isso não viu toda ação, segundo o inquérito. 

O trabalho da Corregedoria foi embasado em sete laudos produzidos por nove peritos que fizeram a análise balística de quatro armas, a perícia de um vídeo que mostra a parte final da ação, do veículo e também da reprodução simulada. No entanto, o inquérito não determina quantos disparos foram efetuados ao todo durante a abordagem. 

Este inquérito, informou o corregedor Júlio Flávio Prado, foi encaminhado para a 5ª Vara Criminal e aguarda manifestação do Ministério Público Estadual (MPE). 

Legítima Defesa

O advogado Cícero Dantas, que atua na defesa dos três policiais, discorda de algumas teses apontadas pelo inquérito. Ele disse que, caso o MP ofereça denúncia contra o agente, poderá defender a tese de que ele agiu em legítima defesa.

"Não houve erro na ação policial. Não existiu abordagem atabalhoada, mas identificada. Tínhamos pessoas de bem de todos os lados e agentes que agiram estritamente como manda a Lei. Não visualizo qual a modalidade de culpa", declarou durante a coletiva. 

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, com a conclusão do inquérito, os três policiais retomaram suas atividades, mas continuam respondendo a um procedimento administrativo também conduzido pela Corregedoria da PC. 

 

Foto: Ascom SSP/SE
 

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