Como a gentileza pode fazer você - e todo mundo - mais feliz
Em 13 de novembro é comemorado o Dia da Gentileza; data existe desde os anos 90 Cotidiano | Por Emerson Esteves* 13/11/2020 22h00“Estava vindo de bike da UFS pela ciclovia, quando perto da Pio X, a corrente caiu e ficou travada e eu não conseguia destravar sozinho, tinha um casal pedindo ajuda no sinal, e eles deixaram de fazer seu ‘corre’ pra me ajudar a destravar a corrente da bike. Tinha gente passando o tempo todo, mas eles foram os únicos que decidiram me ajudar, fiquei surpreso, a ajuda partiu de quem eu menos esperava, pq eles estavam ali tentando ganhar uns trocados”. Esse relato do estudante de história José Denilson Souza Nascimento, de 24 anos, é um excelente exemplo de como um ato gentil de um completo estranho pode interferir de forma positiva no dia-a-dia.
Neste dia 13 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Gentileza. A ideia de criar uma data para o tema surgiu numa conferência em Tóquio, realizada em 1996, a reunir grupos que propagavam o conceito pelo mundo. O movimento foi criado oficialmente em 2000 com a intenção de inspirar pessoas a criar um mundo mais gentil. Exercitar a empatia, ou seja se colocar no lugar do outro, cumprimentar as pessoas com um sorriso: bom dia, boa tarde, ou boa noite, elogiar alguém são alguns exemplos de pequenas ações que podem tornar não apenas o dia de outra pessoa melhor, como o seu idem.
Um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma que: “A felicidade ocorre em um movimento circular: evidência de um ciclo de feedback positivo entre gastos pró-sociais e felicidade”. Ser gentil com outras pessoas pode aumentar momentaneamente a felicidade de alguém que, por sua vez, aumenta a probabilidade dela agir gentilmente em situações subsequentes. Pesquisadores da universidade propõem que a retroalimentação positiva existente entre a felicidade e a gentileza pode funcionar como um mecanismo para a sustentabilidade da felicidade a longo prazo.
E a retroalimentação de uma atitude gentil, o famoso “gentileza gera gentileza” ocorreu com a jornalista Ana Luísa Andrade (22 anos) que, após demonstrar uma ação solidária com uma conhecida, foi surpreendida com um ato de cuidado vindo de outra pessoa. Na ocasião, ela pôde proporcionar um momento de conforto para uma vizinha, com quem só se relacionava via redes sociais.
“Um dia ela falou que estava se sentindo muito triste, que ela tava meio deprimida e coincidentemente nesse dia eu tinha feito um bolo de laranja e ela é vegana. Eu pensei em levar um pedaço de bolo para deixar ela mais pra cima, porque eu tenho essa relação muito forte com a comida, de ser uma forma minha de demonstrar carinho pelas pessoas”, disse Ana Luísa.
“Eu levei o bolo para ela e ela ficou muito feliz, depois me mandou uma mensagem agradecendo muito, dizendo que eu tinha feito total diferença no dia dela, que foi uma coisa muito simples, mas que ela se sente muito querida pelo fato de eu ter levado esse pedaço de bolo para ela e eu fiquei muito feliz também com essa reação. Eu esperava que ela fosse gostar, mas não esperava que fosse fazer essa diferença toda no dia dela e aquilo me deixou extremamente feliz também”, contou ela..
“E é engraçado que sempre dizem isso de gentileza gera gentileza. E eu acho que é muito verdade isso. Porque quando eu estava doente há alguns meses atrás, quando eu tive Covid-19, sem pedir nem nada, outra vizinha minha trouxe sopa pra mim porque sabia que eu tava bem fraca e isso me deixou muito feliz também. Eu me senti muito querida e foi uma coisa totalmente inesperada”, finalizou.
Um artigo publicado na revista estadunidense Science - “Happy people become happier through kindness: A counting kindnesses intervention” ou “Pessoas felizes tornam-se mais felizes através da gentileza: uma intervenção de contagem de gentilezas” em tradução livre - indica que pessoas mais felizes também são mais propensas a agir gentilmente. Nesse estudo, os participantes relataram que uma simples intervenção onde era pedido aos participante ao longo de uma semana resultou em um aumento na felicidade subjetiva do membros do grupo. A gentileza tem o poder de nos tornar mais felizes, tanto momentaneamente quanto a longo prazo, se a praticarmos com as outras pessoas.
Pensar o ser gentil em um mundo cada vez mais polarizado e intolerante com as diferenças - principalmente se pensar no atual contexto político - é um grande desafio. Mas existem casos de atitudes gentis, mesmo com o desconhecido e o diferente, como aconteceu com a estagiária em publicidade Ana Luiza Gomes Oliveira, de 21 anos.
“Semana passada um rapaz me parou na rua para elogiar meu cabelo (porque ele tá azul), e depois começou a falar que no mundo, se a gente for um pouquinho diferente, vai sofrer bastante, mas que não era pra gente absorver nenhuma coisa ruim que falarem. Se a gente tiver a cor, orientação ou qualquer outra coisa diferente, como cabelo colorido ou tatuagem, essas pessoas só vão falar cada vez mais porque na cabeça delas todo mundo tem que ser igual, e se a gente desistir de ser único, eles ganham”, relatau Ana Luiza.
O vídeo aborda de que forma pequenos atos gentis influenciam novos atos gentis.
*Estagiário sob orientação do jornalista Will Rodriguez





