Condições meteorológicas levaram à queda de avião do cantor Gabriel Diniz
Um ano e cinco meses depois, FAB divulga relatório sobre o que provocou acidente
Cotidiano | Por F5 News 30/10/2020 21h31 - Atualizado em 31/10/2020 11h28

As condições meteorológicas adversas favoreceram a queda da aeronave que transportava o cantor Gabriel Diniz, em 27 de maio de 2019. É o que aponta um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado nessa quinta-feira (29). O documento aponta ainda indisciplina de voo por parte do piloto.

O relatório com 47 páginas traz de forma detalhada e técnica informações sobre fatores que contribuíram para o acidente e hipóteses levantadas, mas de acordo com a FAB não é foco do documento "quantificar o grau de contribuição dos fatores contribuintes, incluindo as variáveis que condicionam o desempenho humano, sejam elas individuais, psicossociais ou organizacionais, e que possam ter interagido, propiciando o cenário favorável ao acidente".

Ainda conforme a FAB, o objetivo do trabalho é recomendar o estudo e o estabelecimento de providências de caráter preventivo. "Em nenhum caso tem como objetivo criar uma presunção de culpa ou responsabilidade. Além das recomendações de segurança decorrentes de investigações de ocorrências aeronáuticas, recomendações de segurança podem resultar de diversas fontes, incluindo atividades de prevenção".

O relatório aponta como fatores contribuintes: 

Atitude; Condições meteorológicas adversas; Indisciplina de voo; Julgamento de pilotagem; Planejamento de voo; Processo decisório 

Segundo o relatório a aeronave decolou do Aeródromo Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador (BA), com destino ao Aeroclube de Alagoas, em Maceió (AL), às 13h58min, sob Regras de Voo Visual (VFR), a fim de transportar pessoal, com um piloto e dois passageiros a bordo.

"Cerca de uma hora e vinte minutos após a decolagem, durante o voo em rota, sob condições meteorológicas adversas, quando a aeronave se encontrava a, aproximadamente, 30nm a sudoeste do Aeródromo Santa Maria, Aracaju (SE), houve perda do contato rádio com o Controle de Aproximação de Aracaju (APP-AR). Na sequência, houve desprendimento de componentes da aeronave em voo, seguindo-se da queda da aeronave e a morte dos tripulantes. Posteriormente, os destroços do avião foram localizados em uma área de manguezal no povoado de Porto do Mato, Estância, SE".

Segundo o Cenipa, o piloto possuía a licença PPR (para exercer a atividade de Piloto Privado de Avião) e estava com a habilitação MNTE (específica para alguns típos de aeronaves) válida, mas não possuía a habilitação IFRA (para voo por instrumentos em avião). Nesse sentido, o piloto estava qualificado para realizar o voo em rota em condições estritamente visuais. 

O documento aponta também que a aeronave, fabricada em 1974, não estava equipada com radar meteorológico e não era certificada para voar sob Regras de Voo por Instrumentos (IFR), sendo autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a operar em Condições de Voo Visual (VMC).

"Diante dos fatos apresentados, pode-se afirmar que a aeronave atravessou uma região sob a influência de turbulência e de precipitações de intensidade moderada a forte que, associadas a nuvens TCU, restringiram a visibilidade e provocaram instabilidade. Em dado momento, a aeronave teria se desestabilizado pela ação de correntes de ar ascendentes e descendentes", consta no relatório.

O relatório diz ainda que a atitude do piloto "de não considerar os procedimentos previstos para se manter em condições de voo visuais concorreu para a exposição da aeronave a elevado risco de acidente". 

Relembre
O cantor Gabriel Diniz e os pilotos Linaldo Xavier e Abraão Farias morreram em um acidente aéreo no dia 27 de maio de 2019. A aeronave de pequeno porte caiu em uma região de manguezal e mata fechada no povoado Porto do Mato, em Estância, no Sul de Sergipe. 

Na época, a tragédia mobilizou moradores da região, que auxiliaram o Corpo de Bombeiros e o Grupamento Tático Aéreo nas buscas pelas vítimas. O monomotor modelo Piper Cherokee, fabricado em 1974 e com capacidade para quatro pessoas, estava no nome do Aeroclube de Alagoas e só tinha autorização para voos de instrução. O transporte aéreo seguia de Salvador (BA) com destino a Maceió (AL).


 

Edição de texto: Monica Pintosh
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