Coletor menstrual ganha adeptas em Aracaju por seu apelo ecológico
Produto pode ser reutilizado por anos e não gera passivo ambiental
Cotidiano | Por Victória Valverde* 18/07/2018 17h20 - Atualizado em 19/07/2018 10h54

Durante toda vida fértil, a mulher usa uma média de 12 mil absorventes descartáveis, externos ou internos. Compostos basicamente de papel, algodão tratado quimicamente e plástico, o absorvente externo leva mais de um século para se decompor Já o interno, precisa de pelo menos um ano.

Como não há tecnologia para reciclá-los, esses materiais vão parar em lixões ou aterros sanitários, causando um impacto significativo no meio ambiente.

Os absorventes também são acusados de causar danos à saúde, sob o argumento de que utilizam substâncias nocivas, como o flalato, responsável pela fragrância do produto e associado a problemas hormonais e reprodutivos.

Pensando nisso, cada vez mais mulheres estão optando por produtos tidos como ecologicamente corretos para segurar a barra “naqueles dias”. Um exemplo de mercado crescente é o coletor menstrual, um copo de silicone hipoalérgico, antibacteriano, ajustável ao corpo que coleta o sangue da menstruação e pode ser reutilizado durante anos.

“Menstruação consciente”

 Bárbara Costa, estudante universitária de 21 anos, buscou no coletor menstrual uma alternativa aos absorventes descartáveis.

“Comecei a usar o produto ano passado. O absorvente me incomodava muito, tanto pela umidade e alergia que me dava, quanto pelo cheiro. Além disso, vazava sempre”, relata Bárbara.

A estudante também frisa o impacto ecológico e econômico, já que, apesar de custar em média R$ 90, o produto dura por até uma década. Por ano, a mulher gasta em torno de R$ 100 com o absorvente descartável. Em dez anos, ela terá gasto R$ 1 mil. Então, a economia é de no mínimo R$ 910.

Stephanie Almeida Moreira, 21, também universitária, aderiu ao coletor há um ano. Assim como Bárbara, Stephanie teve problemas com o absorvente usual, experimentando incômodos como assaduras e constantes vazamentos.

“O uso do coletor tem como consequência o autoconhecimento, que é muito importante, mas culturalmente não somos incentivadas a tal. Além disso, muitos desconfortos ligados ao período menstrual são minimizados com o uso do coletor. diminui até desconforto com cólicas. E claro, é sustentável”, responde Stephanie sobre as vantagens do produto.

Já sobre as desvantagens, a estudante relata que no começo se sentia insegura de esvaziar o coletor fora de casa. “A troca não é tão simples nem ágil, demora um pouco e, numa rotina corrida, isto se torna um empecilho”.

Empreendedorismo

Juntando a preocupação ambiental com a necessidade de ganhar dinheiro, Luciana Gois começou a comercializar produtos como coletores menstruais e absorventes de pano, reutilizáveis. Ela relata um aumento na procura..

“O mercado tem crescido, mas ainda é um assunto muito tabu, principalmente a respeito dos coletores, pela questão da introdução do produto no canal vaginal”, comenta Luciana.

A empreendedora também demonstra preocupação ambiental. “A mudança para o absorvente de pano e para o coletor menstrual é apenas um pedacinho dessa transformação. É uma forma mais sustentável de você se responsabilizar por uma parcela do lixo que você produz”.

Opinião profissional

A ginecologista Elaine Angelo defende o uso dos coletores menstruais e enfatiza seus benefícios ecológicos e econômicos, mas alerta que, a depender das características da mulher, o modelo e o tamanho do coletor sofrem variações. 

Em relação às mulheres virgens, a profissional não recomenda o uso. “Ainda existe muito receio em torno do coletor e é provável que essa mulher não tenha uma certa autonomia para usá-lo. Entretanto,não existe o risco do rompimento do hímen com a introdução do produto”, orienta..

 

 

*Estagiária sob orientação da jornalista Aline Aragão

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