As aulas presenciais para alunos da 3ª Série do Ensino Médio foram retomadas nesta terça-feira (17) em Sergipe, com a expectativa de que 21 mil alunos estejam presentes nas 209 escolas que oferecem esse tipo de ensino no estado. O único impasse no momento é que alguns professores da rede se negam a voltar por alegar que não existem protocolos seguros que garantam a saúde dos envolvidos nessa atividade docente.

A autorização do Governo do Estado para a volta às aulas do último ano do Ensino Médio das escolas públicas aconteceu há cerca de um mês, tempo mais que suficiente, segundo a diretora de Educação de Aracaju (DEA), Maria Gilvânia Guimarães dos Santos, para se adequar ao novo normal, com tapetes sanitizantes, tótens de álcool em gel e distanciamento entre as cadeiras.

No Colégio Atheneu Maria Gilvânia Guimarães falou com a imprensa e disse que todas as escolas receberam recursos específicos para equipamentos de proteção individual e coletivo. "Todas as nossas escolas puderam se preparar para este momento de hoje e ela não foi exclusiva de uma gestão, houve um comitê de gestão com representatividade de professores, dos gestores, dos estudantes, dos servidores e das famílias”, afirmou.

A diretora do DEA ainda ressaltou que essa não é uma tarefa fácil, e isso se justifica pela autorização de apenas 10% dos alunos matriculados na rede estadual, que é calculada em cerca de 154 mil alunos, dentro das 306 escolas.

Organização

As salas estão preparadas e higienizadas com álcool em gel e álcool 70%, respectivamente. O distanciamento para cada aluno em seus assentos é de dois metros, como prevêem os órgãos sanitários e a Organização Mundial da Saúde (OMS). As turmas autorizadas ao retorno (3ª Série do Ensino Médio, educação profissional, jovens e adultos das 3ª e 4ª etapas, além do programa pré-universitário) estarão presentes em 50% da capacidade, ocorrendo o revezamento entre os estudantes.

Vale ressaltar que os alunos que não estiverem em aulas presenciais acompanharão as atividades através do ensino remoto, com transmissão ao vivo, direto da sala de aula. “Isso nos confirma que o ensino híbrido passa a ser uma prática. Estamos retornando com as atividades presenciais, mas continuamos com a oferta das atividades escolares não presenciais, inclusive a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) deixou essa decisão para a família. Um termo foi assinado, o qual a família se compromete em dizer que está permitindo, ou autorizando, que o filho retorne de forma presencial, ou ainda, que a família decide pela conclusão do ano letivo 2020 do estudante na modalidade não presencial, sem qualquer prejuízo”, informou a diretora do DEA.

A quadra do Colégio Estadual Djenal Queiroz foi escolhida pelos professores e direção para ser o local onde as aulas seriam retomadas. A unidade de ensino possui duas turmas de Ensino Médio, que farão revezamento diário.

Com um quantitativo adequado, os alunos estão estudando desde as primeiras horas da manhã no local, diferentemente do Colégio Atheneu, onde apenas dois alunos compareceram até às 8h30. “Acho que é um cuidado que a escola tem com os alunos que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”, disse Cézar Henrique Estrelado, diretor do Djenal Queiroz.

Professores

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) enviou ofício ao governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, solicitando que a retomada das aulas presenciais na rede estadual de ensino fosse adiada. No ofício, o Sindicato dos educadores de Sergipe alega que na esmagadora maioria das escolas estaduais não foram realizadas obras estruturais para adequar os prédios escolares às medidas sanitárias editadas pelo próprio Governo de Sergipe.

No ofício, o Sintese ainda afirma que a Secretaria de Estada da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) está transferindo recursos para as escolas municipais para a compra de EPI’s, EPC’s, materiais de limpeza e de higienização, além de pequenas serviços para atender às exigências sanitárias, sem considerar o tamanho do prédio escolar, a quantidade de salas de aulas e a matrícula, o que acarreta a compra insuficiente de materiais. Com isso, alguns professores não vão retornar às salas de aula nesta segunda-feira (17).

“Não se trata de uma greve, se trata de um posicionamento de professores e professoras da Rede Estadual de Ensino de Sergipe que estão conscientes que na esmagadora maioria das escolas não há condições de retorno às aulas presencias. Conscientes de que não podem retomar suas atividades sem que seja feita uma testagem em massa. Professores que sabem que não há como retomar sem que todos os protocolos sejam seguidos, sem que as escolas sejam sanitizadas,  sem que haja executores de serviços gerais para fazer diariamente a higienização necessária da escola para que o Covid 19 não se espalhe. São professores e professoras que estão tomando uma posição por serem conscientes de que aulas podem ser repostas e vidas não”, lembra a presidenta do Sintese, professora Ivonete Cruz.

Apesar desse fator, a diretora do DEA afirmou que respeita a nota do sindicato, mas ela não é considerada ainda como greve ou paralisação, apenas uma recomendação para os professores. “Recebemos uma devolutiva dos diretores de que, diante do pequeno quantitativo de alunos e da preparação que a escola fez, diante do compromisso das famílias e a expectativa que foi gerada com o retorno, muitos professores afirmam que estarão retornando e recebendo presencialmente os alunos com todos os cuidados necessários”. 

 

*Texto ampliado às 10h07