Com 51 cidades endêmicas, Sergipe enfrenta subnotificação da esquistossomose
Secretaria da Saúde alerta municípios para intensificar busca ativa por pacientes Cotidiano | Por Will Rodriguez e Aline Aragão 18/02/2021 11h33 - Atualizado em 18/02/2021 11h36A subnotificação de casos de esquistossomose no interior de Sergipe colocou a Secretaria da Saúde (SES) em alerta para o agravamento da situação epidemiológica do estado, que já tem 51 dos 75 municípios considerados endêmicos para a doença. O número de casos despencou de 3.813 registros no ano de 2019 para 2.094 em 2020. Já os óbitos caíram de 28 para 26 de um ano para o outro.
Apesar da aparente queda significativa, o Núcleo de Endemias da SES considera que os dados não refletem a realidade e, por isso, expediu recomendação para que os municípios façam uma busca ativa de pacientes.
“Atualmente o Estado não tem um perfil traçado da esquistossomose porque há um déficit muito grande na busca ativa dos casos. Em 2020, dos 51 municípios endêmicos para a doença, apenas 16 foram em busca dos pacientes, quando foram realizados 11.437 exames e confirmados 440 casos. Os demais foram detectados através da demanda espontânea que chegou às unidades de saúde”, aponta a gerente do Núcleo, Sidney Sá.
Um estudo publicado pelo Instituto Evandro Chagas em outubro do ano passado já alertava que, embora Sergipe fosse apontado como o estado brasileiro de maior prevalência de esquistossomose no último levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, o número de municípios executando o Programa de Controle da doença (PCE) decresce desde o ano de 2008.
A inconsistência dos municípios nas ações de enfrentamento definidas pelo Ministério da Saúde, segundo os pesquisadores, somado à subnotificação e ao aumento de casos com alta carga parasitária, compromete os ganhos obtidos no controle da doença. O estudo cita ainda como possíveis justificativas para a piora do quadro epidemiológico a modificação na dinâmica de transmissão da doença em resposta às modificações ambientais provocadas pelo homem e a descentralização do PCE. “Em nenhum ano foi atingida a meta de 80% de cobertura de tratamento definida pelo Programa”, diz a publicação.O Núcleo de Endemias deve se reunir nos próximos dias com os gestores municipais para tratar do programa de prevenção e controle da esquistossomose e orientar um trabalho integrado entre a saúde municipal e as diversas áreas e pastas que têm relação com a doença como meio ambiente, educação e saneamento. “Somente quando houver um trabalho integrado de controle do vetor é que poderemos enfrentar a doença com maior eficiência”, afirma Sidney.
A doença
A esquistossomose é uma infecção adquirida quando as pessoas entram em contato com água doce infectada. Os caramujos do gênero Biomphalaria são os hospedeiros intermediários do Schistosoma mansoni.
Esses moluscos vivem em água doce de córregos, riachos, valas e açudes onde há pouca correnteza e bastante quantidade de matéria orgânica. Transmitida ao homem, a doença inicialmente assintomática pode evoluir para formas clínicas extremamente graves e levar o paciente a óbito
Para prevenir a doença é preciso evitar tomar banho em coleções de águas doces, como rios, lagos, açudes, valas e canais de irrigação em áreas onde há transmissão da esquistossomose.
O tratamento para os casos simples é domiciliar. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e tratamento cirúrgico.





